REGISTROS CRONOLÓGICOS ANTIGOS (Parte 4)
David C. C. Watson
ICR Midwest
Center, 207 North Washington. Wheaton. Illinois 60187. USA.
Mostra-se neste artigo que não só as Escrituras, mas
também as obras dos escritores pagãos da antiguidade, apontam para um mundo
recente, originado há não mais de poucos milhares de anos. Muitas citações são
aduzidas para comprovar essa afirmação. Os antigos também não criam em evolução
ao acaso, mas sim, em sua maior parte, na fixidez das espécies, e, em
praticamente em sua totalidade, no resultado de um planejamento inteligente no
mundo ao nosso redor.
Josefo
Flávio Josefo, historiador judeu, foi contemporâneo de
Juvenal. Escreve ele com relação ao dilúvio:
Todos os que escreveram a
história dos bárbaros fazem menção deste dilúvio e desta arca; dentre eles
encontra-se o caldeu Beroso, que ao descrever as circunstâncias do dilúvio
acrescenta o seguinte: “Diz-se que ainda existem partes desse navio nas
montanhas da Armênia, e que algumas pessoas retiram dele pedaços de betume”
... Jerônimo, o egípcio, também, e Mnaseas, e muitos outros, mencionam o
mesmo. Nicolau de Damasco em seu livro nonagésimo sexto declara o seguinte:
“Há um grande monte na Armênia ... sobre o qual se conta que muitos que
fugiram, no tempo do dilúvio foram salvos; em cujo topo desembarcou um
personagem que havia sido transportado em uma arca; e os restos do madeiramento
da arca forampreservados por muito tempo. Este bem poderia ser a pessoa a
respeito de quem escreveu Moisés, o legislador dos judeus.” (5)
Com relação à longevidade dos patriarcas mencionados nos
capítulos 5 e 11 do livro de Gênesis, Josefo evidentemente se contrapõe à
eventual incredulidade de seus leitores acrescentando:
... “o tempo se encontra
registrado em nossos livros sagrados, e os que então viveram anotaram com
grande precisão tanto os nascimentos como as mortes dos homens ilustres” (6).
E ainda ...
Tenho agora, por testemunhas
daquilo que tenho dito, todos os que têm escrito sobre a História Antiga, tanto
entre os gregos como entre os bárbaros; pois concordam com o que eu disse aqui
até mesmo Manéton que escreveu a História Egípcia, Béroso que reuniu os
Monumentos Caldeus, bem como Mochus e Hestiaeus, e também Jerônimo, o Egípcio,
e os que compuseram a História Fenícia. Também relatam a longevidade quase
milenar dos antigos, Hesíodo, Hecateu, Helânico e Acusilau, além de Éforo e
Nicolau.
Comentário
1 - De fato é sempre possível acusar uma dúzia de
historiadores, amplamente espalhados pelo Oriente Próximo, de terem copiado a
mesma gigantesca mentira de algum documento isolado, porém muitos acharão mais
provável que a longevidade dos patriarcas foi um fato bem conhecido dos filhos
de Noé, transmitido a seus descendentes ao se dispersarem, tornando-se os
progenitores das diferentes raças humanas.
2 - O fato de que, “todos os que têm escrito as histórias
dos bárbaros” mencionam o dilúvio, concorre fortemente a favor do ponto de
vista de que ele tenha ocorrido no terceiro milênio e não incontáveis milênios
antes.
Tácito (55-120 a.C.) foi o mais célebre historiador do
Império Romano na sua época. Em seu livro “Germânia” cita sessenta e
três tribos germânicas, registra suas lendas e comenta a respeito de seus
costumes e de sua moral. São de interesse os três pontos particulares
seguintes:
a) As tribos apontam sua origem divina
“Nos cânticos tradicionais que
formam o seu único registro do passado, os germanos celebram um deus nascido da
terra, chamado Tuisto. Seu filho Mano é considerado como a fonte de sua raça
...”
b) Sua história inicia-se com a Guerra de Tróia ou poucos
séculos antes
“Os germanos, como muitos outros
povos, dizem ter sido visitados por Hércules, e cantam dele como o mais
conspícuo de todos os heróis, ao se prepararem para a guerra. Supõem alguns que
Ulisses tivesse visitado terras germânicas, tendo fundado a cidade de Asburgo,
às margens do Reno, até hoje ainda habitada”.
3 -Algumas tribos eram civilizadas, enquanto outras, na
mesma época, eram bárbaras e selvagens
“Os chauci são o mais nobre
povo da Germânia, preferindo manter sua grandeza através de procedimentos
justos. Não atingidos pela avareza nem por ambição desmesurada, habitam em
calma reclusão, jamais provocando guerra, nem roubando ou pilhando seus
vizinhos ...”
“Seu código nupcial é restrito,
nenhum outro aspecto de sua moralidade merecendo maior louvor”.
“Os Fenos são incrivelmente
selvagens e revoltantemente pobres. Não têm armas próprias, nem montarias, nem
casas. Alimentam-se de folhagens silvestres, vestem-se de peles, e dormem sobre
o chão ... a única maneira que têm de proteger seus filhos contra animais
selvagens é escondê-los debaixo de uma cobertura improvisada de ramos
entrelaçados ...”
Novamente esses fatos adaptam-se muito bem à cronologia
bíblica pós-dilúvio e à rápida dispersão das raças após a torre de Babel. Esses
fatos não parecem concordar com a hipótese da lenta emergência da humanidade a
partir de um ancestral animal, através de homens da caverna ao longo de milhões
de anos.
Lucrécio
Nossa última testemunha, embora de forma alguma a menos
importante, é Lucrécio (100-45 a.C.), poeta romano, ardente discípulo de
Epicuro, o fundador da escola filosófica epicurista.
Há questão de um século, quando o Darwinismo constituía o
maior espetáculo mundial, os evolucionistas começaram a perscrutar os autores
clássicos visando encontrar algum apoio para a nova onda a respeito da origem
do homem. Muito pouco pôde ser achado, porém Lucrécio pareceu constituir um
candidato promissor, devido à sua negação tanto de toda interferência divina,
como da vida após a morte. Andrew White refere-se a ele uma dúzia de vezes na “História
da Guerra entre a Ciência e a Religião” (1896) e mesmo há oito anos Sir
Gavin de Beer achou valer a pena citar Lucrécio para trazer peso aos seus
argumentos contra o propósito na natureza: “O acaso era exatamente o que Lucrécio
invocava para explicar os organismos vivos” (Adaptation, 1972,
página 2)
Lamentavelmente, porém, o poeta deixava de invocar também o
tempo, tempo sem limite, juntamente com o acaso; e será fácil demonstrar que a
visão que Lucrécio tinha da origem do mundo concorda muito melhor com o relato
bíblico, Deus á parte, do que com a visão de Darwin. Seguem-se algumas citações
do seu Livro V:
1 - Por que nenhum poeta cantou os feitos anteriores à
Guerra de Tebas e à tragédia de Tróia (1100 a.C.)? A resposta, creio, é que o
mundo foi feito recentemente: sua origem é um acontecimento recente, e não de
remota antiguidade. Por isso é que ainda hoje algumas artes estão sendo
aperfeiçoadas ...
2 - Acontece então que a terra produziu os primeiros
mamíferos ... não é surpreendente que se desenvolvessem mais e maiores naqueles
dias em que a terra e a atmosfera eram jovens.
3 - Havia grande superfluidez de calor e umidade no solo
... a infância do mundo não provocava fortes geadas, nem calor excessivo, nem
ventos violentos.
4 - ... nunca houve nem jamais poderá haver criaturas com
dupla natureza, combinando órgãos de origem distinta no mesmo corpo ...
5 - Os animais não podem ter caído dos céus, e os que
vivem sobre a terra não podem ter emergido dos mares salgados ...
6 - O nome de “mãe” foi corretamente aposto à Terra, pois
ela produziu a raça humana e fez nascer a todos os animais ... e ao mesmo tempo
as aves do ar ...
Se fosse sugerido a Lucrécio que a raça humana havia
evoluído de ancestrais simiescos, ele ter-se-ia rido. A única evolução
postulada por ele é a do homem primitivo ao homem civilizado, e dentro de
alguns poucos milênios.
7 - As variedades de ervas, cereais e árvores não podem
ser produzidas nessa forma composta: cada tipo se desenvolve de acordo com sua
própria espécie, todos guardando seus característicos específicos próprios em obediência
às leis da natureza.
8 - Outra lenda conta como as águas certa vez juntaram
suas forças e começaram a prevalecer, até que muitas cidades dos homens foram
afogadas sob esse dilúvio.
Assim, há milhares de anos Lucrécio, um filósofo ateu cujo
propósito impelente era livrar o mundo da “superstição” pelo ensino da “ciência”,
acreditava em:
a - Uma Terra recente
b - Mais e maiores animais nos tempos pré-históricos
(recentes)
c - Clima original ideal
d - Não existência de criaturas híbridas
e - Terra não conquistada pelas criaturas do mar
f - Origem simultânea de todas as criaturas com o homem
g - Fixidez das espécies
h - Um dilúvio gigantesco
E esse é o melhor apoio que pode ser encontrado no seio dos
filósofos do mundo antigo pelos partidários da teoria da evolução!
Lenda Babilônica
À guisa de “postscriptum” lançaremos uma olhadela na
versão babilônica do dilúvio -em tabletes de argila considerados não anteriores
a 2000 a.C. Se o dilúvio teve lugar, como alguns estudiosos afirmam, pelo menos
há três mil anos antes de Abraão (2000 a.C.), como poderia sua história ter
sobrevivido por tradição oral ao longo de uma centena de gerações? Observe-se
também que o ideograma chinês que representa navio compõe-se do número oito
acrescido de bocas, que sugere fortemente Noé e sua família na arca. Isto está
bem de acordo com o fato de que a escrita chinesa mais antiga data
aproximadamente de 2200 a.C., provavelmente um século ou dois após o dilúvio. E
não está de acordo, de maneira nenhuma, com a ideia de que a escrita só foi
inventada depois de milhares de anos após o dilúvio, época em que centenas de
outras histórias relacionadas com navios ter-se-iam tornado muito mais
conhecidas do que a história de Noé.
Continua...
Carlos Carvalho
Não Sou Ateu, Brasil