Tenho me detido
na palavra transformação nesses últimos meses e cada vez mais percebo o quanto
ela estava presente na pregação de Jesus e da igreja primitiva naqueles dias.
Seja de forma explícita ou implícita, essa palavra desponta como parte
essencial da mensagem cristã nos dois primeiros séculos de nossa era.
Entendemos que transformação no ensino bíblico significa não apenas um
conceito que nos leva a pensar ou raciocinar sobre as mudanças necessárias que
poderíamos fazer em nosso ambiente ou vida, mas transformação tem muito mais a
ver com alterar um estado de coisas. Ou seja, transformar é, por exemplo, tirar
um indivíduo de um estado deplorável de pobreza e miséria e elevá-lo a um
estado de dignidade pessoal e de auto-sustentabilidade.
Transformar, portanto, é mudar a vida de alguém ou de uma sociedade, no
que diz respeito ao seu status. Com
isso não me refiro a meras questões de posição social ou familiar, refiro-me ao
estado interior (não visível) e exterior (visível) de uma pessoa.
Transformar não é somente mudar um indivíduo de lugar, mas também dar a
ele condições para que jamais retorne ao seu estado anterior de destruição, de
medo, de profundas necessidades e de falta de oportunidades e esperança.
Transformar é alterar a perspectiva de vida e de futuro das pessoas.
Sei que muitos estão envolvidos constantemente em importantes projetos
sociais dos mais diversos com o intuito de melhorar a vida das pessoas carentes
e sofridas de nosso país. Mas também acredito que a maioria desses projetos não
alcança seus objetivos porque sua visão e metodologia estão de certa forma indo
em outra direção.
Quando vejo algumas ações como bolsas para isso, bolsas para aquilo,
gratuidades para esses ou aqueles, com objetivo de reduzir a pobreza em áreas
consideradas críticas no Brasil, percebo que o projeto é muito bom, é benéfico
para o povo, mas carece de um método de auto-desenvolvimento. Não sou crítico
de governos, oro por eles, porém não posso deixar de notar que certas ações não
produzem o efeito esperado.
Ainda não se mediu o efeito e nem o prejuízo social causado por oferecer
às pessoas mais necessitadas auxílios dos mais diversos sem, contudo, dar a
elas as condições para saírem dessa dependência do Estado. Ao assumirmos uma
postura paternalista-socialista, por considerarmos o grande mal que o
capitalismo ocidental impõe às pessoas, certamente estamos reduzindo um
indivíduo que deveria ter condições de explorar seu potencial pessoal para sua
própria prosperidade a um ser dependente de migalhas e de esmolas que caem das
mesas dos seus benfeitores.
Posso discorrer sobre diversos assuntos relacionados, mas acredito que os
leitores já captaram a idéia. Fazer assistência social é uma coisa, fazer
assistencialismo é outra. Há uma grande diferença, tanto no conceito quanto na
metodologia empregada.
Transformação é algo bem diferente!
Por Carlos
Carvalho
Pr.
Sênior da Comunidade Batista Bíblica Internacional
Presidente
da ONG ABAN