REGISTROS CRONOLÓGICOS ANTIGOS (Parte
2)
David C. C. Watson
ICR Midwest
Center, 207 North Washington. Wheaton. Illinois 60187. USA.
Mostra-se neste artigo que não só as Escrituras, mas
também as obras dos escritores pagãos da antiguidade, apontam para um mundo
recente, originado há não mais de poucos milhares de anos. Muitas citações são
aduzidas para comprovar essa afirmação. Os antigos também não criam em evolução
ao acaso, mas sim, em sua maior parte, na fixidez das espécies, e, em
praticamente em sua totalidade, no resultado de um planejamento inteligente no
mundo ao nosso redor.
Cícero
Perto do fim de sua vida, o
orador romano Cícero (104-43 a.C.) escreveu um tratado sobre “A Natureza dos
Deuses”, abordando toda a filosofia grega e romana. Ele faz menção a uma
“Idade de Ouro” de vegetarianismo na qual os homens “não faziam dano algum
aos bois”, e insiste que:
a) as estrelas e muitos dos
produtos da Terra foram criados somente para o benefício do homem, e
b) muitos animais foram criados
para servir o homem. Ao discutir contra a ideia de que os deuses teriam forma
humana, cita um poeta latino anterior que diz:
Como
se parece conosco em seu formato
Aquele
disforme animal, o macaco!
Porém, diz Cícero, semelhança
física externa não indica modo de vida semelhante (os hábitos dos macacos não
são os nossos), e inversamente semelhança espiritual não é sinal de semelhança
física. Assim, “os deuses devem ter consciência e razão como nós, porém isso
não demonstra que se pareçam conosco”. Cícero aqui intuitivamente abordou
uma importante descoberta da genética moderna: a semelhança da estrutura física
não indica necessariamente a descendência de um ancestral comum. A semelhança é
“irrelevante”.
Em todo o livro não há uma sílaba
que sugira a ideia de gradualismo ou de transformação de uma espécie de
criatura em outra. Epicuro (nascido em 342 a.C.) é citado como tendo dito que
“... o mundo foi feito por um
processo natural, sem qualquer necessidade de um Criador; e esse processo de
fato opera tão facilmente que a natureza criou, está criando, e criará mundos
sem fim”.
Em outras palavras, não mais são
necessários “aeons” de tempo; a “natureza” pode tirar um coelho
da cartola em qualquer momento, e continuar a fazê-lo! Desta forma, mesmo um
ateu não vem em apoio às teorias geológicas de Charles Lyell! Embora não sendo
estritamente relevantes à questão do tempo, alguns outros poucos parágrafos de
Cícero mostrarão que argumentos contra a evolução e a favor da criação têm sido
considerados claramente por pensadores diversos pelo menos há dois mil anos. William V. Mayer, escrevendo no “NABT Compendium on the
Evolution-Creation Controversy” (página 96) tenta mostrar o filósofo grego
Tales (640-546 a.C.) como um darwinista anterior a Darwin. Entretanto, ele não
nos diz, como o faz Cícero, que Tales declarou:
“da
água a mente de Deus criou todas as coisas!”
Mayer chama Empédocles (495-435
a.C.) de “fundador da ideia da Evolução”. Talvez tivesse sido, porém
leiamos o comentário de Cícero sobre essa escola filosófica:
“Não é incrível que alguém
possa levar-se a si mesmo a acreditar que numerosas partículas sólidas
separadas, mediante suas colisões ao acaso, e movidas somente pela força de seu
próprio peso, pudessem, trazer à existência um mundo tão belo e maravilhoso? Se
alguém pensa isso ser possível, não vejo por que também não deveria pensar que,
se um número infinito de exemplares das vinte e uma letras do alfabeto, feitas
de ouro ou do que se quiser, fossem misturadas e lançadas ao chão, seria
possível caírem formando, por exemplo, o texto dos Anais de Ennius. De fato,
duvido que o acaso permitisse a composição de um único verso!. Assim, como pode
essa gente induzir-se a afirmar que o universo foi criado por colisões cegas e
acidentais de partículas destituídas de cor e de qualquer outra qualidade? E
ainda mais, afirmar que um número infinito de mundos semelhantes estão vindo à
existência e desaparecendo ao longo do tempo! Se essas colisões de átomos ao
acaso podem construir um mundo, por que não podem construir um pórtico, um
templo, ou uma casa ou uma cidade? Seria uma tarefa muito mais fácil e menos
trabalhosa” (1).
Aristóteles também tem sido com
frequência invocado (ingenuamente) como um campeão da evolução, porém seus
sentimentos reais foram preservados por Cícero (de um livro desaparecido):
“Imaginemos uma raça de homens,
que tenha sempre vivido debaixo da terra, em belas e nobres residências,
embelezadas por pinturas e estátuas, e mobiliadas com tudo que a riqueza possa
produzir para seu conforto. Imaginemos que esses homens nunca tenham vindo à
superfície da terra, mas que tenham ouvido, por rumores ou boatos, da
existência do divino reino dos deuses. Imaginemos, então, que em algum instante
a terra se abrisse e eles fossem capazes de escapar e vir dessas suas
habitações escondidas para os lugares em que vivemos. Quando, ao mesmo tempo
vissem a terra, o mar e o céu, contemplassem a majestade das nuvens e sentissem
o poder do vento, vissem o sol em seu esplendor e viessem a compreender o seu
poder, trazendo a luz do dia ao mundo, espalhando sua luz pelo céu; e então,
quando a noite lançasse sua sombra sobre a terra, e vissem o céu com a
fulgurância e a glória das estrelas, o brilho variável da lua em suas fases, o
nascer e o pôr desses corpos celestes, e seu curso seguro e imutável durante
toda a eternidade; quando vissem todas essas coisas, não ficariam convencidos
imediatamente da existência dos deuses, e de que todas essas maravilhas são
obra de suas mãos?”. (2)
Finalmente, não posso deixar de
incluir um parágrafo que já há dois mil anos atrás nos recordava de nossa
humilde origem:
“Se alguém tentasse aperfeiçoar
algo na natureza, ou o tornaria pior ou estaria tentando o impossível. Todas as
partes do universo são feitas de tal forma que não poderiam melhor adaptar-se à
sua função, ou melhor parecer em sua estética”.
“Consideremos agora se tudo
isso é acidental, ou se o mundo todo está constituído de tal maneira que não
poderia manter sua unidade sem o espírito diretor da Divina Providência.
... Ao se contemplar um quadro
ou uma escultura, reconhece-se nele uma obra de arte. Ao se viajar de navio
pelo mar, não se questiona estar ou não ele sendo dirigido por uma inteligência
capacitada. Ao se deparar com um relógio de sol ou com uma clepsidra,
conclui-se que eles marcam o tempo em decorrência de algo planejado ou
projetado, e não por acaso. Como, então, se pode imaginar que o universo como
um todo seja destituído de propósito e de racionalidade, visto que ele
compreende tudo, incluindo esses mesmos artefatos e seus artífices? Nosso amigo
Posidônio, como é sabido, recentemente construiu um globo que em sua rotação
mostra os movimentos do Sol, das estrelas e dos planetas, de dia e de noite,
reproduzindo exatamente o que contemplamos no céu. Ora, se alguém tomasse esse
globo e fosse mostrá-lo aos habitantes da Bretanha ou da Cítia, por acaso
haveria um só desses bárbaros que não compreendessem ter sido ele o resultado
de uma consciência inteligente?
Nossos opositores, entretanto,
professam estar em dúvida quanto ao universo, a fonte e a origem de todas as
coisas, ter vindo à existência por acidente, por necessidade, ou como o
resultado da ação de uma inteligência divina. Imaginam eles que Arquimedes
tenha demonstrado maiores poderes por imitar os movimentos dos corpos celestes
em um modelo, do que a natureza em realizá-los. No entanto, os movimentos reais
são muitíssimo mais sutis do que a sua própria imitação. (3)
Assim, deixemos de lado todos
os sofismas da argumentação, e simplesmente deixemos nossos olhos confessar o
esplendor do universo, deste mundo que afirmamos ser criado pela providência de
Deus.” (4)
Resumindo: Cícero foi um dos mais
cultos e prolíficos escritores do mundo antigo. Suas cartas, discursos e
tratados preencheriam dois volumes de porte equivalente ao de uma Bíblia.
Entretanto, um evolucionista poderia procurar dia e noite, por anos a fio, em
suas centenas de milhares de palavras, qualquer apoio em favor de Darwin, por
mínimo que fosse, e não o encontraria. Como um experiente advogado, Cícero
preferia acreditar na evidência de seus sentidos, no registro da história, e
nos fatos da natureza, e não nas hipóteses especulativas de filósofos
desligados da realidade.
Continua...
Carlos Carvalho
Não Sou Ateu, Brasil!
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