As Provas da Fé
Por definição
teológica a fé não é crer em algo ou em alguma coisa por ausência de provas.
Jamais o conceito de fé foi ou pode ser concebido sem evidências que corroborem
a própria crença na qual a fé se apóia (ao menos o conceito de fé plenamente
desenvolvido no Novo Testamento). Qualquer erudito ou teólogo, estudioso ou
curioso das palavras e suas definições poderia dizer que a fé é crer naquilo
que não se vê, mas não por falta de evidências comprobatórias, porque isso não seria
fé, estaria próxima de ilusão, utopia ou qualquer outra coisa, mas não da fé.
A fé se baseia
em evidências espirituais, em evidências criacionais e em provas resultantes de
seu exercício. A fé exige que provas sejam dadas para que ela se estabeleça na
mente do que crê. Isso pode parecer estranho para os que não estão inteirados
dos textos, das línguas originais e da ciência teológica, mas é exatamente isto
que a fé significa e pede. A fé é anterior às provas e evidências, mas não
deixa de exigi-las.
Claro que a
crença em coisas que não podem ser estudadas, observadas ou verificadas com a
tecnologia que dispomos está em voga aqui também, mas a fé vai, além disso. Ela
vê e recebe literalmente o resultado por evidência, por observação daquilo em
que ela se põe a buscar ou a acreditar. Ao final do seu período normal de
“gestação” ou “criação”, a fé verá diante dos seus olhos aquilo pelo qual ela
colocou seu foco.
Na ciência
existem coisas semelhantes. Existem seres, objetos e elementos que são
considerados inobserváveis, mas podemos perceber as suas evidências – que são
manifestações secundárias – mas nenhum cientista descrê que tudo isso exista,
do mais inobservável ser ou partícula ao espaço e corpos celestes mais
distantes. Todas essas coisas testemunham de um tipo de crença, sem provas
concretas, mas com evidências, e nem por isso são descartadas como
inexistentes.
A fé faz
exatamente o mesmo. Ela vê e recebe o resultado evidente – que são as provas
concretas – daquilo no qual ela pôs seu foco e atenção. Da mesma forma,
qualquer tentativa de fazer com que se entenda que a fé é outro tipo de
conceito é falaciosa, incongruente e maliciosa. É erro tácito se utilizar de
senso comum para definir a fé, pois assim, se toma por empréstimo uma palavra
carregada de sentido objetivo como esta e a mistura com sentimentos, ilusões,
mitos e coisas afins.
Isso não passa
de armadilha semântica, joguinhos de palavras e desonestidade intelectual,
coisas que são bem comuns nos ambientes infectados de parca inteligência bem
conhecidos pelos defensores da fé.
C. K. Carvalho
Teólogo
Referências:
COENEN &
BROWN, Dicionário internacional de teologia do Novo Testamento / Colin Brown,
Lothar Coenen (orgs.) ; [tradução Gordon Chown]. – 2.ed. – São Paulo: Vida
Nova, 2000. p. 809ss.
CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado: versículo por versículo: volume
5: Filipenses à Hebreus / Russell Norman Champlin. São Paulo: Hagnos, 2002. p.
616-619.
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