segunda-feira, 22 de junho de 2015

DEUS by Erwin Schrödinger

DEUS
by Erwin Schrödinger
 


O quadro científico do mundo a minha volta é muito deficiente. Ele me dá muitas informações factuais, põe toda nossa experiência em uma ordem magnificamente coerente, mas mantém um horrível silêncio sobre tudo o que é caro ao nosso coração, o que é realmente importante para nós. Esse quadro não me diz uma palavra sobre a sensação de vermelho ou azul, amargo e doce, sentimentos de alegria e tristeza. Não sabe nada de beleza e fealdade, de bom e de mau, de Deus e de eternidade.

A ciência, às vezes, finge responder a essas perguntas, mas suas respostas, quase sempre, são tão tolas que não podemos aceitá-las seriamente. A ciência é reticente também quando se trata de uma pergunta sobre a grande Unidade da qual nós, de alguma forma, fazemos parte, à qual pertencemos. Agora, em nosso tempo, o nome mais popular para isso é Deus, com D maiúsculo. A ciência tem sido, costumeiramente, rotulada de ateísta e, depois de tudo o que já dissemos, isso não é de surpreender.

Se o quadro do mundo da ciência não contém beleza, alegria, tristeza, se personalidade foi eliminada dele, por comum acordo, como poderia conter a idéia mais sublime que se apresenta à mente humana?


Antony Flew

Um ateu garante: Deus existe – As provas incontestáveis de um filósofo que não acreditava em nada. São Paulo: Ediouro. (versão digitalizada), 2008, p.78

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