SÓ UMA TEORIA? SÓ!
“É só uma teoria.”
Segundo Hélio Schwartsman [em seu artigo na Folha], é com essa afirmação que os adeptos do design inteligente
“tentam diminuir a importância e o alcance da evolução darwiniana e, assim,
abrir espaço para a ideia de que a vida é complexa demais para ter surgido sem
o auxílio de uma inteligência”. Nada mais flagrantemente em descompasso com a
verdade sobre os adeptos do DI em relação à teoria da evolução de Darwin
através da seleção natural e n mecanismos evolucionários de A a Z (vai que
um falhe...), e sobre o caráter científico da TDI. Schwartsman, judeu e ateu, é
um jornalista que eu, sionista, considero amigo virtual, embora discorde de mim
sobre o caráter científico da TDI. Ele é um crítico motivado, mas suas
motivações soam mais ideológicas do que científicas. Eu admiro muito nele a
coragem e a honestidade. Duvido que tenha lido sequer um livro dos teóricos do
DI. Até o mais conhecido – A Caixa Preta de Darwin – O desafio da
bioquímica à teoria da evolução, de Michael Behe. Tivesse lido, não seria
encontrado em descompasso com a verdade sobre os adeptos do DI – de que
afirmamos sobre a evolução ser apenas uma teoria. Desconheço isso em nossa
literatura desde 1998.
A teoria do design inteligente
(TDI) não pode ser “relegada ao campo das cantilenas religiosas e ignorada”,
porque seus entusiastas não tentam travesti-la de ciência, pois a TDI é uma
teoria que segue o rigor do método científico aceito pela comunidade
científica.
A TDI é uma teoria de
detecção de design, e propõe a agência inteligente como um
mecanismo que causa a mudança biológica. A TDI permite que expliquemos como
surgiram os aspectos observados de complexidade biológica, e outras
complexidades naturais, e utiliza o método científico para fazer suas
afirmações.
O método científico é
geralmente descrito como um processo de quatro etapas envolvendo observações,
hipóteses, experimentos e conclusão:
Observação: agentes
inteligentes produzem informação complexa e especificada (ICE).
Hipótese: se
um objeto natural for intencionalmente planejado, ele conterá altos níveis de
ICE.
Testes experimentais: os
objetos naturais são testados para determinar se eles contêm informação
complexa e especificada – engenharia reversa de estruturas biológicas através
de experimentos de silenciamento para determinar se elas exigem todas as suas
partes para funcionar.
Conclusão: sendo
descoberta complexidade irredutível em uma estrutura biológica, os cientistas
concluem que ela foi intencionalmente planejada.
Schwartsman segue a
cantilena dos profetas a la Nostradamus, quando afirma que os
participantes defenderão no 1° Congresso Brasileiro de TDI a realizar-se em
Campinas – 14-16 de novembro de 2014, no The Plaza Hotel, fazer pressão sobre o
MEC para que a TDI seja ensinada nas escolas públicas. Como é que o Schwartsman
sabe do que ainda nem foi discutido entre os proponentes da TDI?
A turma da TDI presta
um favor ao ensino, não confundindo os sentidos do que é “teoria”. Vamos além:
queremos que as afirmações científicas grandiosas dos atuais paradigmas sejam
submetidas ao rigor do contexto de justificação teórica. A turma da TDI também
entende que toda explicação científica é sempre “só uma teoria” aceita como
verdade provisória até surgir uma explicação mais precisa ou completa.
Schwartsman que me
perdoe, mas afirmar, mesmo que em linhas gerais, que a síntese evolutiva
moderna “está tão solidamente estabelecida quanto a lei da gravidade”, e que
esta também é “só uma teoria”, revela muitas coisas. Parcial ignorância sobre a
diferença entre uma lei científica e uma teoria científica. A lei da gravidade
é um fato científico estabelecido – maçãs caem. Uma teoria pode ter leis e
princípios derivados de seu arcabouço epistêmico. A teoria da evolução tem um
princípio – a seleção natural e uma lei controversa – a de Dollo que afirma ser
a evolução unidirecional e irrevogável.
Para corroborar o fato
da evolução (acho que Schwartsman tem em mente o processo macroevolutivo) ele
citou exemplos:
O experimento de
evolução de bactérias Richard Lenski – as bactérias teimaram continuar sendo
bactérias após 25 anos de experiências.
Modelos de computador –
não mencionou quais, mas todos eles foram programados (ação teleológica
inteligente externa) com “informação ativa” que ajuda o programa a suplantar a
deficiência do processo darwinista cego, aleatório e não dirigido.
Experimento natural da
resistência a novos antibióticos. O exemplo de aquisição de resistência em
bactérias contra antibióticos é tangencial na demonstração do fato da evolução.
Razão: as bactérias que não são eliminadas pelos antibióticos, não são
eliminadas pelos antibióticos. Foi esse o único insight fornecido
que a resistência de antibióticos nos deu. A evolução que ocorreu aqui foi
microevolução, mas não é esse tipo de evolução que Schwartsman está defendendo.
Schwartsman reconhece
que “ainda há buracos e pontos obscuros a explicar” por uma teoria científica,
pois “uma teoria que não tenha problemas é uma má teoria”. E arrematou: “Ou ela
não tem conteúdo empírico que a ponha à prova ou é tão logicamente abstrusa que
nem pode ser contestada.” Mas são justamente esses buracos e pontos epistêmicos
fundamentais obscuros em teorias da origem e evolução da vida que a turma da
TDI vem denunciando desde os anos 1990:
Problema 1: Não
existe mecanismo viável para gerar a sopa primordial.
Problema 2: Processos
químicos não guiados não podem explicar a origem do código genético.
Problema 3: Mutações
aleatórias não podem gerar a informação genética requerida para estruturas
irredutivelmente complexas.
Problema 4: A
seleção natural luta para fixar características vantajosas nas populações.
Problema 5: O
surgimento abrupto de espécies no registro fóssil (Explosão Cambriana) não
apoia a evolução preconizada por Darwin.
Problema 6: A
biologia moderna falhou fragorosamente em produzir uma “Árvore da Vida”.
Problema 7: A
evolução convergente desafia o darwinismo e destrói a lógica por trás da
ancestralidade comum.
Problema 8: As
diferenças entre os embriões de vertebrados contradizem as predições de
ancestralidade comum.
Problema 9: O
neodarwinismo sofre em tentar explicar a distribuição biogeográfica de muitas
espécies.
Problema 10: O
neodarwinismo tem uma longa história de predições inexatas sobre os órgãos
vestigiais e o DNA “lixo”.
Problema extra: Os
humanos mostram muitos comportamentos e capacidades cognitivas que,
aparentemente, não oferecem nenhuma vantagem de sobrevivência.
Quando a evolução é
definida como mera mudança ao longo do tempo dentro das espécies, ninguém da
turma da TDI nega que tal evolução seja um fato. Mas a evolução que Schwartsman
está defendendo é o tipo de evolução neodarwinista – a grande afirmação de que
a seleção natural não guiada e agindo sobre mutações aleatórias seja a força
motriz que produziu toda a diversidade e a complexidade da vida – essa tem
muitos problemas científicos porque tais processos randômicos e não guiados não
produzem novas características biológicas complexas. Como tal, a evolução
neodarwinista é uma teoria que foi falsificada pelas evidências.
Concordo e discordo de
Schwartsman. A turma da TDI não infere um deus para resolver quaisquer
dificuldades científicas. Uma leitura bem en passant de
quaisquer artigos ou livros de nossos teóricos demonstra isso. Apelamos para
uma inteligência, pois o designinteligente pode ser inferido
pesquisando-se as propriedades informacionais dos objetos naturais a fim de
determinar se eles portam o tipo de informação que em nossa experiência no dia
a dia surge de uma causa inteligente.
Discordo de Schwartsman
que a gravidade tenha problemas até mais sérios que a evolução por ser
incompatível com a mecânica quântica. Realmente, este é o maior problema de
toda a Física: como reconciliar a gravidade com a mecânica quântica. O problema
reside não na gravidade em si, mas nos limites teóricos dos cientistas que
buscam essa reconciliação que, para mim, um leigo em Física, parece ser
irreconciliável.
Realmente, Schwartsman
está certo: não é Deus quem guia a órbita dos planetas ou lança os objetos ao
chão, coisas por demais mundanas para um ser a quem atribuímos muito mais em
capacidade e ação. Mas que eles se movem, se movem; e que maçãs caem, caem!
Problemas científicos
se resolvem com mais pesquisa e debate de ideias, não com supressão de críticos
e dissidentes de Darwin.
(Enézio E. de Almeida
Filho, Desafiando a Nomenklatura Científica)
Fonte: Criacionismo
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