Michel Foucault (1926-1984)
– os dois lados da moeda ateísta
O lado conhecido
Filho de
médicos, não seguiu a carreira do pai, intessou-se por história e filosofia.
Apoiado pela mãe, Anna Malapert, mudou-se para Paris em 1945 foi aluno do
filósofo Jean Hyppolite, que lhe apresentou à obra de Hegel.
Em 1946
conseguiu entrar na École Normale. Seu temperamento fechado o fez uma pessoa
solitária, agressiva e irônica. Em 1948, após uma tentativa de suicídio,
iniciou um tratamento psiquiátrico. Em contato com a psicologia, a psiquiatria
e a psicanálise, leu Platão, Hegel, Marx, Nietzsche, Husserl, Heidegger, Freud,
Bachelard, Lacan e outros, aprofundando-se em Kant, embora criticasse a noção
do sujeito enquanto mediador e referência de todas as coisas, já que, para ele,
o homem é produto das práticas discursivas.
Dois anos
depois, Foucault se licenciou em Filosofia na Sorbone e no ano seguinte
formou-se em psicologia. Em 1950 entrou para o Partido Comunista Francês, mas
afastou-se devido a divergências doutrinárias.
No ano de 1952
cursou o Instituto de Psychologie e obteve diploma de Psicologia Patológica. No
mesmo ano tornou-se assistente na Universidade de Lille. Foucault lecionou
psicologia e filosofia em diversas universidades, na Alemanha, na Suécia, na
Tunísia, nos Estados Unidos e em outras. Escreveu para diversos jornais e
trabalhou durante muito tempo como psicólogo em hospitais psiquiátricos e
prisões.
Viajou o mundo
fazendo conferências Várias vezes esteve no Brasil, onde realizou conferências
e firmou amizades. Foi no Brasil que pronunciou as importantes conferências
sobre "A Verdade e as Formas Jurídicas", na PUC do Rio de Janeiro.
Os Estados
Unidos atraíram Foucault em função do apoio à liberdade intelectual e em função
de São Francisco, cidade onde Foucault pode vivenciar algumas experiências
marcantes em sua vida pessoal no que diz respeito à sua homossexualidade.
Berkeley tornou-se um pólo de contato entre Foucault e os Estados Unidos.
O outro lado da moeda
Foucault, em
1975 sentou-se à beira de um precipício. Com dois jovens americanos ao seu lado
e com a música Kontakte, de Karlheinz Stockhausen, ao fundo, ele
deliberadamente decidiu perder contato com a realidade e entregar-se a sua
imaginação, induzida pelo LSD.
Deitado de
costas para o chão jogou as mãos para o ar e gritou: “As estrelas estão
chovendo sobre mim. O céu explodiu. Eu sei que não é de verdade. Mas é a Verdade”.
Foucault cunhou o credo – “É proibido proibir” – na mente de seus alunos.
Rolando abaixo
pela ladeira escorregadia do prazer, sem cercas que o protegessem nem o ônus da
convicção moral que lhe desacelerasse a queda, ele aos poucos associava até
mesmo morte com prazer. “Eu gostaria de morrer, e espero que isso ocorra, de
overdose de qualquer tipo de prazer”, dizia.
Ele apostou a
vida no jogo da luxúria que jogava: “Morrer pelo amor de garotos [...] o que
pode ser mais belo”. Seu estilo de vida de inconsequente despreocupação
terminou de modo lamentável, com a degeneração de todas as células de seu ser. Devastado
pela AIDS ele se autodestruiu.
C. K. Carvalho
Pesquisador autônomo
Referências
Paul-Michel Foucault. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/biografias/paul-michel-foucault.jhtm
ZACHARIAS, Ravi. A morte da razão: uma resposta aos neoateus / Ravi
Zacharias; tradução Lenita Ananias do Nascimento. – Editora Vida, 2011. p.
37-38.
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