Texto: Marcos 6.14-29
Hoje precisamos responder a nós mesmos a essa pergunta: até onde estamos
dispostos a ir em nossa caminhada de fé cristã? Quais são os nossos limites?
Onde é nossa linha divisora de águas por causa do Evangelho de Cristo Jesus? É
preciso tanto quanto na época dos primeiros irmãos no Império Romano, conhecer e
defender nossa crença com disposição e coragem.
Ao dar uma rápida e superficial olhada na vida final do profeta João, o
batista, vemos claramente os fatores que o levaram à prisão e, mesmo preso,
ainda provocava incômodos no governo de Herodes. Por um lado, não deixando de
repreender ao governante, e, por outro, causando o ódio da esposa do mesmo por causa
de seu casamento ser contestado por João.
O batista estava aprisionado por falar a verdade acerca dos mandamentos
de YaHWeH, onde constavam as leis da proibição de adultério e de contrair
matrimônio com a esposa de um irmão se este ainda estivesse vivo.
Historicamente, esta narrativa evangélica tem algumas confusões de nomes em
Josefo e nos eruditos bíblicos, mas os fatos foram verdadeiros[1]: O
profeta estava preso por ter denunciado os erros de Herodes e de sua agora
esposa.
Outra coisa que chama a atenção na narração é o fato do poder dominante
representado por Herodes, ter uma boa relação com o representante de Deus,
ouvindo-o, dando atenção com respeito e servindo-lhe mesmo sendo um prisioneiro.
Isto nos faz ver que o poder político é-nos favorável quando lhe convém e pode
ser um grande ajudador do reino de Deus quando este não lhe interpõe os
interesses.
Mas o resultado não foi o que esperaríamos de um poder governante. Quando
este poder foi encurralado por uma minúscula circunstância que poderia fazer
com que ele não fosse bem conceituado ou mal visto pelos seus iguais, logo
demonstrou que seu compromisso não estava com Deus nem com seu reino, mas sim
com seu status e com seu próprio
bem-estar.
João, o batista, foi decapitado e sua cabeça entregue diante de todos os
convidados de Herodes à filha de sua esposa, concluindo assim, sua vingança
sobre o profeta. Brinquei no culto de domingo à noite que todos conhecemos e
muitos se referem a um espírito de Jezabel (incluindo o Apocalipse[2]),
mas ninguém nunca “repreendeu” um “espírito de Herodias”.
Um fato permanece antes de entrarmos de fato no tema deste escrito. O
poder político não tem real compromisso com Deus e com seu reino. Tem sim, com
seus acordos e seus planos de governo já previamente traçados antes de assumir
o poder. Se este poder se mostra favorável ao reino, é apenas pelo fato de que
a Igreja pode lhe ajudar de alguma forma em seus objetivos de dominação sobre o
povo. Se esta Igreja se opõe ele, logo este mesmo poder mostra a força que tem.
Aqui chegamos ao ponto culminante de nossa mensagem: até onde vamos na
defesa de nossa fé e crença em Deus e no seu Cristo? Para termos uma maneira de
fazer alguma referência, fiz cinco perguntas que acredito sinceramente que cada
cristão precisa responder a si mesmo em sua vida. Dar respostas a elas é não
apenas examinar a nossa fé, mas acima disso, examinar o nosso coração. Eis as
perguntas.
ATÉ ONDE ESTAMOS DISPOSTOS A IR PARA
OBEDECER A DEUS?
Mantendo em mente o texto, vimos o
que João teve de sofrer para manter-se obediente a Deus. E nós? Em um mundo
cada dia mais egoísta, narcisista e individualista, é importante discernir a si
mesmo quanto a esse ponto. Fazer a si próprio a pergunta se está disposto a
sofrer retaliações e perseguições até mesmo políticas por causa de sua
obediência a Deus é extremamente sério.
ATÉ ONDE ESTAMOS DISPOSTOS A IR PARA NOS
MANTER FIÉIS AOS PRINCÍPIOS DA PALAVRA?
O quanto não ouvimos na TV e lemos na internet e nos muitos textos
produzidos pela Academia acerca do descrédito à Palavra de Deus, a Bíblia
. Ela
é apenas mais um livro entre tantos outros para certos eruditos e estudiosos.
Para esses ela é repleta de erros e contradições. Para os que se consideram
mais “elevados”, não aceitam que um livro tão “antigo e arcaico” seja colocado
como fonte de regra, vida e moral para o mundo. Qual a importância da Bíblia
para nós e até onde iremos por ela?
ATÉ ONDE ESTAMOS DISPOSTOS A IR POR CAUSA
DA VERDADE NA QUAL CREMOS?
A verdade tem sido algo que perdemos como seres humanos há muito tempo.
Filosoficamente, literariamente e cientificamente não buscamos mais relações
com a verdade. Esta se tornou algo inacessível aos homens e para uma grande
parcela apenas um ítem desnecessário. A verdade foi departamentalizada em
poucas áreas do saber e diluída em uma solução chamada “relativismo”[3].
Porém a nós não nos é permitido agir assim em relação à verdade. Temos um
compromisso com ela. Ou não?
ATÉ ONDE ESTAMOS DISPOSTOS A IR AFIM DE NÃO
SABOTAR OS PROPÓSITOS DE DEUS EM NOSSA VIDA?
Saber que Deus tem seus planos e propósitos gerais ou específicos para
nós não é algo estranho, todos têm ciência do fato. Todavia, se aprofundarmos
um pouco mais a questão e refletir sobre alguns desses propósitos como em
semelhança à vida de João, a coisa fica mais difícil. Os planos do Senhor podem
soar estranhos se não forem agradáveis ao nosso gosto pessoal, e, talvez seja
este o motivo de muitos cristãos não desejarem conhecê-los: por saber que Deus
pode não aprovar os nossos próprios planos. Até onde vamos?
ATÉ ONDE ESTAMOS DISPOSTOS A IR PARA NÃO
VACIALAR NA NOSSA FÉ?
A fé é uma coisa maravilhosa. Conhecemos somente a parte que gostamos
dela, a área do poder, do milagre, das respostas sobrenaturais e das grandes
vitórias no Senhor. Mas não aceitamos bem o fato que a fé também é para os
momentos como os quais passaram grandes servos de Deus e o próprio João, o
batista. A fé é para ser mantida na cova dos leões, na fornalha de fogo, mas da
mesma forma, precisa ser mantida quando uma espada está a ponto de cortar nossa
cabeça. E aí?
Estamos mais perto do retorno de Cristo. Todos nós esperamos o
arrebatamento para nos tornar livres deste mundo opressor. Mas a própria
Escritura diz que isto não se dará antes que venha a manifestação do anticristo[4].
Necessitamos rever nossa doutrina das últimas coisas, pois parece que alguns
ainda estão sem o entendimento mais básico dela. Antes do retorno de Cristo nos
ares a igreja verá o nascimento da nova era anticristã e já temos percebido
suas preparações hoje.
É mister e extremamente urgente que o povo de Deus, a igreja de Jesus
Cristo, os santos e salvos no Senhor ponham o reino de Deus e sua justiça em
primeiro lugar, que não se calem diante do mundo mesmo sob ameaças, que vivam a
vida cristã com amor e fé firmes como quem vê o invisível[5].
Estava indo em direção a São Paulo para o Seminário e orando acerca da fraqueza
da fé de alguns crentes. Em certo momento disse ao Senhor e minha filha e
esposa ouviram que eu não poderia deixar de honrar os cristãos que morreram no
Coliseu e nas perseguições romanas. Não poderia deixar de honrar aos cristãos
que morrem todas as semanas no mundo de hoje por causa de sua fé.
Também disse que não teria nenhuma desculpa para dar diante de homens
como o pastor Nadarkhani, preso no Irá desde outubro de 2009, separado de sua
família e de sua igreja, porque é cristão e foi sentenciado à pena de morte por
não se retratar segundo as leis islâmicas daquele país, e retornar ao Islã.
Como podemos ser tão fracos e pobres espiritualmente em nossos países ocidentais
e não manter a fé firme por coisas tão pequenas quando estas nos sobrevêm. O
que vamos dizer diante de Deus e desses amados de Cristo que morreram
violentamente por sua fé naquele dia. Será que achamos que chegaremos ao céu?
Chegou mais uma vez o tempo de
fazer concertos com Deus igreja, o senhor está às portas. Até onde estamos
dispostos a ir?
Pense nisso!
Por Carlos Carvalho
Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblica Internacional
Notas de referência
[1]
R.N.Champlin, Ph.D – O Novo Testamento Interpretado – versículo por versículo.
São Paulo: Hagnos, 2002. p.707
[2]
Apocalipse 2.20
[3] Basicamente o relativismo é uma doutrina filosófica. É contrária a uma ideia absoluta. Ele afirma que as verdades
(morais, religiosas principalmente) variam conforme a época, o lugar, o
grupo social e os indivíduos de cada lugar.
[4] II
Tessalonicenses 2.1-5
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