quinta-feira, 25 de junho de 2015

Grupo de Astrofísicos questiona o que sabemos sobre a formação e a evolução do Universo

GRUPO DE ASTROFÍSICOS QUESTIONA O QUE SABEMOS SOBRE A FORMAÇÃO E A EVOLUÇÃO DO UNIVERSO

Estrutura e comportamento de galáxias-anãs sugerem que o atual modelo padrão da Cosmologia é falho

Transcrevemos a seguir a significativa notícia publicada pelo JC e-mail 4971 de 11 de junho de 2014, de autoria de Cesar Baima (Globo), mostrando que também na Cosmologia é sentida a necessidade de alteração do modelo padrão vigente já há muitas décadas! (http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/grupo-de-astrofisicos-questiona-que-sabemos-sobre-formacao-a-evolucao-do-universo-12800569#ixzz34L4mT7KG)

A estrutura e comportamento das galáxias-anãs que orbitam a Via Láctea e sua vizinha Andrômeda contrariam o atual modelo padrão da cosmologia, o que levanta dúvidas não só sobre a compreensão que temos da formação das galáxias, como quanto ao próprio arcabouço teórico mais aceito pela comunidade científica para explicar a origem e evolução do Universo. A afirmação é de um grupo de 14 cientistas de seis países que revisou e diz ter encontrado falhas em três estudos recentes que tentaram adequar as observações e características conhecidas das galáxias-anãs, ou galáxias-satélite, do chamado Grupo Local às previsões do modelo.

De acordo com o atual modelo padrão da Cosmologia, quase 80% da massa do Universo é composta de partículas de um material invisível, de natureza ainda desconhecida, que só interage com a matéria "comum", da qual todas as estrelas, planetas e nós mesmos somos feitos, por meio da gravidade, e por isso recebeu o nome de "matéria escura". Com isso, a maioria dos cientistas acredita que as galáxias se formaram e evoluíram ao longo de "teias" de aglomerações de matéria escura distribuídas pelo Universo devido a pequenas flutuações no Big Bang.

Ainda segundo este modelo padrão, as galáxias-satélite, como a Pequena e a Grande Nuvem de Magalhães que orbitam a Via Láctea, devem se formar dentro de pequenos acúmulos de matéria escura distribuídos de forma aleatória em torno das galáxias-mães, movendo-se também de forma aleatória em torno delas.
“Mas o que os astrônomos veem é bem diferente”, diz Marcel Pawlowski, pesquisador do Departamento de Astronomia da Universidade Case Western Reserve, nos EUA, e principal autor de artigo com a crítica, aceito para publicação na próxima edição do periódico "Monthly Notices of the Royal Astronomical Society". “O que vemos é que estas galáxias-satélite estão em um mesmo disco e movendo-se na mesma direção dentro dele, como os planetas de nosso Sistema Solar se movem em torno do Sol na mesma direção ao longo de um fino plano. Isso não é previsto e pode ser um real problema” (para o modelo padrão).

Na sua análise dos estudos recentes, a equipe internacional de astrofísicos tentou replicar os resultados apresentados usando os mesmos dados em simulações cosmológicas em computador. Segundo os cientistas, em apenas uma das milhares de simulações feitas a configuração da Via Láctea com suas galáxias-satélite foi similar à que é observada pelos astrônomos. “Mais ainda, temos Andrômeda, então a chance de termos duas galáxias com tão grandes anéis de galáxias-satélite é de menos de uma em 100 mil”, destaca Pawlowski.

E, para piorar, quando o grupo corrigiu as falhas que diz ter encontrado nos três estudos, nenhuma das simulações replicou os resultados encontrados neles, de que é possível a ocorrência de galáxias-satélite que orbitem suas galáxias-mães todas em um mesmo plano. Diante disso, os cientistas sugerem uma explicação alternativa e mais antiga para o surgimento destas galáxias-anãs: uma colisão entre duas galáxias que tenha arrancado material de ambas e o lançado a grandes distâncias, como as marés na Terra, resultando em galáxias-satélite feitas com este material.


Grupo Local
(http://www.astro.princeton.edu/~dns/teachersguide/localgroup.jpg)

Nossa conclusão tende para um modelo alternativo muito mais antigo, de que as galáxias-satélite foram arrancadas de outra galáxia quando ela interagiu com o Grupo Local em um passado distante”, conta David Merritt, professor de Astrofísica do Instituto de Tecnologia Rochester, nos EUA, e outro dos autores do artigo crítico. “Este modelo de „marés pode explicar naturalmente porque as galáxias-satélite que observamos têm órbitas em um disco fino”.

Merritt, Pawlowski e os demais autores da análise fazem parte de um pequeno mas crescente grupo de astrofísicos que questiona a capacidade do atual modelo padrão da Cosmologia, adotado pela grande maioria de seus colegas, em explicar e reproduzir o que é observado no Universo próximo da Terra. E Merritt lembra ainda que é assim que o progresso científico costuma acontecer, a partir da contestação de teorias e modelos estabelecidos: “Quando temos claras contradições como as que apontamos, é preciso se focar nelas. É assim que a ciência avança.”

Humildade científica, na realidade, é o que faz a Ciência progredir!

Nem tudo o que a “ciência” diz pode ser levado a sério. Ela não é infalível, mas cheia de contradições e observações imprecisas. Precisamos ter cuidado ao sair por aí defendendo a ideia de “a ciência nos mostra que”. Isso tem sempre se mostrado um erro e algo não muito inteligente a se fazer. Amo a ciência, mas ela é falha, como a maioria de tudo o que procede dos seres humanos.

Fonte:
Boletim SBC. N.25, julho/2014, p.16-18.

C. K. Carvalho

Pesquisador autônomo

segunda-feira, 22 de junho de 2015

DEUS by Erwin Schrödinger

DEUS
by Erwin Schrödinger
 


O quadro científico do mundo a minha volta é muito deficiente. Ele me dá muitas informações factuais, põe toda nossa experiência em uma ordem magnificamente coerente, mas mantém um horrível silêncio sobre tudo o que é caro ao nosso coração, o que é realmente importante para nós. Esse quadro não me diz uma palavra sobre a sensação de vermelho ou azul, amargo e doce, sentimentos de alegria e tristeza. Não sabe nada de beleza e fealdade, de bom e de mau, de Deus e de eternidade.

A ciência, às vezes, finge responder a essas perguntas, mas suas respostas, quase sempre, são tão tolas que não podemos aceitá-las seriamente. A ciência é reticente também quando se trata de uma pergunta sobre a grande Unidade da qual nós, de alguma forma, fazemos parte, à qual pertencemos. Agora, em nosso tempo, o nome mais popular para isso é Deus, com D maiúsculo. A ciência tem sido, costumeiramente, rotulada de ateísta e, depois de tudo o que já dissemos, isso não é de surpreender.

Se o quadro do mundo da ciência não contém beleza, alegria, tristeza, se personalidade foi eliminada dele, por comum acordo, como poderia conter a idéia mais sublime que se apresenta à mente humana?


Antony Flew

Um ateu garante: Deus existe – As provas incontestáveis de um filósofo que não acreditava em nada. São Paulo: Ediouro. (versão digitalizada), 2008, p.78

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Animal extinto é encontrado vivo

Animal extinto é encontrado vivo
Uma história que pode se estender por cerca de “170 milhões de anos” e nenhuma mudança.

Varredura de microscópio eletrônico das aberturas que o Protulophila vive

No dia 24 de maio passado uma pequena matéria na Hype Science divulgava a nova descoberta do título acima. Segue o texto:

 Um pequeno animal marinho que os cientistas pensavam estar extinto pelos últimos quatro milhões de anos acaba de ser encontrado vivinho da silva na Nova Zelândia. Este “fóssil vivo” é um pólipo de tentáculos do gênero Protulophila. Anteriormente, ele só havia sido encontrado em depósitos fósseis no hemisfério norte, especificamente na Europa e no Oriente Médio.

Os cientistas pensam que sua história se estende 170 milhões de anos de atrás, no Jurássico Médio, antes de eles terem sido supostamente “extintos” no Plioceno. O último vestígio conhecido desses animais foi visto em rochas de quatro milhões de anos de idade. Os paleontólogos pensavam que os Protulophila eram hidróides coloniais (semelhantes a uma hidra) relacionados com os corais e anêmonas do mar. O animal forma uma rede de canais e furos microscópicos no interior de tubos de vermes marinhos chamados de serpulídeos.

Este ano, exemplos fósseis mais novos foram descobertos por pesquisadores do Instituto Nacional de Água e Pesquisa Atmosférica da Nova Zelândia, do Museu de História Natural de Londres, na Inglaterra, e da Universidade de Oslo, na Noruega, durante um trabalho de campo em Wanganui, na costa oeste da Ilha do Norte, na Nova Zelândia.

Eles encontraram evidências fósseis de pequenos pólipos Protulophila em tubos fossilizados em rochas jovens (geologicamente falando), com menos de um milhão de anos de idade. Depois de encontrar os animais “extintos” nessas rochas, a equipe examinou o interior de tubos serpulídeos da coleção do Instituto Nacional de Água e Pesquisa Atmosférica e encontrou exemplos de Protulophila que tinham sido negligenciados.

Essas amostras tinham sido coletadas tão recentemente quanto em 2008, em águas com profundidade de 20 metros perto da cidade de Picton, no canto nordeste da Ilha do Sul, na Nova Zelândia. Agora, os cientistas sugerem que Protulophila seja a fase de pólipo de um hidróide cujo apenas o estágio de medusa é conhecido.

 “Muitas espécies de hidrozoários têm um ciclo de vida de dois estágios e, em muitos casos, essas duas fases acabam não sendo relacionadas [pelos cientistas]. Nossa descoberta pode, portanto, significar a resolução de dois quebra-cabeças ao mesmo tempo”, explica Dennis Gordon, do Instituto Nacional de Água e Pesquisa Atmosférica da Nova Zelândia. A equipe agora espera coletar amostras frescas do animal “ressuscitado” para realizar um sequenciamento genético. [IFLS]

Fala sério, vai!

C. K. Carvalho