segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Religião & Ciência


Religião & Ciência



"Nunca poderá haver um real antagonismo entre religião e ciência, porque uma é o complemento da outra.


A religião e a ciência natural estão lutando juntas numa cruzada sem trégua contra o ceticismo e o dogmatismo, contra a descrença e a superstição, e, assim, a favor de Deus!.


Deus é um matemático de altíssima categoria, que usou matemática avançada para construir o universo".



Max Planck

Físico alemão. É considerado o pai da física quântica e um dos físicos mais importantes do século XX. Planck foi laureado com o Nobel de Física de 1918, por suas contribuições na área da física quântica.


quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

OArgumento de Leibniz 3


O Argumento de Leibniz 3



Segunda Premissa

Se o universo tem uma explicação para existir essa explicação é Deus.

Os defensores do ateísmo concordam com a segunda premissa E quanto à segunda premissa, que afirma que se explicação para existir essa explicação é Deus? Em termos plausíveis, ela é mais verdadeira ou falsa?

O que mais causa estranheza para os defensores do ateísmo a essa altura é que a segunda premissa é logicamente equivalente à típica resposta ateísta ao argumento de Leibniz. Dois enunciados são logicamente equivalentes se for impossível um deles ser verdadeiro e o outro falso. Ou ambos se sustentam ou ambos caem por terra. Então, o que um ateísta quase sempre diz em resposta ao argumento de Leibniz? Como acabamos de ver, ele tipicamente afirma o seguinte

  1. Se o ateísmo é verdadeiro, o universo não tem uma explicação para existir.

Essa é precisamente a resposta dos ateístas à primeira premissa. Para eles o universo apenas existe de forma inexplicável. Mas isso equivale logicamente a dizer:



  1. Se o universo tem uma explicação para existir, então o ateísmo não é verdadeiro.

Portanto, não se pode afirmar A e negar B.  Mas B é praticamente um sinônimo da segunda premissa! (Compare os dois enunciados). Assim, ao dizer em resposta à primeira premissa que, dado o ateísmo, o universo não tem explicação, os ateístas estão implicitamente admitindo a segunda premissa, ou seja, se o universo tem uma explicação para existir, então Deus existe.

Outro argumento em favor da segunda premissa: “A causa do universo: um objeto abstrato ou uma mente sem corpo físico?”

Além disso, a segunda premissa é muito plausível em seus próprios termos. Pense no que é o universo: toda realidade tempo-espaço, inclusive toda matéria e energia. Segue-se que se o universo tem uma causa de existência, essa causa deve ser um ser não físico, imaterial.

Ora, existem somente duas coisas que se encaixam nessa descrição: um objeto abstrato, como um número, ou uma mente sem corpo físico. Porém, objetos abstratos não podem ser causa de nada. Isso faz parte do que significa ser abstrato. O número 7, por exemplo, não pode causar nenhum efeito. Logo, a causa da existência do universo deve ser uma mente transcendente, e é isso que os cristãos e n t e n d e m por Deus.

Espero que esteja começando a captar a força do argumento de Leibniz. Se bem-sucedido, este argumento prova a existência de um Criador pessoal do universo, um Criador necessário, não causado acima do tempo e do espaço e imaterial. Não estou me referindo a alguma entidade mal concebida, como um ser extraterrestre, mas de um ser ultramundano e que possui as muitas propriedades tradicionais de Deus. Isso é verdadeiramente fascinante!


Alternativa ateísta: “O universo existe necessariamente!”

(Continua...)

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O Argumento de Leibniz 2

O Argumento de Leibniz 2

Primeira Premissa
Tudo que existe tem uma explicação para existir.

Uma objeção à primeira premissa: “Deus deve ter uma explicação para sua existência”

Em princípio, a primeira premissa pode parecer vulnerável de um modo bem evidente.  E tudo que existe tem uma explicação para existir, e Deus existe, logo Deus deve ter uma explicação para sua existência! Mas isso parece estar fora de questão, pois a explicação para a existência de Deus exigiria a explicação da existência de outro ser maior do que Deus. Uma vez que isso e impossível, a primeira premissa deve ser falsa. 

Algumas coisas devem ser capazes de existir sem que haja qualquer explicação para isso. Um cristão diria que Deus existe de forma inexplicável. O ateu diria: “Por que não para o universo? O universo simplesmente existe, de forma inexplicável”. Com isso, parece que chegamos a um beco sem saída.

Resposta à objeção anterior: “Certas coisas existem necessariamente”

Vamos mais devagar! Essa evidente objeção a primeira premissa se baseia em uma compreensão equivocada do que Leibniz quis dizer por “explicação”. Na visão dele existem duas classes de coisas: (a) as que existem necessariamente e (b) as que são geradas por alguma causa externa. Vou explicá-las.

(a) As coisas que existem necessariamente existem por uma imposição ou necessidade de sua própria natureza. Para elas é impossível não existir. Muitos matemáticos acreditam que os números, os conjuntos e outros entes da matemática pertencem a essa classe de coisas. Eles não são causados por outra coisa; apenas existem pela necessidade de sua própria natureza.

(b) Por contraste, as coisas que têm sua existência causada por outra não existem necessariamente. Elas existem porque algo além delas as gerou. Objetos físicos conhecidos, como as pessoas, os planetas e as galáxias pertencem a essa categoria de coisas.

Portanto, quando Leibniz diz que tudo que existe tem uma explicação para existir, essa explicação pode se encontrar ou em uma necessidade da natureza da própria coisa ou em alguma causa externa. Assim, a primeira premissa poderia ser expressa de forma mais completa da seguinte maneira:

1. Tudo que existe tem uma explicação para existir, seja essa explicação uma necessidade da própria natureza da coisa ou uma causa externa.

Mas com isso a objeção acima cai por terra. A explicação para a existência de Deus se encontra na necessidade da própria natureza de Deus. Como até um ateu reconhece, é impossível que Deus tenha uma causa. Logo, o argumento de Leibniz é na verdade um argumento em favor de Deus como um ser necessário, não causado.

Longe de diminuir o argumento de Leibniz, a objeção ateísta a primeira premissa na verdade ajuda a esclarecer e engrandecer quem Deus é! Se Deus existe, ele é um ser que necessariamente existe, que não é causado.

Defesa da primeira premissa: “Tamanho não importa”

Então, que razão podemos oferecer para alguém pensar que a primeira premissa é verdadeira? Bem, quando você começa a refletir sobre essa premissa, percebe que ela é uma espécie de premissa evidente em si mesma. Suponha que você esteja atravessando uma floresta e se depare com uma bola translúcida bem no meio da floresta.

Sua reação natural seria se perguntar como aquilo foi parar ali. Se alguém que estivesse com você dissesse, “Ora, isso apenas existe, não tem uma explicação. Não se preocupe com isso!”, você pensaria uma dessas duas coisas: que essa pessoa estava maluca ou que só estava querendo seguir em frente. Ninguém levaria a sério a sugestão de que aquela bola existia e estava lá sem nenhuma explicação, literalmente.

Suponha agora que você aumente o tamanho dessa bola e ela passe a ser do tamanho de um carro. Isso não mudaria em nada a exigência de uma explicação para ela. Suponha que ela seja do tamanho de uma casa. Continua havendo a mesma necessidade de explicação. Ou que ela seja do tamanho de um continente ou de um planeta. A mesma coisa. Suponha que ela seja do tamanho do universo inteiro. A necessidade de explicação continua. Meramente aumentar o tamanho da bola não afeta em nada a necessidade de uma explicação.

A falácia do táxi

As vezes os defensores do ateísmo dirão que a primeira premissa é verdadeira para tudo que esteja no universo, mas não acerca do universo em si. Tudo o que existe no universo tem uma explicação, mas o próprio universo não tem.

Contudo, essa explicação comete algo que tem sido chamado de “falácia do táxi”. Como costumava dizer com sarcasmo Arthur Schopenhauer, filosofo ateu do século XIX, a primeira premissa não pode ser dispensada com um aceno de mão, como se dispensa um táxi depois que se chega ao destino desejado! Não se pode dizer que tudo tem uma explicação para existir e, de repente, tirar o universo fora disso. Seria uma atitude arbitraria da parte do ateu se ele alegasse que o universo é uma exceção à regra (lembre-se que o próprio Leibniz não fez de Deus uma exceção à regra da primeira premissa).

A ilustração que demos acima com a bola na floresta mostrou que o simples fato de aumentar o tamanho do objeto a ser explicado, mesmo que ele chegue ao tamanho do universo inteiro, não anula a necessidade de haver alguma explicação para a sua existência.

Observe ainda o quanto essa resposta do ateísmo não é cientifica. Pois a própria cosmologia (estudo do universo) atual se dedica a busca de uma explicação para a existência do universo. A atitude ateísta mutilaria a ciência.

Outra falácia ateísta: “E impossível que o universo tenha uma explicação”

Assim, alguns defensores do ateísmo tentaram arrumar uma justificativa para fazer do universo uma exceção à primeira premissa. Eles disseram que é impossível que o universo tenha uma explicação para sua existência. Por quê? Porque essa explicação teria que ser um estado de coisas anterior no qual o universo ainda não existia. Mas isso seria o nada, e o nada não pode ser a explicação de algo que existe. Assim, o universo deve somente existir, de forma inexplicável.

Essa linha de raciocínio é uma evidente falácia. Pois ela assume que o universo seja tudo o que existe, de modo que se o universo não existisse, haveria o nada. Em outras palavras, a objeção presume que o ateísmo seja verdade! Os ateístas, portanto, estão cometendo uma repetição de principio, argumentando em círculos.

Leibniz concordaria com a colocação de que a explicação do universo deve estar em um estado de coisas anterior à existência do universo. Mas esse estado de coisas anterior é Deus e sua vontade, e não o nada. 

Parece-me, portanto, que a primeira premissa, em termos plausíveis, é mais verdadeira do que falsa, e isso é tudo que precisamos para um bom argumento.

(Continua...)


Willian Lane Craig

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

O Argumento de Leibniz - 1


O argumento de Leibniz

Gottfried Wilheim Leibniz (1646 - 1716) foi um filósofo alemão, que também era matemático e especialista em lógica alemã. Ele inventou o cálculo diferencial e integral mais ou menos na mesma época em que Isaac Newton. Na verdade, ele passou os últimos cinco anos de vida se defendendo da acusação de que ele havia roubado e publicado as ideias de Newton. Hoje é consenso entre a maioria dos historiados que Leibniz de fato inventou o cálculo de forma independente.

Podemos reduzir o pensamento de Leibniz à forma de um simples argumento. Isso traz a vantagem de deixar a sua lógica bem clara e voltar nossa atenção para os passos cruciais de seu raciocínio. Também deixa seu argumento bem fácil de memorizar para que depois possamos compartilhá-lo com outras pessoas. O raciocínio de Leibniz possui três premissas:

1. Tudo que existe tem uma explicação para existir.
2. Se o universo tem uma explicação para existir essa explicação é Deus.
3. O universo existe.

É isso aí! Ora, o que se segue logicamente dessas três premissas? Bem, vejamos a primeira e a terceira premissa. (Peço que as leia em voz alta, se isso de alguma forma ajudar). 5e tudo que existe tem uma explicação para existir e o universo existe, então, logicamente segue-se que:

4. O universo tem uma explicação para existir.

Observe agora que a segunda premissa diz que se o universo tem uma explicação para existir essa explicação é Deus. E a quarta premissa diz que universo de fato tem uma explicação para existir. Então, da segunda e quarta premissas segue-se logicamente que:

5. Portanto, a explicação da existência do universo é Deus.

Ora, esse é um argumento logicamente hermético, incontestável. Equivale a dizer que se as três premissas são verdadeiras, a conclusão é inevitável. Pouco importa se um ateu ou um agnóstico não goste dessa conclusão. Pouco importa se ele tiver outras objeções à existência de Deus. Contanto que ele admita as premissas, ele terá que aceitar a conclusão. Assim, se ele quiser refutar a conclusão, terá que dizer que uma das três premissas é falsa. Mas qual delas ele refutará? A terceira premissa é inegável para qualquer um que esteja sinceramente em busca da verdade. É obvio que o universo existe! Logo, o ateu terá que negar a primeira ou a segunda premissa, se pretende continuar sendo ateu e racional.
Portanto, a questão toda se resume a isso: A primeira e a segunda premissa são verdadeiras ou falsas? Vamos dar uma olhadinha nelas.
(Continua...)

Willian Lane Craig

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Uma Falácia Ateísta


UMA FALÁCIA ATEÍSTA


Uma falácia ateísta diz que: “E impossível que o universo tenha uma explicação” Assim, alguns defensores do ateísmo tentaram arrumar uma justificativa para fazer do universo uma exceção. Eles disseram que é impossível que o universo tenha uma explicação para sua existência. Por quê? Porque essa explicação teria que ser um estado de coisas anterior no qual o universo ainda não existia. Mas isso seria o nada, e o nada não pode ser a explicação de algo que existe.

Assim, o universo deve somente existir, de forma inexplicável. Essa linha de raciocínio é uma evidente falácia. Pois ela assume que o universo seja tudo o que existe, de modo que se o universo não existisse, haveria o nada. Em outras palavras, a objeção presume que o ateísmo seja verdade! Os ateístas, portanto, estão cometendo uma repetição de princípio, argumentando em círculos.

Leibniz concordaria com a colocação de que a explicação do universo deve estar em tal estado de coisas anterior à existência do universo. Mas esse estado de coisas anterior é Deus e sua vontade, e não o nada. Parece-me, portanto, que a  premissa de Deus como causa da existência do universo, em termos plausíveis, é mais verdadeira do que falsa, e isso é um bom argumento.


Willian Lane Craig

Em Guarda. Porque as coisas existem? p.59-73, 2011.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A Vida em Teoria de Stephen Hawking


A VIDA EM TEORIA DE STEPHEN HAWKING

Recente filme sobre a vida do famoso cientista britânico Stephen Hawking suscitou uma interessante análise que foi publicada no nº 324 da revista Ciência Hoje publicado em maio de 2015. Nessa análise, o pesquisador brasileiro Prof. Felipe Tovar Falciano, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, ressalta que o filme, intitulado “A teoria de tudo” dá mais destaque à biografia do físico britânico do que à sua busca por uma equação capaz de explicar todos os fenômenos da natureza. Julgamos de interesse para nossos leitores o conhecimento dessas considerações, pelo que transcrevemos a seguir o texto publicado naquela importante revista de divulgação científica.

O filme A teoria de tudo” tem como enredo principal a vida do físico britânico Stephen Hawking. Hawking é conhecido não só por seus trabalhos em cosmologia e física de buracos negros, mas também por sua doença, que acabou por colocá-lo dentro de um estereótipo de gênio com cérebro brilhante em condições físicas limitadas.

O título do filme é uma menção direta à ideia das chamadas “teorias finais”, as quais seriam capazes de explicar todos os fenômenos da natureza com um único formalismo. A afeição de Hawking por esta ideia aparece no filme, por exemplo, quando ele faz uma pergunta retórica a Dennis Sciama, seu orientador de doutorado: “não seria bom se houvesse uma simples equação que pudesse explicar tudo?” Mas infelizmente, até o momento, as teorias de unificação são apenas um pote de ouro no fim do arco-íris.

É verdade que na Física moderna encontramos exemplos de unificação entre teorias outrora independentes. O próprio eletromagnetismo é em si a unificação dos fenômenos elétricos e magnéticos que, antes do século 19, eram entendidos como manifestações independentes. Outro exemplo é a “teoria eletrofraca” – com validade para altas energias – que unifica o eletromagnetismo e as interações nucleares fracas (responsáveis pelo decaimento radiativo).

Podemos apontar pelo menos três contribuições de peso acertadamente salientadas no filme. Hawking contribuiu de modo significativo no desenvolvimento dos teoremas de singularidade aplicados à cosmologia, fez a proposta pioneira de que buracos negros emitem radiação térmica (hoje chamada de “radiação Hawking”) e publicou trabalhos relevantes na área de cosmologia quântica, área fenomenológica que descreve o passado remoto do universo e na qual a gravitação é uma interação quântica.

Essa aspiração pela “teoria de tudo” se afina, embora não tenha nenhuma relação direta, com a explícita postura cética do cientista ateu. Em um dos momentos finais do filme, Jane, sua então mulher, lê uma passagem do livro Uma breve história do tempo” em que Hawking parece rever sua postura de cético ateu. Ela pergunta com ar de surpresa se ele passou a reconhecer a presença divina. A cena é bem construída e pode deixar dúvidas pelas reticências de Hawking, mas seu silêncio provavelmente é apenas mais uma amostra de seu respeito e carinho por Jane.

Apesar do título escolhido, o filme não desenvolve o assunto de “teorias de unificação”. A trama tem um enfoque pessoal, centrado nas relações e nos desdobramentos da vida do casal. A história foi inspirada no livro Travelling to infinity: my life with Stephen, escrito por Jane, o que nos permite reinterpretar o título como as visões e lembranças (a teoria) dos fatos e acontecimentos (de tudo) na vida de Jane e Hawking.

Para os amantes de ciência, é inevitável a atração por assistir “A teoria de tudo”. Por isso, vale ressaltar que há pouca informação sobre os trabalhos de Hawking no filme. Alguns diálogos são inteligentes e sarcásticos, como a explicação de Hawking sobre o que é cosmologia. O leitor não deve esperar um filme melodramático; ao contrário, existe não só um tempero refinado e bem equilibrado, com pitadas de humor, delicadeza, demonstrações de estima e respeito mútuo, mas também a narrativa da difícil luta contra uma doença avassaladora.

O retrato caricato da vida acadêmica não é muito original e tem, como sempre, mitificações e endeusamentos, embora não prejudiquem o bom andar da história. E como a abordagem dos temas científicos é escassa, fora um detalhe ou outro, não há qualquer ressalva quanto aos conceitos descritos no filme. Contudo, é praticamente impossível abordarmos temas como buracos negros, início do universo e natureza do tempo sem aflorar o interesse até dos mais apáticos. Assim, me vejo absorvido pelo desejo de comentar os assuntos relacionados aos três trabalhos mais famosos de Hawking, mesmo que brevemente.

O modelo padrão da cosmologia descreve um Universo em expansão a partir de um estado extremamente quente e denso no passado. A expansão cuida de esfriá-lo e sua densidade diminui com o passar do tempo. Porém, ao olharmos para o passado, deve ter havido um momento em que a temperatura e a densidade do Universo se tornaram infinitas, o que chamamos de “singularidade inicial do modelo” – erroneamente, essa singularidade chegou a ser interpretada como o início do Universo.

Na ciência, os modelos são simplificações necessárias para descrever as propriedades mais relevantes de um sistema. Assim, cogitou-se que essa singularidade fosse apenas um problema da simplificação usada no modelo cosmológico. A contribuição dos teoremas de singularidade foi mostrar que a presença da singularidade inicial do modelo cosmológico é uma propriedade genérica. Em condições pouco restritivas, a singularidade deve estar presente em todos os modelos cosmológicos.

Um buraco negro é um objeto astrofísico que tem um horizonte de eventos. Esse horizonte atua como uma membrana que só deixa passar em uma direção (entrando no buraco negro). Nada pode escapar dessa região, nem mesmo a luz, e, por isso, o nome buraco negro. A novidade proposta por Hawking foi que, ao interagir com campos quânticos, os buracos negros podem emitir uma radiação térmica cuja temperatura depende do inverso da massa do buraco negro – ou seja, quanto menor a massa de um buraco negro, mais rapidamente ele evaporaria. Esse trabalho inovador serviu de base para novas linhas de pesquisa – por exemplo, a analogia entre as propriedades dos buracos negros e as leis da termodinâmica.

Por fim, a cosmologia quântica foi uma das áreas extremamente influenciadas por Hawking. Esse campo de pesquisa descreve modelos de universo em uma fase em que efeitos de gravitação quântica seriam dominantes.

No filme, Hawking menciona que não há fronteiras para a diligência humana (“there are no boundaries to human endeavor”). Tal citação se conecta com uma proposta feita pelo cosmólogo em que o Universo seria descrito por um estado sem condições de contorno (boundary). Essa é uma ideia elegante que pretende evitar o problema da arbitrariedade das condições iniciais em cosmologia. Entretanto, a ideia de Hawking acaba por ser apenas uma nova proposta de condição inicial do Universo.


Extraído.

Boletim SCB. Ano III, n.36, junho de 2015, ps. 21-24.
Carlos Carvalho
Pesquisador autônomo

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O modelo=padrão para a origem do universo está correto?


O modelo-padrão para a origem do universo está correto?

Afinal, esse modelo está correto ou, o que é mais importante, ele está correto em prever uma origem do universo? Já descobrimos que o desvio da luz vermelha vinda de galáxias distantes fornece uma forte evidência do big bang. Além disso, a melhor explicação para a abundância de certos elementos no universo, como o hélio, está na tese de que eles foram formados em um denso e quente bing bang.

Por fim, a melhor explicação para a descoberta, feita em 1965, de um background cósmico de micro-ondas de radiação é considerá-lo como um vestígio do big bang. No entanto, o modelo-padrão do big bang precisa ser modificado de várias maneiras. Ele é baseado na teoria geral da relatividade formulada por Einstein. Mas essa teoria cai por terra quando o espaço é reduzido a proporções subatômicas. Precisamos introduzir nesse ponto a física subatômica e ninguém está bem certo de como isso deve ser feito. Além do mais, a expansão do universo provavelmente não é constante, como no modelo-padrão.

Ela provavelmente foi acelerando e teve um breve momento de uma expansão extremamente rápida no passado. Mas nenhum desses ajustes precisa afetar a previsão fundamental de uma origem absoluta do universo. Na verdade, os físicos têm proposto diversos modelos alternativos ao longo das últimas décadas, desde o trabalho apresentado por Friedman e Lemaitre, e provou-se repetidamente que todos os modelos que não se baseavam em uma origem absoluta não eram viáveis. Colocado de forma mais positiva, os únicos modelos fora do padrão que são viáveis são os que envolvem uma origem absoluta do universo.

Essa origem pode ou não ter tido um ponto inicial. Mas mesmo teorias (como a Stephen Hawking que defende a “não existência de limite”) que não têm um ponto como origem, ainda assim têm um passado finito. Segundo essas teorias, o universo não existiu desde sempre, mas veio a existir, ainda que isso não tenha acontecido num ponto precisamente definido. Em certo sentido, a história da cosmologia do século XX pode ser vista como uma única tentativa repetida em série, uma vez depois da outra, de evitar a origem absoluta prevista pelo modelo-padrão do big bang. Infelizmente, fica a impressão aos olhos dos leigos que o campo da cosmologia está sempre dando voltas sem nunca chegar a resultados duradouros. Mas o que os leigos não entendem é que essa enorme fila de teorias falhas serve apenas para confirmar o que foi previsto pelo modelo-padrão: que o universo veio a existir.

Essa previsão tem permanecido de pé por mais de oitenta anos, ao longo de um período de enormes avanços da observação astronômica e dos trabalhos de criação teórica da astrofísica. Na verdade, em 2003 parece que chegamos a uma espécie de divisor de águas, quando três proeminentes cientistas, Arvind Borde, Alan Guth e Alexander Vilenkin, conseguiram provar que qualquer universo que, em média, tenha estado em expansão ao longo de sua história não pode ser infinito em seu passado, mas têm obrigatoriamente que ter um limite de espaço-tempo passado.

O que torna a prova deles tão potente é o fato de que ela se sustenta independentemente da descrição física do próprio universo de origem. Por não termos ainda como fornecer uma descrição física do próprio universo de origem, esse breve momento tem sido terreno fértil para as mais diversas especulações. Um cientista o comparou com aquelas áreas dos mapas antigos onde tem uma legenda “Aqui devem ter existido dragões!”, ou seja, é alvo dos mais diversos tipos de fantasias. Mas o teorema de Borde-Guth-Vilenkin independe de qualquer descrição física daquele momento inicial. Fica implícito no teorema deles que mesmo que nosso universo fosse uma parte minúscula de um suposto multiverso, composto de muitos universos, esse multiverso deve ter tido uma origem absoluta. Vilenkin é franco acerca das implicações:

“Diz-se que um argumento é algo que convence pessoas razoáveis e uma prova é algo que convence até mesmo quem não é razoável. Com a prova agora em seu devido lugar, os cosmólogos não podem mais se esconder atrás da possibilidade de um universo de passado eterno. Não há como escapar: eles têm que encarar o problema de uma origem cósmica.”

William Lane Craig

Em Guarda, 2011, p.99-101.

domingo, 23 de outubro de 2016

Os Cientistas Não Ateus que parecem ateus...


Os Cientistas Não Ateus que parecem ateus...apenas parecem!

A discussão entre ciência e religião é umas das mais antigas da humanidade. A verdade é que cada cientista tem uma visão diferente sobre as religiões e a possibilidade da existência de um deus.
Pensando nisso, separamos reflexões de alguns de cientistas queridos e renomados sobre ateísmo e agnosticismo. Leia abaixo:

Albert Einstein
O pai da Teoria da Relatividade afirmou em múltiplas ocasiões acreditar na visão de Deus de acordo do o panteísmo. Trata-se de uma vertente definida pelo filósofo holandês Baruch Spinoza, na qual tudo e todos fazem parte da composição de Deus, refutando a possibilidade de um Deus individual ou antropomórfico.

Einstein também se definiu como agnóstico, ou seja, ele reconhecia a possibilidade da existência de um deus – por mais difícil que fosse descobrir se isso é verdade ou não. O cientista escolheu esse caminho em vez do ateísmo porque acreditava ser um ato de humildade. "Você pode me chamar de agnóstico, mas eu não concordo com o espírito do ateu profissional cujo fervor é um ato de dolorosa restrição da doutrinação religiosa da juventude.Eu prefiro ter uma atitude de humildade em relação ao quão pouco entendemos sobre a natureza e nossos próprios seres", escreveu à Guy H. Raner Jr. em setembro de 1949.

Carl Sagan
Assim como Einstein, Sagan negou ser ateu. O fato ficou publicamente conhecido e passou a ser discutido a partir de uma entrevista com o cosmólogo publicada no Washington Post em 1996. "Um ateu tem que saber muito mais do que eu sei. Um ateu é alguém que sabe que não existe um Deus", disse Sagan.
Em 2014, Joel Achenbach escreveu uma matéria também para o WP sobre o assunto. Como a cada duas semanas ele recebia pelo menos um e-mail questionando a religiosidade de Sagan, o jornalista decidiu ir além, tentando interpretar melhor o posicionamento do cientista por meio de cartas dele e entrevistas com pessoas próximas a ele.

Em uma carta à Robert Pope, Sagan escreveu: "Eu não sou um ateu. Um ateu é alguém que tem evidências persuasivas de que não existe um Deus Judaico-Católico-Islâmico. Eu não sou tão sábio, mas ao mesmo tempo não considero que exista algo próximo à uma evidência adequada para a existência de um deus".

David Morrison, aluno de Sagan na época, afirmou que o professor "agia como um ateu, mas rejeitava o rótulo". "Acho que parecia absoluto demais para ele. Ele sempre tentava estar aberto a novas evidências em qualquer assunto", disse, em entrevista ao Washington Post. Já a viúva de Sagan, Ann Druyan, acredita que a frase não está aberta à interpretações: "Carl quis dizer exatamente o que ele disse. Ele não sabia se existia um deus. Ao meu ver, um ateu sabe que não existe um deus ou algo equivalente. Carl estava confortável com o rótulo de 'agnóstico', mas não de ateu".
 

Stephen Hawking
Hawking se define como ateu. "Eu não sou religioso no senso comum. Eu acredito que o universo é governado pelas leis da ciência. As leis podem ter sido decretadas por Deus, mas Ele não intervém para quebrar as leis", disse o cientista em 2007 para a BBC.

Ah, e claro, acredita na supremacia da ciência. "Existe uma diferença fundamental entre a religião, que é baseada na autoridade, e a ciência, que é baseada na observação e na razão. A ciência vencerá porque ela funciona", explicou em outra ocasião, três anos depois, à jornalista Diane Sawyer, no ABC World News.
 

Neil Degrasse Tyson
O cientista americano se considera um agnóstico. Em ocasiões passadas, o apresentador de Cosmos ressaltou que, se acreditasse em um deus, não seria na forma descrita pelas três maiores religiões monoteístas do mundo. "Todo relato de um poder maior sobre os quais já ouvi, todas as religiões que vi, incluem declarações relacionadas à benevolência desse poder. Quando eu olho para o universo e todas as formas em que o universo quer acabar conosco, acho difícil considerar tal discurso altruísta", disse ocientista.

Um dos motivos pelos quais Tyson se declara agnóstico e não ateu é a falta de energia para lidar com o segundo grupo. Em uma entrevista, ele explicou que, ao usar "Deus" em um post no Facebook em 2012, o cientista foi duramente criticado por seus seguidores. "Como alguém como você poderia falar em Deus?", disseram, entre outras coisas. "Estou perfeitamente bem com todas as pessoas religiosas que vivem ao meu redor. Não estou tentando converter as pessoas, não me importo. Somos uma sociedade que permite a pluralidade de religiões e eu estou bem com isso", explicou em uma entrevista. "Só mantenha isso fora da sala de aula de ciência."
[...]

Extraído de: GALILEU
Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2016/01/5-reflexoes-de-cientistas-sobre-ateismo-e-agnosticismo.html.


domingo, 9 de outubro de 2016

Sem sentido último


Sem um sentido último

Se toda pessoa deixa de existir quando morre, então, que sentido último há em viver? Será que faz alguma diferença no final ter ou não sequer existido? Com certeza a vida de uma pessoa pode ser importante em relação a certos acontecimentos, mas qual e o sentido último de qualquer desses acontecimentos? Se tudo esta fadado a se acabar, então o que importa o fato de alguém ter tido alguma influência sobre determinados
acontecimentos? Em ultima analise, não tem a menor importância.

A humanidade, portanto, não tem mais sentido do que um enxame de mosquitos ou um punhado de porcos, pois o final de todos é o mesmo. O mesmo processo cósmico cego, do qual eles resultaram, vai, no fim de tudo, tragá-los de volta. As contribuições de
um cientista para o avanço do conhecimento humano, as pesquisas para aliviar a dor e diminuir o sofrimento, os esforços diplomáticos para garantir a paz mundial, os sacrifícios feitos por pessoas de bem, em todo o mundo, para melhorar a sorte da raça humana — tudo isso resultará em nada. E este é o horror do homem moderno: por
ele acabar em nada, ele nada é.


Willian Lane Craig

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Vida sem valor último


Vida sem Valor Último

Se a vida termina no túmulo, então não faz a menor diferença se você vive como um Stalin ou como madre Teresa de Calcutá. Uma vez que seu destino não tem qualquer relação final com seu comportamento, você pode perfeitamente viver como bem entender. Como disse certa vez Dostoievski:

“Se a imortalidade não existe [...] então tudo e permitido.”

Os torturadores oficiais nas prisões russas entendiam bem essa colocação. Veja o relato de Richard Wurmbrand, um pastor que foi torturado por sua fé:

E difícil acreditar na crueldade do ateísmo quando não se crê na recompensa do bem ou na punição do mal. Não há motivo para ser humano. Não ha limites para as insondáveis profundezas do mal que se encontram dentro do homem. Os torturadores comunistas costumavam dizer: “Não ha Deus, não ha outra vida, não ha punição para o mal. Podemos fazer o que bem quisermos." Ouvi ate mesmo um torturador dizer: “Agradeço a Deus, em quem não acredito, por ter vivido para colocar para fora todo o mal que trago em meu coração.” Ele disse essas palavras em meio a uma inacreditável brutalidade, enquanto torturava prisioneiros.

Willam Lane Craig

Em Guarda

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Registros Cronológicos Antigos - parte 5


REGISTROS CRONOLÓGICOS ANTIGOS (Parte 5)

David C. C. Watson
ICR Midwest Center, 207 North Washington. Wheaton. Illinois 60187. USA.

Mostra-se neste artigo que não só as Escrituras, mas também as obras dos escritores pagãos da antiguidade, apontam para um mundo recente, originado há não mais de poucos milhares de anos. Muitas citações são aduzidas para comprovar essa afirmação. Os antigos também não criam em evolução ao acaso, mas sim, em sua maior parte, na fixidez das espécies, e, em praticamente em sua totalidade, no resultado de um planejamento inteligente no mundo ao nosso redor.

O Enígma de Sírius

Um dos mais misteriosos problemas para um evolucionista que defende a evolução “das moléculas ao homem” relaciona-se com o brilho da estrela Sírius. Isso é discutido com abrangência por Kenneth Brecher, Professor Associado de Física no MIT (Massachusetts Institute of Technology) no livro “Astronomy of the Ancients” (8). Sírius é hoje classificada como “anã branca”, porém os registros feitos na antiguidade -Babilônia (700 a.C.), Grécia (270 a.C. e 150 A.D.), Roma (50 a.C. e 10 a.C.) -todos a descrevem como cor-de-cobre ou avermelhada. Ora, a teoria da evolução estelar supõe que leva milhões de anos para uma “gigante vermelha” transformar-se em “anã branca”. Como, então, Sírius parece ter sofrido essa transformação em somente dois milênios? O problema não foi resolvido, e talvez nunca o seja. Entretanto, ele ilustra um princípio muito importante: teorias científicas elaboradas no papel, com suas extrapolações na pré-história, devem ser postas à prova através de observações reais feitas por autores antigos. A atual teoria da evolução estelar não pode estar correta, pelo menos com relação ao tempo, se ela falha na explicação da mudança de cor de Sírius de vermelho para branco.

Da mesma maneira, sugiro, a teoria da origem do homem não pode estar correta se não encontra nenhum apoio sequer das observações, lendas, e registros históricos do mundo antigo. Basta olhar para Roma, o Egito, os Incas, os Astecas e Maias, para ver que a civilização pode regredir, bem como progredir. Porém, os materialistas da era vitoriana “inebriados pelo poder”, e pelo orgulho próprio resultantes dos notáveis progressos tecnológicos do décimo-nono século, decidiram que o homem deveria ter sempre estado a progredir, traçaram um gráfico e extrapolaram até a curva atingir o zero, isto é, a ameba. Somente mais tarde descobriram que essa teoria contradiz praticamente tudo que as grandes inteligências da antiguidade haviam escrito sobre o origem do homem Desta forma, no que escolheremos acreditar -na teoria moderna ou na história antiga? A conclusão de Kenneth Brecher é instigadora:

Preferiria muito mais aprender da evolução estelar (isto é, da história real das estrelas) a partir dos antigos mitos da humanidade, a ter de aprendê-la dos modernos mitos do computador! (8)

Conclusão

Em toda a literatura antiga não há sugestão alguma de que a história da humanidade vá além de centenas de milhares, ou mesmo de dezenas de milhares de anos. As evidências apontam para a emergência do “Homo sapiens” somente há poucos milênios, com a lembrança de uma idade de ouro e um desastre que afetou toda a raça humana; o repovoamento da Europa e do Norte da África a partir de algum ponto no Oriente Médio; e a coexistência do “homem da caverna” e do “homem civil” por séculos antes e depois de Cristo. Se Juvenal ou Cícero tivessem sabido que um dia um britânico viria a elaborar uma teoria da descendência do homem a partir de um símio, sem dúvida teriam considerado isso como a última palavra em termos de involução e falta de bom senso, e até mesmo uma demonstração de inferioridade inerente à raça britânica.

II – A CRONOLOGIA BÍBLICA

Consideraremos agora a questão: O Velho Testamento provê uma cronologia a partir da Criação? A resposta dada hoje por muitos eruditos evangélicos é decididamente NÃO! É típica a afirmação contida em um dicionário bíblico bastante conhecido:

À luz dos fatos arqueológicos incontestáveis é insustentável a cronologia comprimida do Arcebispo Ussher, que supõe uma sucessão contínua na relação de pai para filho nos capítulos 5 e 11 do livro de Gênesis”.

A “New Scofield Bible” (1967) concorda:

As Escrituras não revelam a data exata da criação de Adão ...” “As Escrituras não provêm dados pelos, quais se possa descobrir a data do dilúvio ...

Ousaríamos desafiar esse consenso de opiniões mantido por tantos estudiosos ilustres e devotos? Penso que deveríamos, pelas razões seguintes: Até 1860 todo comentarista da Bíblia cria que o Velho Testamento dava uma cronologia precisa, chegando até a data da Criação.

I. Antes de 1860 todo cronologista da Bíblia punha a data da Criação entre 3900 e 5500 a.C.

II. Antes de 1860 nenhum comentarista ou cronologista sugeria a existência de hiatos nas genealogias dos capítulos 5 e 11 do livro de Gênesis.

III. A Arqueologia moderna está baseada em pressupostos evolucionistas.

IV. Os pressupostos evolucionistas têm sido desacreditados.

Logo, não temos boas razões para duvidar de que estavam certos os antigos cronologistas!

Proposição I

Verifiquemos, então, primeiramente, alguns comentaristas antigos:

Continua...

Carlos Carvalho

Não Sou Ateu, Brasil

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Registros Cronológicos Antigos - Parte 4


REGISTROS CRONOLÓGICOS ANTIGOS (Parte 4)

David C. C. Watson
ICR Midwest Center, 207 North Washington. Wheaton. Illinois 60187. USA.

Mostra-se neste artigo que não só as Escrituras, mas também as obras dos escritores pagãos da antiguidade, apontam para um mundo recente, originado há não mais de poucos milhares de anos. Muitas citações são aduzidas para comprovar essa afirmação. Os antigos também não criam em evolução ao acaso, mas sim, em sua maior parte, na fixidez das espécies, e, em praticamente em sua totalidade, no resultado de um planejamento inteligente no mundo ao nosso redor.

Josefo

Flávio Josefo, historiador judeu, foi contemporâneo de Juvenal. Escreve ele com relação ao dilúvio:

Todos os que escreveram a história dos bárbaros fazem menção deste dilúvio e desta arca; dentre eles encontra-se o caldeu Beroso, que ao descrever as circunstâncias do dilúvio acrescenta o seguinte: Diz-se que ainda existem partes desse navio nas montanhas da Armênia, e que algumas pessoas retiram dele pedaços de betume” ... Jerônimo, o egípcio, também, e Mnaseas, e muitos outros, mencionam o mesmo. Nicolau de Damasco em seu livro nonagésimo sexto declara o seguinte: “Há um grande monte na Armênia ... sobre o qual se conta que muitos que fugiram, no tempo do dilúvio foram salvos; em cujo topo desembarcou um personagem que havia sido transportado em uma arca; e os restos do madeiramento da arca forampreservados por muito tempo. Este bem poderia ser a pessoa a respeito de quem escreveu Moisés, o legislador dos judeus.” (5)

Com relação à longevidade dos patriarcas mencionados nos capítulos 5 e 11 do livro de Gênesis, Josefo evidentemente se contrapõe à eventual incredulidade de seus leitores acrescentando:

... “o tempo se encontra registrado em nossos livros sagrados, e os que então viveram anotaram com grande precisão tanto os nascimentos como as mortes dos homens ilustres” (6).

E ainda ...
Tenho agora, por testemunhas daquilo que tenho dito, todos os que têm escrito sobre a História Antiga, tanto entre os gregos como entre os bárbaros; pois concordam com o que eu disse aqui até mesmo Manéton que escreveu a História Egípcia, Béroso que reuniu os Monumentos Caldeus, bem como Mochus e Hestiaeus, e também Jerônimo, o Egípcio, e os que compuseram a História Fenícia. Também relatam a longevidade quase milenar dos antigos, Hesíodo, Hecateu, Helânico e Acusilau, além de Éforo e Nicolau.

Comentário

1 - De fato é sempre possível acusar uma dúzia de historiadores, amplamente espalhados pelo Oriente Próximo, de terem copiado a mesma gigantesca mentira de algum documento isolado, porém muitos acharão mais provável que a longevidade dos patriarcas foi um fato bem conhecido dos filhos de Noé, transmitido a seus descendentes ao se dispersarem, tornando-se os progenitores das diferentes raças humanas.

2 - O fato de que, “todos os que têm escrito as histórias dos bárbaros” mencionam o dilúvio, concorre fortemente a favor do ponto de vista de que ele tenha ocorrido no terceiro milênio e não incontáveis milênios antes.

Tácito (55-120 a.C.) foi o mais célebre historiador do Império Romano na sua época. Em seu livro “Germânia” cita sessenta e três tribos germânicas, registra suas lendas e comenta a respeito de seus costumes e de sua moral. São de interesse os três pontos particulares seguintes:
a) As tribos apontam sua origem divina

Nos cânticos tradicionais que formam o seu único registro do passado, os germanos celebram um deus nascido da terra, chamado Tuisto. Seu filho Mano é considerado como a fonte de sua raça ...”

b) Sua história inicia-se com a Guerra de Tróia ou poucos séculos antes

Os germanos, como muitos outros povos, dizem ter sido visitados por Hércules, e cantam dele como o mais conspícuo de todos os heróis, ao se prepararem para a guerra. Supõem alguns que Ulisses tivesse visitado terras germânicas, tendo fundado a cidade de Asburgo, às margens do Reno, até hoje ainda habitada”.

3 -Algumas tribos eram civilizadas, enquanto outras, na mesma época, eram bárbaras e selvagens

Os chauci são o mais nobre povo da Germânia, preferindo manter sua grandeza através de procedimentos justos. Não atingidos pela avareza nem por ambição desmesurada, habitam em calma reclusão, jamais provocando guerra, nem roubando ou pilhando seus vizinhos ...
Seu código nupcial é restrito, nenhum outro aspecto de sua moralidade merecendo maior louvor”.
Os Fenos são incrivelmente selvagens e revoltantemente pobres. Não têm armas próprias, nem montarias, nem casas. Alimentam-se de folhagens silvestres, vestem-se de peles, e dormem sobre o chão ... a única maneira que têm de proteger seus filhos contra animais selvagens é escondê-los debaixo de uma cobertura improvisada de ramos entrelaçados ...

Novamente esses fatos adaptam-se muito bem à cronologia bíblica pós-dilúvio e à rápida dispersão das raças após a torre de Babel. Esses fatos não parecem concordar com a hipótese da lenta emergência da humanidade a partir de um ancestral animal, através de homens da caverna ao longo de milhões de anos.

Lucrécio

Nossa última testemunha, embora de forma alguma a menos importante, é Lucrécio (100-45 a.C.), poeta romano, ardente discípulo de Epicuro, o fundador da escola filosófica epicurista.

Há questão de um século, quando o Darwinismo constituía o maior espetáculo mundial, os evolucionistas começaram a perscrutar os autores clássicos visando encontrar algum apoio para a nova onda a respeito da origem do homem. Muito pouco pôde ser achado, porém Lucrécio pareceu constituir um candidato promissor, devido à sua negação tanto de toda interferência divina, como da vida após a morte. Andrew White refere-se a ele uma dúzia de vezes na “História da Guerra entre a Ciência e a Religião” (1896) e mesmo há oito anos Sir Gavin de Beer achou valer a pena citar Lucrécio para trazer peso aos seus argumentos contra o propósito na natureza: “O acaso era exatamente o que Lucrécio invocava para explicar os organismos vivos” (Adaptation, 1972, página 2)

Lamentavelmente, porém, o poeta deixava de invocar também o tempo, tempo sem limite, juntamente com o acaso; e será fácil demonstrar que a visão que Lucrécio tinha da origem do mundo concorda muito melhor com o relato bíblico, Deus á parte, do que com a visão de Darwin. Seguem-se algumas citações do seu Livro V:

1 - Por que nenhum poeta cantou os feitos anteriores à Guerra de Tebas e à tragédia de Tróia (1100 a.C.)? A resposta, creio, é que o mundo foi feito recentemente: sua origem é um acontecimento recente, e não de remota antiguidade. Por isso é que ainda hoje algumas artes estão sendo aperfeiçoadas ...

2 - Acontece então que a terra produziu os primeiros mamíferos ... não é surpreendente que se desenvolvessem mais e maiores naqueles dias em que a terra e a atmosfera eram jovens.

3 - Havia grande superfluidez de calor e umidade no solo ... a infância do mundo não provocava fortes geadas, nem calor excessivo, nem ventos violentos.

4 - ... nunca houve nem jamais poderá haver criaturas com dupla natureza, combinando órgãos de origem distinta no mesmo corpo ...

5 - Os animais não podem ter caído dos céus, e os que vivem sobre a terra não podem ter emergido dos mares salgados ...

6 - O nome de “mãe” foi corretamente aposto à Terra, pois ela produziu a raça humana e fez nascer a todos os animais ... e ao mesmo tempo as aves do ar ...

Se fosse sugerido a Lucrécio que a raça humana havia evoluído de ancestrais simiescos, ele ter-se-ia rido. A única evolução postulada por ele é a do homem primitivo ao homem civilizado, e dentro de alguns poucos milênios.

7 - As variedades de ervas, cereais e árvores não podem ser produzidas nessa forma composta: cada tipo se desenvolve de acordo com sua própria espécie, todos guardando seus característicos específicos próprios em obediência às leis da natureza.

8 - Outra lenda conta como as águas certa vez juntaram suas forças e começaram a prevalecer, até que muitas cidades dos homens foram afogadas sob esse dilúvio.

Assim, há milhares de anos Lucrécio, um filósofo ateu cujo propósito impelente era livrar o mundo da “superstição” pelo ensino da “ciência”, acreditava em:

a - Uma Terra recente

b - Mais e maiores animais nos tempos pré-históricos (recentes)

c - Clima original ideal

d - Não existência de criaturas híbridas

e - Terra não conquistada pelas criaturas do mar

f - Origem simultânea de todas as criaturas com o homem

g - Fixidez das espécies

h - Um dilúvio gigantesco

E esse é o melhor apoio que pode ser encontrado no seio dos filósofos do mundo antigo pelos partidários da teoria da evolução!

Lenda Babilônica

À guisa de “postscriptum” lançaremos uma olhadela na versão babilônica do dilúvio -em tabletes de argila considerados não anteriores a 2000 a.C. Se o dilúvio teve lugar, como alguns estudiosos afirmam, pelo menos há três mil anos antes de Abraão (2000 a.C.), como poderia sua história ter sobrevivido por tradição oral ao longo de uma centena de gerações? Observe-se também que o ideograma chinês que representa navio compõe-se do número oito acrescido de bocas, que sugere fortemente Noé e sua família na arca. Isto está bem de acordo com o fato de que a escrita chinesa mais antiga data aproximadamente de 2200 a.C., provavelmente um século ou dois após o dilúvio. E não está de acordo, de maneira nenhuma, com a ideia de que a escrita só foi inventada depois de milhares de anos após o dilúvio, época em que centenas de outras histórias relacionadas com navios ter-se-iam tornado muito mais conhecidas do que a história de Noé.

Continua...

Carlos Carvalho

Não Sou Ateu, Brasil

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Registros Cronológicos Antigos - parte 3


REGISTROS CRONOLÓGICOS ANTIGOS (Parte 3)

David C. C. Watson
ICR Midwest Center, 207 North Washington. Wheaton. Illinois 60187. USA.

Mostra-se neste artigo que não só as Escrituras, mas também as obras dos escritores pagãos da antiguidade, apontam para um mundo recente, originado há não mais de poucos milhares de anos. Muitas citações são aduzidas para comprovar essa afirmação. Os antigos também não criam em evolução ao acaso, mas sim, em sua maior parte, na fixidez das espécies, e, em praticamente em sua totalidade, no resultado de um planejamento inteligente no mundo ao nosso redor.

Ovídio

Um dos paralelos mais próximos dos capítulos 1 a 11 de Gênesis encontra-se nas “Metamorfoses” de Ovídio, famoso poeta romano que viveu de 43 a.C. a 17 a.C. De fato, o paralelismo é tão grande que alguns estudiosos julgam que Ovídio tinha o Velho Testamento ao seu lado ao escrever as “Metamorfoses”. Entretanto, mesmo que ele o tivesse, certamente não teria escrito para um leitor romano ideias que fossem peculiares aos judeus. Parece mais provável que, se Ovídio tivesse lido Moisés, simplesmente tivesse aceito que a narrativa hebraica dava forma mais definida às vagas lendas que por séculos estiveram difundidas entre seu próprio povo. Faremos algumas transcrições da tradução em inglês feita por Loeb:

A Criação

Logo após o Criador ter assim separado todas as coisas dentro de seus limites determinados, as estrelas começaram a brilhar nos céus. ... O mar tornou-se a habitação de brilhantes peixes, a terra recebeu os animais, e o ar em movimento as aves.

O Homem

Faltava ainda uma criatura viva de mais refinada consistência do que essas, mais capacitada a pensamentos elevados, que pudesse ter o domínio sobre todo o restante. Então nasceu o homem. ... O artífice do universo, tencionando um mundo mais perfeito, fez o homem de Sua própria substância divina. ... Assim, então, a Terra, que até recentemente tinha sido uma coisa rústica e sem forma, foi mudada, e revestida de formas humanas anteriormente desconhecidas.

A Idade de Ouro

Áurea foi aquela primeira idade, na qual, sem ninguém para exercer a força, sem necessidade de lei, todos agiam corretamente. ... A primavera era eterna, e brisas suaves brincavam com as flores que nasciam sem cultivo ... a terra sem necessidade de amanho produzia abundância de grãos ... torrentes de leite manavam e mel destilava de verdejantes carvalhos.

Os Gigantes

Dizem que os gigantes tentavam atingir o próprio trono do céu, empilhando montanhas sobre montanhas, em direção às estrelas ...

A Pecaminosidade da Raça Humana

Por onde quer que se estendam as planícies da terra, reina suprema fúria animalesca. Parece existir a generalização da criminalidade. Que eles paguem a pena que merecem.

O Dilúvio

Júpiter ... preferiu uma punição diferente, destruir a raça humana sob as ondas e enviar chuva de todos os quadrantes do céu ... e agora não há distinção entre o mar e a terra. Tudo é mar, e mar sem praia. ... O lobo nada entre os cordeiros, leões e tigres são levados de roldão pelas ondas...

Salvo pela Fé

Quando Deucalião e sua esposa, abrigados em um pequeno barco, repousaram sobre a terra (no Monte Parnaso), a primeira coisa que fizeram foi adorar ... não houve homem melhor do que ele, mais escrupuloso em sua retidão, nem mulher mais reverente aos deuses do que ela.

Restauração da Terra

Então, quando a terra coberta de lama do dilúvio recente, aqueceu-se com os quentes raios do sol, produziu incontáveis formas de vida ... também o grande píton, uma serpente anteriormente desconhecida, que foi um terror para o homem recém criado. ... Apolo destruiu esse monstro, e para que a fama deste seu ato não perecesse através do tempo, ele instituiu os sagrados “jogos píticos”, em lembrança do nome da serpente que destruíra. Nesses jogos todo jovem vencedor ... recebia a honra de uma coroa de folhas de carvalho. Pois até então não existia o louro ... (Ovídio continua narrando a lenda do louro ... como Dafne se transformou em árvore para escapar das atenções de Apolo).

Observação: Tanto quanto sabemos, os Jogos Píticos tiveram início não antes de 1.000 a.C. Parece provável, portanto, que na mente de Ovídio o dilúvio teria ocorrido não mais do que dois mil anos antes de sua época, pois senão não haveria razão pela qual tivesse ele ligado o píton com o dilúvio.

Juvenal

Juvenal viveu em Roma no primeiro século da era cristã, e escreveu doze livros de sátiras sobre a sociedade da época, castigando todos os vícios, a ignorância e a leviandade. Teve palavras sábias incentivando os pais a oferecerem exemplos dignos para seus filhos. Dentre “maus” exemplos inclui o pai judeu que “todo o sétimo dia se entrega à ociosidade, mantendo-se desligado das preocupações da vida”.

Paremos um pouco para pensar nisso. Temos aqui o povo escolhido de Deus vivendo no coração do mais poderoso império mundial ... e pelo que são eles distinguidos? Pela guarda do sábado! (Pela circuncisão também, mas várias outras raças além dos judeus a praticam). Por esse costume singular são eles ridicularizados e difamados. Isto vinha acontecendo por seis séculos, desde a queda de Jerusalém (nos tempos de Nabucodonosor), portanto por cerca de 30.000 semanas. E continuou por mais 100.000 semanas. Até hoje, o então povo de Deus celebrou cerca de 130.000 sábados ao redor de todo o mundo, em sua dispersão entre os gentios. Pois bem, haveria Deus de querer que isso fosse um testemunho do que realmente Ele fizera no espaço e no tempo? Ou seria a guarda do sábado uma espécie de anedota cósmica destinada a fazer o mundo todo rir às custas dos judeus? Poderíamos crer na bondade e na veracidade de Deus se Ele permitisse Seu povo ser escarnecido semana após semana, ano após ano, século após século, por participar de uma encenação que de fato constituísse uma estupenda mentira? Para muitos parecerá mais provável ter Deus dado aos judeus esse singular mandamento do sábado, sem qualquer paralelo em todo o mundo pagão, para se tornar um memorial permanente -mais impressionante do que as pirâmides -de Seu ato da Criação, único e específico.

Na realidade isso se reveste de importância somente com relação à pergunta “há quanto tempo?” e não com o “quando?” da criação. Entretanto, se admitirmos que Êxodo 20:11 deve ser uma verdade literal, pareceria existir bom fundamento para aceitar os capítulos 5 e 11 de Gênesis também como cronologicamente literais ... como certamente faziam os judeus na antiguidade.
Continua...

Carlos Carvalho

Não Sou Ateu, Brasil!