UM PLANETA ADEQUADO À VIDA
Reproduzo
aqui uma parte de um pequeno artigo de William J. Tinkle. Ele é Ph.D. e
Professor Emérito de Biologia no Anderson College, Indiana, U.S.A.
As propriedades físicas e químicas da água e da
atmosfera mostram uma "adequação" do ambiente para a vida, como já
ressaltado de maneira interessante por William Whewell e J. Henderson. Este
artigo contém uma recapitulação dessa evidência, em testemunho da criação
divina do ambiente físico e químico adequado à vida.
É bem sabido
que os seres vivos são constituídos de tal maneira que se ajustam perfeitamente
ao seu modo de vida. Assim, as aves aquáticas têm pés membranosos, as aves de
água rasa têm pernas e bicos compridos; as plantas têm folhas em que a luz
solar combina a água e o gás carbônico para formar açúcares para utilização da
planta. Os animais que comem folhas e ervas tem estômago e intestinos grandes
para conter as grandes quantidades de alimento que têm de comer. Os peixes têm
uma forma afilada que os capacita a se deslocar pela água com o mínimo de
resistência.
Uma lista
bastante extensa dessas estruturas úteis poderia ser compilada. O fato
importante é que a Terra apresenta condições que se ajustam a essas estruturas
dos seres vivos. O Dr. Henderson já afirmava:
“Em suas
características fundamentais, o meio ambiente atual é a habitação mais ajustada
possível para a vida. Tal é a tese que o presente trabalho procura defender.
Esta não é uma hipótese recente. De forma rudimentar apresenta atrás de si uma
longa história, e já era uma doutrina conhecida no inicio do século XIX” (1).
A Terra foi
planejada e construída de tal maneira que pudesse prover à necessidades e
requisitos dos seres vivos. Observadores argutos têm atribuído essa
correspondência à existência de um propósito no plano do Criador. Entretanto,
os que acompanham o pensamento negativista e as dúvidas do século XX, deixam
esse crença para trás, preferindo atribuir essa relação de reciprocidade ao
acaso.
William
Whewell (1794-1866) foi o autor de um dos "Tratados de Bridgewater"
intitulado "Astronomy and General Physics Considered with Reference to
Natural Theology" (Astronomia e Física Geral consideradas em relação a
Teologia Natural), em 1834. Mestre do "Trinity College" por 25 anos,
Whewell foi um dos mais poderosos homens de Cambridge durante o período da
reforma educacional. Recebeu uma medalha da "Royal Society" pelo seu
trabalho sobre marés, e deu a Faraday a nomenclatura desejada para seu trabalho
sobre eletricidade. Devem se a Whewell termos tais como "anodo",
"catodo", "ion", "anion", e
"cation"(4). Whewell discute dezenove leis que indicam que o mundo
foi formado propositadamente para ser o lar dos seres vivos. Henderson comenta:
"É difícil entender como tais ideias puderam cair no esquecimento"
(5).
O pouco espaço
não permite comentar todos os argumentos de Whewell a respeito da existência de
um propósito na criação, porém não se pode deixar de mencionar um dos mais
destacados, referente à água. A água, como as demais substâncias em geral,
expande-se quando aquecida, e contrai-se quando resfriada. Entretanto, ela se
afasta deste comportamento, de maneira notável, ao se congelar. A água
apresenta a maior densidade (menor volume) a temperatura de 4 ºC. Ao diminuir
mais a temperatura a água se expande até que a O ºC ocupa um volume cerca de
1/9 maior, mudando então de estado, de líquido para sólido. Essa expansão que
se dá no congelamento é conhecida nos países frios devido a ruptura de
encanamentos e radiadores de automóveis no inverno, parecendo por isso ser
inconveniente. Entretanto, para os seres vivos em geral, e indiretamente para o
homem, é ela uma vantagem incontestável.
A expansão do
gelo faz com que ele possa flutuar em qualquer corpo de água, enquanto que, se
fosse obedecida a regra geral da contração no resfriamento, ele se depositaria
no fundo do rio ou lago, solidificando em pouco tempo a massa restante. Embora
se conheçam peixes que viveram após terem sido congelados, não suportariam eles
um congelamento prolongado, pois sofreriam perda de suas funções vitais. As
massas d'água congeladas derreteriam muito lentamente em consequência da camada
de água líquida em escoamento sobre o gelo, a qual as protegeria da ação do ar
quente. Nos climas temperados não haveria tempo para o derretimento até o
fundo, antes de iniciar-se novamente a fase de congelamento no inverno (se a
água seguisse a regra geral de expansão).
Tem sido
repetida em classe muitas vezes uma demonstração atribuída a Rumford. Insere-se
em um tubo de ensaio com água, um pedaço de gelo, mantendo-o no fundo por um
suporte qualquer. Então a parte superior do tubo de ensaio é levada a uma chama
até que a água da superfície entre em ebulição, enquanto ainda permanece no
fundo o pedaço de gelo. Isso é possível porque a água quando aquecida
expande-se, desloca-se para cima e lá permanece. Essa anomalia da expansão da
água ao se congelar sem dúvida impede a extinção de inúmeros habitats aquáticos
com suas flora e fauna abundantes. Por outro lado, as perdas ocasionadas pelas
rupturas devido ao congelamento podem ser evitadas, porquê o congelamento se dá
sempre a temperatura conhecida.
A própria
presença da água na Terra é um fato que desperta nossa admiração. Muito tempo
antes dos primeiros astronautas desembarcarem na Lua sabia-se que lá não há
água, pois não se observavam nuvens que obscurecessem a sua face, nas
observações telescópicas. Fotografias e medidas feitas mostram muito pouco ou
nenhum vapor d'água em Marte. Vênus e Mercúrio são demasiado quentes para
conter água no estado sólido ou líquido. Júpiter, Neptuno e Plutão estão muito
distantes para se detectar algo com precisão, porém não revelam evidências de
abundância de água. A Terra é, assim, singular, por apresentar essa substância
tão abundantemente.
Características Físicas da
Água
As
características físicas e químicas da água fazem-na muito mais útil aos seres
vivos do que qualquer outro líquido. Sua constituição é de tal forma que ela
dissolve mais substâncias do que qualquer outra, com exceção talvez da amônia.
No corpo humano os alimentos se dissolvem no sangue e os detritos na urina. As
plantas dissolvem seu alimento na seiva. A água, sendo quimicamente inerte, não
altera esses solutos, mas tão somente os transporta. A água é peculiar também
pelo seu elevado calor específico (a quantidade de calor, em calorias,
necessária para elevar de um grau centígrado a temperatura de um grama da
substância). A tabela seguinte (apud Henderson, op. cit.) indica que a água tem
calor específico mais alto do que as demais substâncias, com exceção da amônia
e do hidrogênio:
Substâncias
|
Calores específicos(cal g/ºC)
|
Água sólida
|
1,00
|
Água líquida
|
0,50
|
Vapor d'água
|
0,3 - 0,5
|
Chumbo
|
0,03
|
Ferro
|
0,1
|
Quartzo
|
0,19
|
Sal
|
0,21
|
Mármore
|
0,22
|
Açúcar
|
0,30
|
Amônia
|
1,23
|
Clorofórmio
|
0,24
|
Hidrogênio
|
3,4
|
Álcool etílico
|
0,5
|
Propriedades Adequadas para o
Homem
O que esses
fatos significam para o ser humano? Um homem pesando oitenta quilos produz em
repouso cerca de 2400 calorias diariamente, o que seria suficiente para
aumentar de cerca de 30 ºC a temperatura de seu corpo. Na realidade, o calor em
excesso é removido pelo sistema termo-regulador do corpo, a menos que o
organismo esteja com febre. Essa remoção proporciona não somente conforto, como
também constitui um meio de evitar a aceleração das reações químicas.
Esse
importante controle térmico é possível porque a água é a principal substância
componente do corpo humano, e porque ela apresenta um elevado calor específico.
Se o corpo humano fosse constituído preponderantemente por outra substância com
calor específico em torno da média das apresentadas na tabela anterior, o calor
produzido seria suficiente para aumentar a temperatura de cerca de 100 ºC. Considere-se
ainda o calor latente, que é armazenado e não mensurável pelo aumento de
temperatura, ao contrário do calor sensível. Sem dúvida o leitor já observou
que ao lavar as mãos, ao tentar enxugá-las abanando-as no ar, sente a sensação
de frio.
Quando uma
substância se evapora do estado líquido, ou se liquefaz do estado sólido,
absorve certa quantidade de calor. Essa mesma quantidade de calor deve ser
retirada para o vapor se condensar, ou para o líquido se solidificar. No início
de uma chuva há sempre um aumento de temperatura porque o vapor d'água está se
transformando em gotas de chuva liquidas. Da mesma maneira, após a chuva, ao
aumentar a evaporação, há uma diminuição da temperatura. A Tabela seguinte dá
os valores do calor latente de evaporação de várias substâncias, em calorias
por grama:
Calor latente (cal/g)
|
Água
|
536
|
Amônia
|
295
|
Cloro
|
67,4
|
Oxigênio
|
58
|
Enxofre
|
362
|
Gás Carbônico
|
72,2
|
Mercúrio
|
62
|
Tem-se aqui a
base de um dos mecanismos de resfriamento do corpo humano. O suor espalha-se
sobre a pele, e sua evaporação remove o excesso de calor do corpo. A evaporação
da água em lagos e rios remove o calor do ar em suas imediações. Por essa razão
as ilhas e penínsulas são livres de calor excessivo, ao mesmo tempo em que o
congelamento da água no inverno lhes proporciona algum calor. As propriedades
da água são bem adequadas às necessidades dos seres vivos (6).
Adequação da Atmosfera
Dos fatos anteriores
não somente se vê que os seres vivos apresentam necessidades, como também se
torna evidente a notável verdade de que o meio ambiente é formado de maneira
tal que supre essas necessidades. Como se sabe, o ar é admiravelmente ajustado
para os seres vivos. Atente-se para o que poderia parecer acaso. Há enxofre no
solo e nos alimentos tais como ovos, porém não na atmosfera, exceto nas
imediações de vulcões e das indústrias químicas estabelecidas pelo homem. Deveríamos
ser gratos pela ausência dos compostos de enxofre tais como o gás sulfídrico (o
mal cheiroso gás característico de ovos podres) e o bióxido de enxofre, usado
para matar bactérias e insetos.
Considere-se o
importante gás, o oxigênio, que constitui cerca de 20% da atmosfera e é
essencial a vida do homem e dos animais. Teria sido possível a sua combinação
com outras substâncias, não houvesse um planejamento na criação da Terra. Ele
poderia ter-se combinado com hidrogênio para formar água, ou com silício para
formar areia. Há quem diga que isso foi o que se passou, e que o oxigênio
existente na atmosfera proveio de diatomáceas e outras plantas do oceano.
Porém, mesmo nessas condições não deixariam de existir evidências de um
propósito.
As plantas
foram formadas com a capacidade de liberar oxigênio, não para o seu próprio
beneficio, mas para o incontável beneficio da humanidade e dos animais em
geral. E realmente difícil descartar-se da existência de um propósito ao se
considerar a existência do oxigênio em estado livre. O bióxido de carbono é
necessário para a construção das raízes, caule e folhas, enquanto que o
monóxido de carbono é um gás venenoso não encontrado normalmente na atmosfera,
mas só nos gases de escapamento dos motores de combustão interna. O bióxido de
carbono é um constituinte normal da atmosfera, sendo expirado pelos animais e
homens, e absorvido pelas plantas para tornar possível seu crescimento.
O hidrogênio,
um dos elementos que compõem a água, não se encontra em estado livre na
atmosfera. Se o fosse, unir-se-ia com o oxigênio com grande ruído, à simples
ação de uma chama, conforme costumeiramente mostrado nos laboratórios de
química. Amônia é outro gás que a infinita Sabedoria excluiu da atmosfera.
O planejamento não pode ser
excluído
Há pessoas
que, não aceitando o propósito divino como explicação para a vida, preferem
aceitar a possibilidade de transformação de um pedaço qualquer de matéria
inerte em um ser vivente. Ressaltam que, dado tempo suficiente, pode ocorrer o
evento improvável. Assim, o acaso produziu todos os tipos de plantas e animais,
tendo permanecido os que se adaptaram, e sendo extintos os demais. Se tal
processo tivesse ocorrido, os fósseis que fossem encontrados seriam tipos
bizarros, sem relação alguma com o seu meio ambiente. Porém, longe de serem
criaturas não adaptadas, produtos do acaso, foram eles de mesmo tipo que os
seres vivos atualmente, podendo ser classificados nos fila das criaturas vivas
atuais. Tais hipóteses são claramente ad-hoc, feitas para evitar o
reconhecimento da criação divina.
Entretanto,
mesmo que a seleção natural tivesse sido inteiramente eficaz, não poderia ela
explicar a adequabilidade do meio ambiente. Os seres vivos e o meio ambiente
ajustam-se perfeitamente como peças de um quebra-cabeça. O acaso poderia ter
produzido uma Terra que fosse adequada sob um determinado aspecto, porém
somente o próprio Deus poderia planejar a Terra como ela realmente é, ou foi,
antes da queda.
Referências
(l) Henderson, J. Lawrence. 1913. The
fitness of the environment. Beacon Press edition, 1958, Boston, p. v
(2) Museum of
Antiquity, p. 826.
(3) Romans
1:19, 20, New English Version.
(4) Butts, R.
E. 1970. Wm. Whewell's theory of the scientific method. Review in Science, 168:1195, 5 June.
(5) Henderson, Op. cit., p. 7.
(6) Não obstante suas excelentes observações, Henderson não
atentou para a adequação do ambiente. Ele procurou uma explicação mecanicista.
Fonte: Folha Criacionista