sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Pensando sobre os agnósticos...


PENSANDO SOBRE OS AGNÓSTICOS

O agnosticismo tem como máxima, ao menos em meu entendimento, o não saber se Deus existe ou não, não têm a certeza dessa afirmação, e, por isso, não poderiam nem podem tecer conceitos ou conteúdos sobre o tema. Preferem não se enveredar por este caminho.

O agnosticismo, portanto, se torna uma crença na dúvida, e nela sustenta seu argumento. Porém, tomar a posição do meio, neste caso específico, não é um sinal de inteligência, mas de ignorância. Agnósticos são ignorantes acerca do conhecimento de Deus.

Tal qual os ateus, os agnósticos não possuem conhecimento sobre Deus e se assemelham àqueles. Isso porque os ateus, ao declararem que não acreditam na existência divina, o fazem não por métodos empíricos ou científicos, mas pelo fato de não terem as “evidências” para a sua comprovação, por isso, são ignorantes dos fatos e das evidências que testificam a existência do Ser divino. 

Agnósticos ou ateus estão no mesmo barco e indo na mesma direção. Talvez, a maior diferença entre ambos é que um é mais educado do que o outro quando estão se relacionando com as pessoas.


Carlos Carvalho

11 de agosto de 2017

sábado, 10 de junho de 2017

ADMIRAÇÃO MAIOR PELO CRIADOR



Não há dúvida de que muitos leitores raciocinaram por si mesmos ou aprenderam, em vários cenários religiosos, que a beleza gloriosa de uma flor ou o voo de uma águia só podem existir como consequência de uma inteligência sobrenatural que apreciava a complexidade, a diversidade e a beleza.

Agora, porém, que os mecanismos moleculares, as trilhas genéticas e a seleção natural estão sendo apresentados para explicar isso tudo, talvez você fique tentado a gritar: "Basta! Suas explicações naturalistas estão tirando todo o mistério divino do mundo!".

Não tenha receio; ainda há muito de mistério divino. Muitos que levaram em conta todas as evidências espirituais e científicas ainda veem a mão criativa e condutora de Deus trabalhando.

Para mim, não há uma só partícula de decepção ou desilusão nessas descobertas sobre a natureza da vida — muito pelo contrário! Como a vida se revela maravilhosa e complexa! Quão profundamente satisfatória é a elegância digital do DNA! Quanto apelo sublime, estético e artístico existe em tudo o que compõe as criaturas vivas, do ribossomo que traduz o DNA em proteína à metamorfose da lagarta em borboleta, passando pela sensacional plumagem do pavão atraindo sua companheira!

A evolução, como mecanismo (no sentido das pequenas transformações e adaptações das espécies), pode e deve ser real. No entanto, não nos diz nada acerca da natureza de seu criador. Para quem acredita em Deus, agora existem motivos para ter mais, e não menos, admiração.


Francis Collins
A Linguagem de Deus

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

O Argumento de Leibniz - Final


O Argumento de Leibniz - final




Alternativa ateísta: “O universo existe necessariamente!”



O que os ateístas podem fazer a esta altura? Eles têm a seu dispor uma alternativa mais radical. Podem voltar atrás, retirar sua objeção à peneira premissa t dizer, em vez disso que, sim, o universo tem sim uma explicação para existir Mas que essa explicação e a seguinte:



O universo existe por uma necessidade de sua própria natureza.



Para eles, o universo serviria como uma espécie de substituto de Deus que existe necessariamente. Ora, esse seria um passo muito radical para eles, e de fato não consigo me lembrar de nenhum defensor do ateísmo que tenha adotado essa linha de raciocínio. Há alguns anos, em uma conferência no Santa Barbara City College sobre a filosofia do tempo, cheguei a pensar que o professor Adolf Grunbaum, um beligerante ateu e filósofo da ciência da Universidade de Pittsburgh, estava flertando com essa ideia. Mas quando levantei a questão sobre se ele pensava que o universo existia necessariamente, ele ficou positivamente indignado com a minha sugestão.


"Claro que não”, vociferou ele e prosseguiu, dando seqüência à alegação de que o universo apenas existe sem qualquer explicação. A razão pela qual os ateístas não parecem ansiosos para abraçar essa alternativa é clara. Quando olhamos para o universo, vemos que nenhuma das coisas que o compõem, sejam as estrelas, os planetas, as galáxias, a poeira cósmica, a radiação ou o que quer que seja parece existir necessariamente. Todas essas coisas poderiam deixar de existir; na realidade, em algum momento do passado, quando o universo era muito denso, nenhuma delas existia.


Mas pode ser que alguém diga: “E quanto à matéria da qual essas coisas são feitas? Talvez a matéria exista necessariamente, e todas essas coisas sejam apenas configurações diferentes de matéria. O problema com essa possibilidade é que, de acordo com o modelo padrão da física subatômica, a própria matéria é composta por minúsculas partículas fundamentais que não podem continuar a ser decompostas. O universo é apenas um conjunto dessas partículas arranjadas de diferentes maneiras. Mas agora surge a seguinte questão: Não poderia ter existido um conjunto diferente dessas partículas fundamentais em vez desse que temos? Cada uma dessas partículas existe necessariamente?




 



Observe bem o que os ateístas não podem dizer a respeito disso. Eles não podem dizer que as partículas subatômicas elementares são meras configurações da matéria e que poderiam ter sido diferentes do que são, mas que a matéria de que elas são compostas existe necessariamente. Eles não podem dizer isso, pois as partículas subatômicas elementares não são compostas de nada! Elas são apenas unidades básicas de matéria. Assim, se uma partícula específica não existir, a matéria não existe.


Parece evidente que um conjunto diferente de partículas elementares poderia ter existido em vez desse que existe. Mas se fosse esse o caso, então teria existido um universo diferente. Para entender esse ponto, pense em sua escrivaninha. Poderia ela ter sido feito de gelo? Note bem que não estou perguntando se você poderia ter tido uma escrivaninha de gelo em lugar da sua escrivaninha de madeira, que fosse do mesmo formato e tamanho. Antes estou perguntando se a sua própria escrivaninha, essa que é feita de madeira, se essa mesma escrivaninha poderia ter sido feita de gelo. A resposta obviamente é não. Se fosse feita de gelo seria uma escrivaninha diferente e não a mesma que você tem.


Do mesmo modo, um universo composto de diferentes partículas subatômicas, ainda que elas fossem arranjadas de forma idêntica nesse universo, seria um universo diferente. Segue-se, portanto, que o universo não existe por uma necessidade de sua própria natureza.


Ora, alguém poderia fazer uma objeção, dizendo que o corpo humano continua idêntico com o passar do tempo, a despeito de haver uma troca completa do material de seus constituintes por novos constituintes. Afirma-se que a cada sete anos a matéria que compõe nosso corpo é quase que completamente reciclada. Ainda assim, meu corpo é idêntico ao corpo que eu tinha antes. Por analogia, alguém poderia dizer que vários possíveis universos poderiam ser idênticos muito embora fossem compostos de diferentes conjuntos de partículas subatômicas.


A falta de analogia crucial, entretanto, é que a diferença entre possíveis universos não é absolutamente alguma espécie de mudança, pois não existe um sujeito que subsista e que vá passando por mudanças intrínsecas de um estado para outro. Logo, universos feitos de partículas diferentes não são como as fases diferentes pelas quais passa o meu corpo. Antes, são como dois corpos que não possuem qualquer conexão um com o outro, absolutamente.


Ninguém pensa que cada partícula subatômica do universo exista por uma necessidade de sua própria natureza. Segue-se que o universo, composto de tais partículas, também não existe por uma necessidade de sua própria natureza. Note que o caso permanece o mesmo quer estejamos pensando no universo como sendo em si um objeto (assim como uma estátua de mármore não é idêntica a outra estátua feita de mármore diferente) ou pensando nele como sendo um conjunto ou grupo (assim como um bando de pássaros não é idêntico a outro bando composto de pássaros diferentes), ou mesmo como sendo absolutamente nada além das partículas em si.


Minha tese de que o universo não existe necessariamente fica ainda mais óbvia quando pensamos que parece ser inteiramente possível que os elementos fundamentais que constituem a natureza poderiam ter sido substâncias inteiramente diferentes as partículas subatômicas que hoje temos. Tal universo se caracterizaria por leis da natureza diferentes. Ainda que tomemos nossas leis da natureza como algo logicamente necessário, ainda assim é possível que existissem diferentes leis por causa das substancias dotadas de propriedades e capacidades diferentes das nossas partículas subatômicas poderiam ter existido. Nesse caso estaríamos claramente lidando com outro tipo inteiramente diferente de universo.


Portanto, os defensores do ateísmo não foram tão ousados a ponto de negar a segunda premissa e dizer que o universo existe necessariamente. Como a primeira premissa, a segunda premissa também parece ser verdadeira em termos de plausibilidade.



Conclusão



Dada a verdade dessas três premissas, não há como escarparmos da seguinte conclusão lógica: Deus é a explicação da existência do universo. Além disso, o argumento implica que Deus é não causado, uma mente não encarnada em um corpo, que transcende o universo físico e até mesmo o tempo e o espaço, e que existe necessariamente. Tal conclusão é assombrosa! Leibniz expandiu nossas mentes muito além das questões mundanas da vida cotidiana.



Willian Lane Graig
2011

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Religião & Ciência


Religião & Ciência



"Nunca poderá haver um real antagonismo entre religião e ciência, porque uma é o complemento da outra.


A religião e a ciência natural estão lutando juntas numa cruzada sem trégua contra o ceticismo e o dogmatismo, contra a descrença e a superstição, e, assim, a favor de Deus!.


Deus é um matemático de altíssima categoria, que usou matemática avançada para construir o universo".



Max Planck

Físico alemão. É considerado o pai da física quântica e um dos físicos mais importantes do século XX. Planck foi laureado com o Nobel de Física de 1918, por suas contribuições na área da física quântica.


quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

OArgumento de Leibniz 3


O Argumento de Leibniz 3



Segunda Premissa

Se o universo tem uma explicação para existir essa explicação é Deus.

Os defensores do ateísmo concordam com a segunda premissa E quanto à segunda premissa, que afirma que se explicação para existir essa explicação é Deus? Em termos plausíveis, ela é mais verdadeira ou falsa?

O que mais causa estranheza para os defensores do ateísmo a essa altura é que a segunda premissa é logicamente equivalente à típica resposta ateísta ao argumento de Leibniz. Dois enunciados são logicamente equivalentes se for impossível um deles ser verdadeiro e o outro falso. Ou ambos se sustentam ou ambos caem por terra. Então, o que um ateísta quase sempre diz em resposta ao argumento de Leibniz? Como acabamos de ver, ele tipicamente afirma o seguinte

  1. Se o ateísmo é verdadeiro, o universo não tem uma explicação para existir.

Essa é precisamente a resposta dos ateístas à primeira premissa. Para eles o universo apenas existe de forma inexplicável. Mas isso equivale logicamente a dizer:



  1. Se o universo tem uma explicação para existir, então o ateísmo não é verdadeiro.

Portanto, não se pode afirmar A e negar B.  Mas B é praticamente um sinônimo da segunda premissa! (Compare os dois enunciados). Assim, ao dizer em resposta à primeira premissa que, dado o ateísmo, o universo não tem explicação, os ateístas estão implicitamente admitindo a segunda premissa, ou seja, se o universo tem uma explicação para existir, então Deus existe.

Outro argumento em favor da segunda premissa: “A causa do universo: um objeto abstrato ou uma mente sem corpo físico?”

Além disso, a segunda premissa é muito plausível em seus próprios termos. Pense no que é o universo: toda realidade tempo-espaço, inclusive toda matéria e energia. Segue-se que se o universo tem uma causa de existência, essa causa deve ser um ser não físico, imaterial.

Ora, existem somente duas coisas que se encaixam nessa descrição: um objeto abstrato, como um número, ou uma mente sem corpo físico. Porém, objetos abstratos não podem ser causa de nada. Isso faz parte do que significa ser abstrato. O número 7, por exemplo, não pode causar nenhum efeito. Logo, a causa da existência do universo deve ser uma mente transcendente, e é isso que os cristãos e n t e n d e m por Deus.

Espero que esteja começando a captar a força do argumento de Leibniz. Se bem-sucedido, este argumento prova a existência de um Criador pessoal do universo, um Criador necessário, não causado acima do tempo e do espaço e imaterial. Não estou me referindo a alguma entidade mal concebida, como um ser extraterrestre, mas de um ser ultramundano e que possui as muitas propriedades tradicionais de Deus. Isso é verdadeiramente fascinante!


Alternativa ateísta: “O universo existe necessariamente!”

(Continua...)

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O Argumento de Leibniz 2

O Argumento de Leibniz 2

Primeira Premissa
Tudo que existe tem uma explicação para existir.

Uma objeção à primeira premissa: “Deus deve ter uma explicação para sua existência”

Em princípio, a primeira premissa pode parecer vulnerável de um modo bem evidente.  E tudo que existe tem uma explicação para existir, e Deus existe, logo Deus deve ter uma explicação para sua existência! Mas isso parece estar fora de questão, pois a explicação para a existência de Deus exigiria a explicação da existência de outro ser maior do que Deus. Uma vez que isso e impossível, a primeira premissa deve ser falsa. 

Algumas coisas devem ser capazes de existir sem que haja qualquer explicação para isso. Um cristão diria que Deus existe de forma inexplicável. O ateu diria: “Por que não para o universo? O universo simplesmente existe, de forma inexplicável”. Com isso, parece que chegamos a um beco sem saída.

Resposta à objeção anterior: “Certas coisas existem necessariamente”

Vamos mais devagar! Essa evidente objeção a primeira premissa se baseia em uma compreensão equivocada do que Leibniz quis dizer por “explicação”. Na visão dele existem duas classes de coisas: (a) as que existem necessariamente e (b) as que são geradas por alguma causa externa. Vou explicá-las.

(a) As coisas que existem necessariamente existem por uma imposição ou necessidade de sua própria natureza. Para elas é impossível não existir. Muitos matemáticos acreditam que os números, os conjuntos e outros entes da matemática pertencem a essa classe de coisas. Eles não são causados por outra coisa; apenas existem pela necessidade de sua própria natureza.

(b) Por contraste, as coisas que têm sua existência causada por outra não existem necessariamente. Elas existem porque algo além delas as gerou. Objetos físicos conhecidos, como as pessoas, os planetas e as galáxias pertencem a essa categoria de coisas.

Portanto, quando Leibniz diz que tudo que existe tem uma explicação para existir, essa explicação pode se encontrar ou em uma necessidade da natureza da própria coisa ou em alguma causa externa. Assim, a primeira premissa poderia ser expressa de forma mais completa da seguinte maneira:

1. Tudo que existe tem uma explicação para existir, seja essa explicação uma necessidade da própria natureza da coisa ou uma causa externa.

Mas com isso a objeção acima cai por terra. A explicação para a existência de Deus se encontra na necessidade da própria natureza de Deus. Como até um ateu reconhece, é impossível que Deus tenha uma causa. Logo, o argumento de Leibniz é na verdade um argumento em favor de Deus como um ser necessário, não causado.

Longe de diminuir o argumento de Leibniz, a objeção ateísta a primeira premissa na verdade ajuda a esclarecer e engrandecer quem Deus é! Se Deus existe, ele é um ser que necessariamente existe, que não é causado.

Defesa da primeira premissa: “Tamanho não importa”

Então, que razão podemos oferecer para alguém pensar que a primeira premissa é verdadeira? Bem, quando você começa a refletir sobre essa premissa, percebe que ela é uma espécie de premissa evidente em si mesma. Suponha que você esteja atravessando uma floresta e se depare com uma bola translúcida bem no meio da floresta.

Sua reação natural seria se perguntar como aquilo foi parar ali. Se alguém que estivesse com você dissesse, “Ora, isso apenas existe, não tem uma explicação. Não se preocupe com isso!”, você pensaria uma dessas duas coisas: que essa pessoa estava maluca ou que só estava querendo seguir em frente. Ninguém levaria a sério a sugestão de que aquela bola existia e estava lá sem nenhuma explicação, literalmente.

Suponha agora que você aumente o tamanho dessa bola e ela passe a ser do tamanho de um carro. Isso não mudaria em nada a exigência de uma explicação para ela. Suponha que ela seja do tamanho de uma casa. Continua havendo a mesma necessidade de explicação. Ou que ela seja do tamanho de um continente ou de um planeta. A mesma coisa. Suponha que ela seja do tamanho do universo inteiro. A necessidade de explicação continua. Meramente aumentar o tamanho da bola não afeta em nada a necessidade de uma explicação.

A falácia do táxi

As vezes os defensores do ateísmo dirão que a primeira premissa é verdadeira para tudo que esteja no universo, mas não acerca do universo em si. Tudo o que existe no universo tem uma explicação, mas o próprio universo não tem.

Contudo, essa explicação comete algo que tem sido chamado de “falácia do táxi”. Como costumava dizer com sarcasmo Arthur Schopenhauer, filosofo ateu do século XIX, a primeira premissa não pode ser dispensada com um aceno de mão, como se dispensa um táxi depois que se chega ao destino desejado! Não se pode dizer que tudo tem uma explicação para existir e, de repente, tirar o universo fora disso. Seria uma atitude arbitraria da parte do ateu se ele alegasse que o universo é uma exceção à regra (lembre-se que o próprio Leibniz não fez de Deus uma exceção à regra da primeira premissa).

A ilustração que demos acima com a bola na floresta mostrou que o simples fato de aumentar o tamanho do objeto a ser explicado, mesmo que ele chegue ao tamanho do universo inteiro, não anula a necessidade de haver alguma explicação para a sua existência.

Observe ainda o quanto essa resposta do ateísmo não é cientifica. Pois a própria cosmologia (estudo do universo) atual se dedica a busca de uma explicação para a existência do universo. A atitude ateísta mutilaria a ciência.

Outra falácia ateísta: “E impossível que o universo tenha uma explicação”

Assim, alguns defensores do ateísmo tentaram arrumar uma justificativa para fazer do universo uma exceção à primeira premissa. Eles disseram que é impossível que o universo tenha uma explicação para sua existência. Por quê? Porque essa explicação teria que ser um estado de coisas anterior no qual o universo ainda não existia. Mas isso seria o nada, e o nada não pode ser a explicação de algo que existe. Assim, o universo deve somente existir, de forma inexplicável.

Essa linha de raciocínio é uma evidente falácia. Pois ela assume que o universo seja tudo o que existe, de modo que se o universo não existisse, haveria o nada. Em outras palavras, a objeção presume que o ateísmo seja verdade! Os ateístas, portanto, estão cometendo uma repetição de principio, argumentando em círculos.

Leibniz concordaria com a colocação de que a explicação do universo deve estar em um estado de coisas anterior à existência do universo. Mas esse estado de coisas anterior é Deus e sua vontade, e não o nada. 

Parece-me, portanto, que a primeira premissa, em termos plausíveis, é mais verdadeira do que falsa, e isso é tudo que precisamos para um bom argumento.

(Continua...)


Willian Lane Craig

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

O Argumento de Leibniz - 1


O argumento de Leibniz

Gottfried Wilheim Leibniz (1646 - 1716) foi um filósofo alemão, que também era matemático e especialista em lógica alemã. Ele inventou o cálculo diferencial e integral mais ou menos na mesma época em que Isaac Newton. Na verdade, ele passou os últimos cinco anos de vida se defendendo da acusação de que ele havia roubado e publicado as ideias de Newton. Hoje é consenso entre a maioria dos historiados que Leibniz de fato inventou o cálculo de forma independente.

Podemos reduzir o pensamento de Leibniz à forma de um simples argumento. Isso traz a vantagem de deixar a sua lógica bem clara e voltar nossa atenção para os passos cruciais de seu raciocínio. Também deixa seu argumento bem fácil de memorizar para que depois possamos compartilhá-lo com outras pessoas. O raciocínio de Leibniz possui três premissas:

1. Tudo que existe tem uma explicação para existir.
2. Se o universo tem uma explicação para existir essa explicação é Deus.
3. O universo existe.

É isso aí! Ora, o que se segue logicamente dessas três premissas? Bem, vejamos a primeira e a terceira premissa. (Peço que as leia em voz alta, se isso de alguma forma ajudar). 5e tudo que existe tem uma explicação para existir e o universo existe, então, logicamente segue-se que:

4. O universo tem uma explicação para existir.

Observe agora que a segunda premissa diz que se o universo tem uma explicação para existir essa explicação é Deus. E a quarta premissa diz que universo de fato tem uma explicação para existir. Então, da segunda e quarta premissas segue-se logicamente que:

5. Portanto, a explicação da existência do universo é Deus.

Ora, esse é um argumento logicamente hermético, incontestável. Equivale a dizer que se as três premissas são verdadeiras, a conclusão é inevitável. Pouco importa se um ateu ou um agnóstico não goste dessa conclusão. Pouco importa se ele tiver outras objeções à existência de Deus. Contanto que ele admita as premissas, ele terá que aceitar a conclusão. Assim, se ele quiser refutar a conclusão, terá que dizer que uma das três premissas é falsa. Mas qual delas ele refutará? A terceira premissa é inegável para qualquer um que esteja sinceramente em busca da verdade. É obvio que o universo existe! Logo, o ateu terá que negar a primeira ou a segunda premissa, se pretende continuar sendo ateu e racional.
Portanto, a questão toda se resume a isso: A primeira e a segunda premissa são verdadeiras ou falsas? Vamos dar uma olhadinha nelas.
(Continua...)

Willian Lane Craig

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Uma Falácia Ateísta


UMA FALÁCIA ATEÍSTA


Uma falácia ateísta diz que: “E impossível que o universo tenha uma explicação” Assim, alguns defensores do ateísmo tentaram arrumar uma justificativa para fazer do universo uma exceção. Eles disseram que é impossível que o universo tenha uma explicação para sua existência. Por quê? Porque essa explicação teria que ser um estado de coisas anterior no qual o universo ainda não existia. Mas isso seria o nada, e o nada não pode ser a explicação de algo que existe.

Assim, o universo deve somente existir, de forma inexplicável. Essa linha de raciocínio é uma evidente falácia. Pois ela assume que o universo seja tudo o que existe, de modo que se o universo não existisse, haveria o nada. Em outras palavras, a objeção presume que o ateísmo seja verdade! Os ateístas, portanto, estão cometendo uma repetição de princípio, argumentando em círculos.

Leibniz concordaria com a colocação de que a explicação do universo deve estar em tal estado de coisas anterior à existência do universo. Mas esse estado de coisas anterior é Deus e sua vontade, e não o nada. Parece-me, portanto, que a  premissa de Deus como causa da existência do universo, em termos plausíveis, é mais verdadeira do que falsa, e isso é um bom argumento.


Willian Lane Craig

Em Guarda. Porque as coisas existem? p.59-73, 2011.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A Vida em Teoria de Stephen Hawking


A VIDA EM TEORIA DE STEPHEN HAWKING

Recente filme sobre a vida do famoso cientista britânico Stephen Hawking suscitou uma interessante análise que foi publicada no nº 324 da revista Ciência Hoje publicado em maio de 2015. Nessa análise, o pesquisador brasileiro Prof. Felipe Tovar Falciano, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, ressalta que o filme, intitulado “A teoria de tudo” dá mais destaque à biografia do físico britânico do que à sua busca por uma equação capaz de explicar todos os fenômenos da natureza. Julgamos de interesse para nossos leitores o conhecimento dessas considerações, pelo que transcrevemos a seguir o texto publicado naquela importante revista de divulgação científica.

O filme A teoria de tudo” tem como enredo principal a vida do físico britânico Stephen Hawking. Hawking é conhecido não só por seus trabalhos em cosmologia e física de buracos negros, mas também por sua doença, que acabou por colocá-lo dentro de um estereótipo de gênio com cérebro brilhante em condições físicas limitadas.

O título do filme é uma menção direta à ideia das chamadas “teorias finais”, as quais seriam capazes de explicar todos os fenômenos da natureza com um único formalismo. A afeição de Hawking por esta ideia aparece no filme, por exemplo, quando ele faz uma pergunta retórica a Dennis Sciama, seu orientador de doutorado: “não seria bom se houvesse uma simples equação que pudesse explicar tudo?” Mas infelizmente, até o momento, as teorias de unificação são apenas um pote de ouro no fim do arco-íris.

É verdade que na Física moderna encontramos exemplos de unificação entre teorias outrora independentes. O próprio eletromagnetismo é em si a unificação dos fenômenos elétricos e magnéticos que, antes do século 19, eram entendidos como manifestações independentes. Outro exemplo é a “teoria eletrofraca” – com validade para altas energias – que unifica o eletromagnetismo e as interações nucleares fracas (responsáveis pelo decaimento radiativo).

Podemos apontar pelo menos três contribuições de peso acertadamente salientadas no filme. Hawking contribuiu de modo significativo no desenvolvimento dos teoremas de singularidade aplicados à cosmologia, fez a proposta pioneira de que buracos negros emitem radiação térmica (hoje chamada de “radiação Hawking”) e publicou trabalhos relevantes na área de cosmologia quântica, área fenomenológica que descreve o passado remoto do universo e na qual a gravitação é uma interação quântica.

Essa aspiração pela “teoria de tudo” se afina, embora não tenha nenhuma relação direta, com a explícita postura cética do cientista ateu. Em um dos momentos finais do filme, Jane, sua então mulher, lê uma passagem do livro Uma breve história do tempo” em que Hawking parece rever sua postura de cético ateu. Ela pergunta com ar de surpresa se ele passou a reconhecer a presença divina. A cena é bem construída e pode deixar dúvidas pelas reticências de Hawking, mas seu silêncio provavelmente é apenas mais uma amostra de seu respeito e carinho por Jane.

Apesar do título escolhido, o filme não desenvolve o assunto de “teorias de unificação”. A trama tem um enfoque pessoal, centrado nas relações e nos desdobramentos da vida do casal. A história foi inspirada no livro Travelling to infinity: my life with Stephen, escrito por Jane, o que nos permite reinterpretar o título como as visões e lembranças (a teoria) dos fatos e acontecimentos (de tudo) na vida de Jane e Hawking.

Para os amantes de ciência, é inevitável a atração por assistir “A teoria de tudo”. Por isso, vale ressaltar que há pouca informação sobre os trabalhos de Hawking no filme. Alguns diálogos são inteligentes e sarcásticos, como a explicação de Hawking sobre o que é cosmologia. O leitor não deve esperar um filme melodramático; ao contrário, existe não só um tempero refinado e bem equilibrado, com pitadas de humor, delicadeza, demonstrações de estima e respeito mútuo, mas também a narrativa da difícil luta contra uma doença avassaladora.

O retrato caricato da vida acadêmica não é muito original e tem, como sempre, mitificações e endeusamentos, embora não prejudiquem o bom andar da história. E como a abordagem dos temas científicos é escassa, fora um detalhe ou outro, não há qualquer ressalva quanto aos conceitos descritos no filme. Contudo, é praticamente impossível abordarmos temas como buracos negros, início do universo e natureza do tempo sem aflorar o interesse até dos mais apáticos. Assim, me vejo absorvido pelo desejo de comentar os assuntos relacionados aos três trabalhos mais famosos de Hawking, mesmo que brevemente.

O modelo padrão da cosmologia descreve um Universo em expansão a partir de um estado extremamente quente e denso no passado. A expansão cuida de esfriá-lo e sua densidade diminui com o passar do tempo. Porém, ao olharmos para o passado, deve ter havido um momento em que a temperatura e a densidade do Universo se tornaram infinitas, o que chamamos de “singularidade inicial do modelo” – erroneamente, essa singularidade chegou a ser interpretada como o início do Universo.

Na ciência, os modelos são simplificações necessárias para descrever as propriedades mais relevantes de um sistema. Assim, cogitou-se que essa singularidade fosse apenas um problema da simplificação usada no modelo cosmológico. A contribuição dos teoremas de singularidade foi mostrar que a presença da singularidade inicial do modelo cosmológico é uma propriedade genérica. Em condições pouco restritivas, a singularidade deve estar presente em todos os modelos cosmológicos.

Um buraco negro é um objeto astrofísico que tem um horizonte de eventos. Esse horizonte atua como uma membrana que só deixa passar em uma direção (entrando no buraco negro). Nada pode escapar dessa região, nem mesmo a luz, e, por isso, o nome buraco negro. A novidade proposta por Hawking foi que, ao interagir com campos quânticos, os buracos negros podem emitir uma radiação térmica cuja temperatura depende do inverso da massa do buraco negro – ou seja, quanto menor a massa de um buraco negro, mais rapidamente ele evaporaria. Esse trabalho inovador serviu de base para novas linhas de pesquisa – por exemplo, a analogia entre as propriedades dos buracos negros e as leis da termodinâmica.

Por fim, a cosmologia quântica foi uma das áreas extremamente influenciadas por Hawking. Esse campo de pesquisa descreve modelos de universo em uma fase em que efeitos de gravitação quântica seriam dominantes.

No filme, Hawking menciona que não há fronteiras para a diligência humana (“there are no boundaries to human endeavor”). Tal citação se conecta com uma proposta feita pelo cosmólogo em que o Universo seria descrito por um estado sem condições de contorno (boundary). Essa é uma ideia elegante que pretende evitar o problema da arbitrariedade das condições iniciais em cosmologia. Entretanto, a ideia de Hawking acaba por ser apenas uma nova proposta de condição inicial do Universo.


Extraído.

Boletim SCB. Ano III, n.36, junho de 2015, ps. 21-24.
Carlos Carvalho
Pesquisador autônomo

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O modelo=padrão para a origem do universo está correto?


O modelo-padrão para a origem do universo está correto?

Afinal, esse modelo está correto ou, o que é mais importante, ele está correto em prever uma origem do universo? Já descobrimos que o desvio da luz vermelha vinda de galáxias distantes fornece uma forte evidência do big bang. Além disso, a melhor explicação para a abundância de certos elementos no universo, como o hélio, está na tese de que eles foram formados em um denso e quente bing bang.

Por fim, a melhor explicação para a descoberta, feita em 1965, de um background cósmico de micro-ondas de radiação é considerá-lo como um vestígio do big bang. No entanto, o modelo-padrão do big bang precisa ser modificado de várias maneiras. Ele é baseado na teoria geral da relatividade formulada por Einstein. Mas essa teoria cai por terra quando o espaço é reduzido a proporções subatômicas. Precisamos introduzir nesse ponto a física subatômica e ninguém está bem certo de como isso deve ser feito. Além do mais, a expansão do universo provavelmente não é constante, como no modelo-padrão.

Ela provavelmente foi acelerando e teve um breve momento de uma expansão extremamente rápida no passado. Mas nenhum desses ajustes precisa afetar a previsão fundamental de uma origem absoluta do universo. Na verdade, os físicos têm proposto diversos modelos alternativos ao longo das últimas décadas, desde o trabalho apresentado por Friedman e Lemaitre, e provou-se repetidamente que todos os modelos que não se baseavam em uma origem absoluta não eram viáveis. Colocado de forma mais positiva, os únicos modelos fora do padrão que são viáveis são os que envolvem uma origem absoluta do universo.

Essa origem pode ou não ter tido um ponto inicial. Mas mesmo teorias (como a Stephen Hawking que defende a “não existência de limite”) que não têm um ponto como origem, ainda assim têm um passado finito. Segundo essas teorias, o universo não existiu desde sempre, mas veio a existir, ainda que isso não tenha acontecido num ponto precisamente definido. Em certo sentido, a história da cosmologia do século XX pode ser vista como uma única tentativa repetida em série, uma vez depois da outra, de evitar a origem absoluta prevista pelo modelo-padrão do big bang. Infelizmente, fica a impressão aos olhos dos leigos que o campo da cosmologia está sempre dando voltas sem nunca chegar a resultados duradouros. Mas o que os leigos não entendem é que essa enorme fila de teorias falhas serve apenas para confirmar o que foi previsto pelo modelo-padrão: que o universo veio a existir.

Essa previsão tem permanecido de pé por mais de oitenta anos, ao longo de um período de enormes avanços da observação astronômica e dos trabalhos de criação teórica da astrofísica. Na verdade, em 2003 parece que chegamos a uma espécie de divisor de águas, quando três proeminentes cientistas, Arvind Borde, Alan Guth e Alexander Vilenkin, conseguiram provar que qualquer universo que, em média, tenha estado em expansão ao longo de sua história não pode ser infinito em seu passado, mas têm obrigatoriamente que ter um limite de espaço-tempo passado.

O que torna a prova deles tão potente é o fato de que ela se sustenta independentemente da descrição física do próprio universo de origem. Por não termos ainda como fornecer uma descrição física do próprio universo de origem, esse breve momento tem sido terreno fértil para as mais diversas especulações. Um cientista o comparou com aquelas áreas dos mapas antigos onde tem uma legenda “Aqui devem ter existido dragões!”, ou seja, é alvo dos mais diversos tipos de fantasias. Mas o teorema de Borde-Guth-Vilenkin independe de qualquer descrição física daquele momento inicial. Fica implícito no teorema deles que mesmo que nosso universo fosse uma parte minúscula de um suposto multiverso, composto de muitos universos, esse multiverso deve ter tido uma origem absoluta. Vilenkin é franco acerca das implicações:

“Diz-se que um argumento é algo que convence pessoas razoáveis e uma prova é algo que convence até mesmo quem não é razoável. Com a prova agora em seu devido lugar, os cosmólogos não podem mais se esconder atrás da possibilidade de um universo de passado eterno. Não há como escapar: eles têm que encarar o problema de uma origem cósmica.”

William Lane Craig

Em Guarda, 2011, p.99-101.