sexta-feira, 24 de maio de 2013



Nascer para ver

“...aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”
(João 3.3)

Essas foram as palavras de Jesus a Nicodemos quando este o visitou para ouvi-lo. Todos nós sabemos da objetividade do Senhor com aquele príncipe dos judeus. Nicodemos era pessoa importante e nem por isso deixou de ouvir verdades desconcertantes da parte de Jesus.
Esse encontro do Senhor com o fariseu sincero que buscava respostas sobre o reino de Deus, sobre a pessoa do Messias e sobre as coisas espirituais nos leva a perceber que todos os seres humanos têm certo nível de curiosidade não resolvida dentro de si sobre aquilo que mais lhes incomoda.
Igualmente este encontro serve para nos mostrar o quanto precisamos ser honestos intelectualmente e espiritualmente com aqueles que nos rodeiam. Em outras palavras, num mundo do “politicamente correto”, Jesus nos ensina que a verdade, mesmo sendo difícil de digeri-la, é o melhor negócio.
Através do apóstolo João, que escreveu o livro de nosso texto, sabemos que Nicodemos saiu dali decepcionado e com mais dúvidas de que quando chegou, todavia ao final do livro, João nos informa que somente dois homens se responsabilizaram pelo enterro do corpo do Senhor, José de Arimatéia e Nicodemos (João 19.38-42). Ao final, a verdade dita por Jesus foi vitoriosa.
Nascer de novo é a essência da vida cristã. Tudo de inicia por aí. O nascimento natural é o início da vida humana no planeta após o tempo da gestação. Ninguém poderá viver para sempre em um útero, por isso o corpo da mãe expulsa no tempo devido o que está agora com plenas condições de sobreviver e desenvolver no ambiente externo.
Da mesma maneira que acontece no nascimento natural, é no nascimento espiritual descrito por Jesus a Nicodemos. Toda a vida cristã e espiritual em Deus se inicia pelo novo nascimento e, sem isso, não houve arrependimento e conversão. O processo tem seu caminho e rota já determinados e não temos como alterá-lo.
O reino de Deus não é físico, os judeus, assim como Nicodemos e os discípulos pensavam que era físico. A igreja desviada da fé apostólica desde o 4º- século também pensava que o reino era um governo físico mundial. Mesmo que no milênio revelado por Jesus o reino será visível, para aquele e para o nosso tempo atual ainda não o é.
O reino de Deus que “vemos” hoje como o Senhor disse que quem nasce de novo vê, é um reino muito mais de consciência e de fé, do governo de Deus sobre os corações e ações dos homens que creem, da entrega voluntária da vida aos cuidados de Deus, do cuidar do próximo que precisa e um reino que promove a paz nos corações dos crentes.
Quando compreendemos o que esse reino significa em toda a sua plenitude, estaremos fazendo ao menos duas coisas: provocando um processo de transformação interior em nós e na sociedade que fazemos parte e nos preparando adequadamente para o futuro reino físico-real que o Senhor implantará na terra com o seu retorno visível.
Portanto, tudo começa para o cristão no novo nascimento, pois sem ele, não somos inseridos no reino, não podemos vê-lo agindo nos corações e nas vidas, não há transformações pessoais, o pecado é normalidade e o amor é definido pelos interesses de cada um. Eis aqui o nosso desafio, saber se nascemos de novo.

Bp. Carlos Carvalho

Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblica Internacional

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