Modernidade e Fé
Em uma
entrevista à revista Época, o filósofo britânico A.C. Grayling, ateu confesso,
mas moderado, disse que “o mundo seria bem melhor se não acreditássemos em
conto de fadas”, referindo-se às religiões. Ele acredita que as religiões fazem
mal à sociedade atual, assim como pensam quase todos os ateus ativistas.
Não sei de
onde certos ateus tiram essas ideias de “contos de fadas”, pois parece que eles
têm a tendência de perceber as crenças religiosas com a mesma mentalidade com a
qual vemos filmes e animações hollywoodianas, somadas à literatura infantil. As
crenças religiosas estão em um patamar bem diferente deste tipo de produção.
É também certo
que em qualquer tipo de crença religiosa do mundo ou num ambiente onde nenhuma
crença exista, o ser humano ainda continuaria a manifestar a maldade que vemos
diariamente diante de nossos olhos. A religião ou a falta dela são as desculpas
usadas por pessoas doentes, oportunistas e malignas para perpetrarem sua confusão
e seu ódio pela vida.
Mas longe de
desaparecer, os dados mundiais mostram exatamente o contrário acerca das
religiões. Apesar de certo avanço do ateísmo no mundo, seu crescimento é pífio,
só amenizado por sua exposição midiática. Em outras palavras, o ateísmo só
“aparece com força” porque seus militantes fazem “muito barulho” nas redes e
mídias populares.
Quando
corretamente analisados, os dados que mostram o ateísmo junto à irreligiosidade
não deveriam ser vistos assim, pois se tornam incoerentes. A irreligiosidade é
um estado em que os indivíduos se consideram sem alguma religião ou sem uma
prática religiosa, mas que admitem a crença em algo sobrenatural. Se as
pesquisas abaixo forem bem sérias e estatisticamente comprovadas, então o
ateísmo corresponde a apenas 3,97% da população mundial.
E ao
verificarmos os últimos dados das religiões no mundo, percebemos que serão
precisos mais que algumas dezenas de milhares de anos para que a crença
religiosa seja realmente extirpada da mente da humanidade, isso se supondo que
uma contínua e incrível onda de incredulidade se abatesse em cada canto do
planeta.
De acordo com
a pesquisa realizada pela Pew Research Center e divulgada na Pew Research Forum
on Religion & Public Life (Global Religion Landscape / 2012), a maioria de
aderentes religiosos e espirituais considerando a população mundial são:
31,5% cristianismo (aprox. 2,21
bilhões de adeptos)
23,2% islã (aprox. 1,63 bilhão de
adeptos)
16,2% irreligiosidade (aprox.
1,14 bilhão de adeptos)
15,0% hinduísmo (aprox. 1,05
bilhão de adeptos)
7,1% budismo (aprox. 0,50 bilhão
de adeptos)
6,7% Religiões populares,
incluindo religião tradicional chinesa e outras religiões, inclusive, mas não
limitada a religiões tradicionais africanas e americanas nativas, e religiões
aborígenes australianas aprox. 0,47% bilhão de adeptos)
De acordo com outra
pesquisa realizada em 2005 pela Encyclopædia Britannica, a maioria de aderentes
religiosos e espirituais considerando a população mundial são:
33,06% cristianismo
21,00% islã
13,33% hinduísmo
6,27% religião tradicional
chinesa
5,87% budismo
A irreligiosidade e o ateísmo
respondem por 14,27% e 3,97% da população mundial, seguidos pelas religiões
étnicas indígenas. O ateísmo declarado no Brasil no último Censo do IBGE não
passou de pouco mais de 615 mil pessoas. Isso dá em média 0,3% da população
total do país.
O ateísmo não
ultrapassa muito a casa dos 270 milhões de declarantes em relação aos atuais 7
bilhões de pessoas do mundo mesmo com países com índices de ateísmo maiores que
no Brasil. Em números reais e em estimativas concretas, o ateísmo (não a
irreligiosidade) está muito longe de provocar a “destruição” da religião no
mundo.
Carlos Carvalho
Fontes:
Novo Mapa das Religiões (PDF). Disponível em:
http://www.cps.fgv.br/cps/bd/rel3/REN_texto_FGV_CPS_Neri.pdf.
Principais grupos Religiosos. Disponível em:
O Ateísmo “Paz e Amor”. Revista Época. Edição 798. 9 de setembro de
2013. p.58.
Censo 2010. IBGE. Pdf. Disponível em:
ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Caracteristicas_Gerais_Religiao_Deficiencia/tab1_4.pdf
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