O ERRO DE DARWIN
(Extraído)
Como “Artigo do Mês” apresentamos a seguir o texto de autoria de Enézio
E. de Almeida Filho publicado em seu blog http://www.pos-darwinista.blogspot.com.br/2010/08/marcelo-gleiser-e-o-errode-darwin.html.
"Devemos julgar afirmações sobre 'teorias de tudo' com enorme
ceticismo; nosso conhecimento é limitado"
Em 1859, com o furor de uma mente devota, o
já não tão jovem Charles Robert Darwin, com 50 anos, publica seu segundo livro,
"On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the
Preservation of Favored Races in the Struggle for Life" [A origem das
species através da seleção natural ou a preservação das raças favorecidas na
luta pela vida].
Nele, o então cientista principiante propõe
nada menos do que a solução final para a origem das espécies: o plano
totalmente natural e mecanicista através da seleção natural. Segundo Darwin,
tudo se deu durante uma leitura desinteressada que fez de Malthus em 1837.
Segundo sua autobiografia publicada em 1876, quando lia o princípio malthusiano
sobre o crescimento geométrico das populações e o crescimento aritmético dos
alimentos, Darwin teve um estalo epistêmico à la Arquimedes:
Se a produção de mais descendentes que podem
sobreviver estabelece um ambiente competitivo entre os aparentados, e a
variação entre eles produziria alguns indivíduos com maiores chances de
sobrevivência, se este princípio malthusiano estivesse correto, isso era sintoma
de sua aplicabilidade em uma ordem muito mais profunda.
Eureka! Voilá! Talvez a estrutura biológica seguisse as regras da
economia. Fosse esse o caso, a mente humana teria acesso direto aos segredos
mais profundos da natureza sem precisar de nenhuma ajuda externa. E a língua em
comum entre o homem e a origem das espécies somente seria melhor explicada
através da seleção natural ao longo de longas eras.
Após várias tentativas teóricas frustradas,
Darwin somente obteve a solução epistêmica que tanto almejava após receber em
1858 o ensaio teórico de Alfred Rusell Wallace muito superior às suas ideias.
Na época, alguns naturalistas já falavam em seleção natural e outros mecanismos
evolucionistas. Mas a seleção natural era invisível aos olhos europeus
vitorianos.
Todavia, Darwin, numa sacada genial, pediu
permissão aos leitores para “apresentar um ou dois exemplos imaginários [da
ação da seleção natural]”: o lobo e a captura de suas presas [pela astúcia,
força e agilidade] e o entrecruzamento de duas flores de plantas distintas
através de um líquido/néctar também imaginário, que transmitiriam essas características
aos seus descendentes, e assim os mais aptos sobreviveriam devido ao processo
de preservação contínua. Portanto, a origem das espécies seria, principalmente,
segundo Darwin, decorrente da seleção natural entre outros mecanismos
evolutivos!
Darwin foi além, mas precavido. Ele tinha
plena consciência de que a sua (e de Alfred Rusell Wallace também) teoria da
seleção natural, ilustrada com dois exemplos imaginários, sofreria objeções
científicas. Mesmo tendo apenas dois exemplos imaginários, Darwin afirmou que
“a seleção natural só pode agir através da preservação acumulação de
modificações hereditárias infinitesimalmente pequenas, desde que úteis ao ser
modificado”.
Para um homem que acreditava profundamente na
natureza, nada mais natural do que uma solução natural. Darwin via seu arranjo
como a expressão do sonho dos filósofos gregos antigos de obter uma explicação
estritamente naturalista para os mistérios do mundo. Para ele, a teoria da
seleção natural [o mais importante entre outros mecanismos evolutivos] era a
teoria biológica final para explicar a origem das espécies.
Podemos aprender algo com Darwin. Soubesse ele da existência da
complexidade irredutível dos sistemas biológicos, e da informação complexa
especificada, como teria reagido? Certamente, seu sonho de uma ordem natural
para as coisas vivas dependia do que se sabia na época. Seu erro foi ter dado
ao estado do conhecimento empírico do mundo o valor epistêmico para o mero
acaso, a fortuita necessidade, e a ação cega da seleção através de longas eras,
numa teoria de longo alcance histórico de difícil corroboração no contexto de justificação
teórica. Uma Theoria perennis. Uma teoria final.
Para Charles Robert Darwin, era inimaginável
que a origem das espécies pudesse se desviar desta estrutura de mero acaso,
fortuita necessidade, através da seleção natural. No entanto, sabemos que nosso
conhecimento do mundo é limitado, e será sempre. Por isso, devemos julgar
declarações sobre teorias de tudo ou teorias finais com enorme ceticismo,
inclusive a teoria da evolução através da seleção de Darwin. Afinal de contas,
a história da ciência nos ensina que o progresso científico caminha de mãos
dadas com nossa capacidade de medir a natureza. Achar que a mente humana pode
imaginar a origem das espécies antes de verificá-la empiricamente pode,
ocasionalmente, dar certo. Mas, em geral, leva a teorias que existem apenas na
imaginação.
Como os exemplos de ação da teoria da seleção
natural de Darwin, uma teoria nos seus estertores epistêmicos demandando uma revisão
nos seus fundamentos, ou simplesmente descarte, e que outra teoria tome seu
lugar: a Síntese Evolutiva Ampliada, que,
pelas montanhas de evidências contrárias, não pode mais ser selecionista à
la Darwin.
Este artigo é sintomático do que está sendo urdido atrás dos bastidores,
mas que certamente já tem data marcada
para ser lançado em breve ao grande público!
SOCIEDADE CRIACIONISTA BRASILEIRA - BOLETIM MENSAL Nº 15 /2013 –
SETEMBRO DE 2013
e-mail: scb@scb.org.br / site:
http://www.scb.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário