Alguns anos atrás a empresa Mastercard veiculava uma propaganda onde
basicamente dizia em suas imagens que certas coisas da vida não possuem preço
algum, que não há como comprá-las, mas o restante se podia com o cartão de
crédito dela.
Acredito que seja assim mesmo. Existem coisas que são tão especiais e
únicas que não há como dar preço ou real valor a elas. Da mesma forma nas
Escrituras encontramos algumas coisas que são tão pessoais e imensuravelmente
importantes que não podem ser compradas com os recursos desta era.
O livre-arbítrio (Deuteronômio 30.19)
Penso que ainda não conseguimos compreender nem metade do significado da
expressão livre-arbítrio. Raciocinamos ainda em termos adâmicos (no sentido da
história do Éden) e talvez não tenhamos refletido no que esse gigantesco dom de
Deus aos homens tem ou teve o poder de realizar.
Livre-arbítrio pode ser definido simplesmente como “escolha” e talvez
seja por isso que o entendimento seja um pouco falho. Óbvio que a palavra
escolha define bem e claramente o termo, contudo, necessitamos estar cientes de
toda a dimensão na qual a palavra “escolha” envolve.
No texto escolhido para o tópico, Deus põe seu povo diante das maiores
potências da vida (vida/morte – bênção/maldição) e lhes pede em conselho para
fazerem as escolhas certas. Em outras palavras, a dimensão de nossas escolhas
afeta toda a nossa vida, o passado, o presente e o futuro.
Quando recebemos a Cristo em nossa vida como Senhor e Salvador, colocamos
o nosso livre-arbítrio (ou nossa escolha) em submissão a Ele. Isso não
significa que não mais possuímos vontade própria, mas a colocamos sob a vontade
dele para obtermos melhores benefícios, pois fazendo isso, reconhecemos que
nossas escolhas nos fizeram mal até aqui como seres humanos (digo não todas as
escolhas, apenas boa perte delas).
O livre-arbítrio em sua plenitude é algo que não tem preço, não se pode
comprar algo assim. Ele pertence exclusivamente a você e nem Deus que o deu,
lhe toma. Use-o para o seu pleno benefício e desenvolvimento pessoal e para o
bem do próximo.
Liberdade (Gálatas 5.1)
Outra palavrinha carregada de significados e nunca plenamente
compreendida pelos homens: liberdade. Também não me atreveria a dar a ela um
significado diferente do que todos os antigos e recentes escritores, filósofos,
sociólogos e teólogos já nos têm proporcionado.
Além de tudo o que temos à disposição sobre ela, devo apenas acrescentar
em minha linha de análise que a liberdade, embora não seja o direito de fazer o
que bem entender sem respeitar o limite do outro, é um bem inalienável do ser
humano. É seu direito de nascença e de cidadão do mundo.
Ser livre é a coisa mais celebrada e desejada do mundo no qual vivemos,
sem, contudo, desfrutar dela plenamente. O apóstolo Paulo escreve no texto
acima que Cristo nos deu uma liberdade espiritual e que ela deve ser exercida
na totalidade. Isto significa que ao menor sinal de abuso dela, devemos
imediatamente nos mover na direção oposta.
Todavia, para Paulo, no texto mencionado, a liberdade vem somada a uma
atitude de escolha. Ao entendermos o poder de nossas escolhas e os resultados
aos quais elas nos levam, não podemos fazer a escolha de “vender” nossa
liberdade por qualquer que seja a desculpa ou o argumento.
A liberdade em Cristo para um cristão é mais que um direito do ser
humano, é uma conquista que nos foi dada gratuitamente pela graça e pelo
próprio sacrifício de Jesus e atentar contra ela é aviltar o imenso amor que
Deus nos mostrou nele.
Paz Interior (João 14.27)
As religiões, as filosofias de vida e a medicina alternativa têm
oferecido às pessoas uma diversidade de ações e ritos particulares no intuito
de fazer com que o indivíduo alcance a tão almejada paz interior.
Embora não despreze o valor simbólico e eventual que essas práticas podem
ter, não me parece em nada com aquilo que Jesus Cristo oferece no texto de
João. A enorme diferença entre essas “paz” e a de Cristo é que nas primeiras, a
pessoa se esforça em grande maneira para adquiri-la, sem ao certo conhecer de
fato o caminho com detalhes.
No caso da paz de Jesus, ele oferece a sua própria. Ou seja, o caminho
está claramente definido diante de todos. Para receber a paz de Jesus (a
própria paz que Cristo tinha) é necessário um relacionamento com ele. Ao nos
relacionarmos com ele, a sua paz passa a ser uma realidade desfrutada por todos
os que desejam.
Ainda que possa haver uma série de questões sobre Jesus e sua vida para
muitos céticos, não há nenhum ser humano sério (ateu ou não) que duvide do
elevado tipo de ser humano que foi Jesus. Ao aceitarmos esses fatos, podemos
asseverar que a paz oferecida por ele vem com um alto grau de qualidade
espiritual, emocional e psíquica.
Quando temos a paz interior, ela nos faz passar por todos os problemas da
vida, pela demanda por resultados ainda não alcançados, pelas dores e tragédias
e pelo tempo de espera por algo importante, com elevado índice de sucesso.
Receba a paz de Cristo Jesus, desfrute de relacionamento com ele e a paz
interior que as pessoas tanto buscam e anseiam, estará continuamente na sua
vida. Certamente esse é um produto para o qual não há preço que possa comprá-lo
e não está sendo vendido em frascos.
Tempo (Gálatas 6.2 e Efésios 5.16)
Tenho escrito e falado algumas coisas sobre o tempo, mas quero utilizá-lo
em outro conceito aqui. Faço referência ao tempo que não temos, ou seja, àquele
tempo que não podemos comprar com dinheiro.
Todos têm um limite de vida e todos vão morrer um dia. Não importando o
quanto a ciência biológica avance e nos dê mais anos, um fato ainda permanece
hoje: ainda não somos imortais no corpo. Então, ao que estou me referindo
quando digo tempo é: nós não poderemos comprar o tempo além dos limites de
nosso tempo de vida.
Posto assim, precisamos valorizar o tempo de nossa vida mais
adequadamente do que temos feito até aqui. Isto significa que preciso tomar
providências para que meu tempo se prolongue ao máximo (mesmo que pareça
contraditório para cristãos) e com vistas a ele ter significância a mim.
Ademais, devo tomar atitudes que colaborem para meu tempo nesta vida de
forma benéfica a mim e aos meus. Deixar os hábitos que contribuem para acelerar
minha morte, mudar meus hábitos alimentares e corporais, não aceitar em mim
qualquer espécie de vício ou comportamento psicológico e social destrutivo e
assim por diante.
E porque só tenho um limite de tempo neste corpo, devo torná-lo mais
saudável e feliz. Como não vou poder comprar mais tempo e nem negociar com a
morte naquele dia, precisarei viver de tal maneira que o tempo tenha valido à
pena. O tempo que tenho é apenas meu, e também posso usar minhas escolhas de
forma a encurtá-lo.
Vida Eterna (1 João 5.11-13 e 20)
Está aqui uma coisa extremamente difícil para a compreensão da mente
humana. Às vezes, por não possuirmos capacidade para tanto, a consideramos de
forma errada apenas como uma vida ininterrupta, mas chata e sem emoções.
Longe disso é a vida eterna. Imagine poder viver sem qualquer necessidade
física, utilizando a sua capacidade mental ao máximo (beirando à divindade),
usar o poder mental para qualquer coisa lícita, criar realidades inimagináveis,
viver ao lado de anjos e tocá-los, não ter necessidade de mecanismos para se
locomover a qualquer velocidade, não ter doenças, dores ou enfermidades, ser
invulnerável, poder atravessar objetos e ao mesmo tempo tocá-los, não possuir
necessidades emocionais e psicológicas – vou parar por aqui! – e de quebra,
nunca morrer.
Isso lhe parece monótono? Isso lhe soa como uma vida chata? Se sim, você
não a merece mesmo e não é digno(a) dela! Gostaria de lhe falar meus planos
para a vida eterna, mas lhe soaria arrogante demais e você talvez nunca a
imaginou assim, então...
A vida eterna é um presente de Deus para os que têm um real
relacionamento e fé em Jesus Cristo e por isso, a maioria das pessoas não a
compreendem. Porém, uma vez que ela foi dada aos que têm fé, não é mais tirada
de nós. Passa a ser propriedade por herança nossa e não pode ser comprada por
nenhum valor.
Consciência (Romanos 9.1)
A consciência é parte integrante das coisas pertencentes ao ser humano e
que não podem ser compradas com valores monetários. Nossa consciência é o nosso
“Grilo Falante”, é nossa voz interior que nos corrige e nos guia quando
precisamos tomar decisões sérias e fazer escolhas difíceis.
Paulo ao escrever aos romanos neste capítulo o inicia dizendo que sua
consciência estava fazendo coro com o Espírito de Deus naquilo que ele estava
dizendo e eles. Isso é impressionante, pois Paulo diz que a sua consciência é
diferente de sua mente que está escrevendo e diferente do Espírito de Deus que
habitava nele.
A consciência é maior que a mente, pois esta, na maioria dos casos,
apenas tem função mecânico-biológico e químico-funcional para os nossos órgãos
e sistema físico. No caso da consciência, ela vai além desse funcionalismo
biológico e nos dá senso de existência, direção, raciocínio lógico e
inteligência emocional.
A ciência quando estuda o cérebro não encontra a nossa consciência.
Apenas encontra as explosões neuronais e a maneira bioquímica dele funcionar.
Ao analisarem o cérebro só podem nos conceber como seres somente
químico-biológicos, reagindo a estímulos neurais. Mas isso está anos-luz de
distância da consciência.
A consciência é algo nosso. Só nosso. Deus nos deu de presente e Ele
mesmo a estabeleceu assim. Podemos utilizá-la dando ouvidos a ela ou não, mas
ainda assim é algo que nos pertence. Isso não tem preço. Ouça-a!
Vida (Mateus 6.25)
Existem três palavras gregas para descrever a vida, mas em nosso
português só há uma. A primeira palavra é “bios” (bioV), e significa no conceito grego, “viver a
vida” ou “estilo de vida”. Não é somente a vida biológica como é conhecida
pelos estudiosos, mas um estilo de vida ou um viver a vida que está em questão
aqui.
A segunda palavra grega mais conhecida é “zoe” (zoh), com o significado
mais comum de vida espiritual, vida eterna ou a vida como Deus a possui. Este
tipo de vida nas Escrituras só pode ser alcançado ou recebido pela fé que a
pessoa exerce em Jesus Cristo e, a partir deste ponto, o Espírito de Deus ou o
Espírito da vida, passa a habitar a pessoa, gerando um novo ser espiritual, ou
seja, um renascido, um regenerado, uma nova criatura.
A terceira palavra grega é “psiche” (yuch), é a origem das palavras “psique” e
“alma”. Essa é palavra que está no texto de Mateus. A “alma” ou a “psique” para
o texto bíblico é o âmago do ser humano, o seu centro, a sua fonte de vida e
existência. Aquilo que é o “fôlego” da própria vida da pessoa, o seu
“espírito”.
No sentido ao qual Jesus se refere no texto, a vida é mais valiosa que o
próprio corpo e conseqüentemente do que o sustento e o vestuário. Portanto a
vida é mais preciosa do que qualquer outra coisa na terra. Por isso, ao viver a
nossa vida, damos a ela o devido valor que Deus lhe dá.
A vida é um bem inalienável do ser humano. Um ser humano pode até tirar a
vida de outro, mas ainda assim, a vida só pertence ao seu dono em particular: a
própria pessoa. Viver a sua vida de maneira satisfatória (mesmo com todas as
mazelas dela) é honrar a Deus que a deu a todos nós e honrar a toda humanidade
passada que viveu e morreu para chegarmos até aqui.
Existem coisas que não tem preço na sua existência, para todas as outras,
você tem seu cartão de crédito! Pense nisso!
Por Carlos
Kleber Carvalho
Comunidade Batista
Bíblica Internacional
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