DEUS
by Erwin Schrödinger
O quadro científico do mundo a
minha volta é muito deficiente. Ele me dá muitas informações factuais, põe toda
nossa experiência em uma ordem magnificamente coerente, mas mantém um horrível
silêncio sobre tudo o que é caro ao nosso coração, o que é realmente importante
para nós. Esse quadro não me diz uma palavra sobre a sensação de vermelho ou
azul, amargo e doce, sentimentos de alegria e tristeza. Não sabe nada de beleza
e fealdade, de bom e de mau, de Deus e de eternidade.
A ciência, às vezes, finge
responder a essas perguntas, mas suas respostas, quase sempre, são tão tolas
que não podemos aceitá-las seriamente. A ciência é reticente também quando se
trata de uma pergunta sobre a grande Unidade da qual nós, de alguma forma,
fazemos parte, à qual pertencemos. Agora, em nosso tempo, o nome mais popular
para isso é Deus, com D maiúsculo. A ciência tem sido, costumeiramente,
rotulada de ateísta e, depois de tudo o que já dissemos, isso não é de
surpreender.
Se o quadro do mundo da ciência
não contém beleza, alegria, tristeza, se personalidade foi eliminada dele, por
comum acordo, como poderia conter a idéia mais sublime que se apresenta à
mente humana?
Antony Flew
Um ateu garante: Deus existe – As provas incontestáveis de
um filósofo que não acreditava em nada. São Paulo: Ediouro. (versão
digitalizada), 2008, p.78
Nenhum comentário:
Postar um comentário