quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A COLUNA GEOLÓGICA - SEUS FUNDAMENTOS E CONSTRUTORES – Parte I


Nota: Durante os próximos dias, iremos postar aqui o histórico científico da construção da coluna geológica, mostraremos a contribuição que cristãos e criacionistas fizeram nela e, ao final, você poderá concluir sobre sua confiabilidade. As referências serão postadas na última parte.


A COLUNA GEOLÓGICA - SEUS FUNDAMENTOS E CONSTRUTORES – Parte I

By Luther D. Sunderland

Luther D. Sunderland, B. S. pela Universidade Estadual da Pennsylvania, é engenheiro aeroespacial da General Electric. Durante vinte anos escrevendo e fazendo conferências sobre o assunto das origens, é autor de centenas de artigos sobre a controvérsia criação/evolução. Será verdade que a coluna geológica é meramente um arranjo hipotético de camadas rochosas, realmente não existente em lugar algum do mundo a não ser nos diagramas feitos pelos desenhistas? Foi ela construída antes de 1841 por evolucionistas que estavam tentando justificar seu sistema particular de crença? Certamente há um elemento de verdade em perguntas tão costumeiramente ouvidas, como as constantes da coluna acima, porém as afirmações correspondentes não estão inteiramente corretas.

Vamos nos volver às pessoas que conceituaram a coluna, e examinar suas motivações, suas crenças e as evidências geológicas que elas consideram ao formular esse tão bem conhecido conceito. Hoje em dia a coluna é aceita por quase todas as pessoas que trabalham no campo das Ciências Naturais como a justificativa básica para sua crença na teoria da evolução. Entretanto, no início o quadro era muito diferente. De fato, as pessoas que construíram a maior parte da coluna geológica eram criacionistas, e não evolucionistas. Elas simplesmente criam que Deus tinha criado os organismos vivos em certa ordem, partindo do simples para o complexo, e em instantes grandemente distanciados entre si. Eram o que poderíamos chamar de “criacionistas progressivos”. Posteriormente sua construção foi adotada pelos evolucionistas, que argumentaram que a coluna na realidade indicava que toda a vida evoluiu mediante uma progressão gradual, contínua, a partir de um único ancestral comum.

GEOLOGIA - UMA ANTIGA CIÊNCIA

A Geologia não se tornou um curso formal até o início de 1800, embora desde as mais remotas civilizações o homem tivesse demonstrado seu interesse pelas rochas e minerais, tendo-os usado de várias maneiras. Os historiadores apresentam observações sobre fósseis desde os escritos dos antigos gregos, como por exemplo, Aristóteles, que consta ter dito que os peixes podiam ser criados nas rochas. Os romanos também avançaram no estudo da Geologia ao desenvolverem extensiva indústria de mineração e refino. Leonardo da Vinci (1452-1519) foi o primeiro a concluir corretamente que os fósseis de conchas marinhas encontrados nas montanhas tinham sua origem no mar (1).

 Nicolau Steno, dinamarquês que esteve na Itália em meados do século XV estudando fósseis, mostrou concludentemente que objetos tais como dentes de tubarões incrustados na rocha eram de origem marinha, e tinham sido depositados mediante um processo de sedimentação. Ele foi o primeiro a descrever coisas que vieram a se tornar princípios fundamentais da Geologia, como o fato de que o escoamento das águas produzia um efeito significativo sobre a morfologia da superfície terrestre. A Geologia, como a conhecemos hoje, teve suas raízes principalmente na Inglaterra e na Escócia, com alguma participação da França, Alemanha e Estados Unidos.

A “Britsh Royal Society” foi formada em 1660 no Gresham College, em Londres, inicialmente como um clube filosófico realizando conferências semanais e mais tarde tornando-se o centro das atividades científicas na Inglaterra. Foi o palco de figuras tais como Robert Boyle (1627-1691), seu assistente Robert Hooke (1635-1703), e Isaac Newton (1642-1727). Tanto Boyle como Hooke demonstraram interesse nos fósseis. Hooke escreveu numerosos artigos sobre a origem orgânica dos fósseis, a maioria dos quais foi publicada postumamente John Ray, ministro ordenado que lecionou no Trinity College em Cambridge foi um colecionador de fósseis que teve importante influência na formação dos conceitos iniciais da Geologia. Outro clérigo de Cambridge, Thomas Burnet (1636-1715) escreveu o livro “The Sacred Theory of Earth”, que se tornou alvo de muita crítica por parte de membros da Royal Society e por John Ray, que escreveu diversos livros teológicos a seu respeito.

Ray lutava contra a idéia então aceita de que os fósseis tinham sido gerados espontaneamente nas próprias rochas. John Woodward (1665-1728) foi outro colecionador de fósseis sistemático no Gresham College, como também seu discípulo Scheuchzer (1672-1733) em Zurique, Suíça, que disseminou as idéias de Woodward na Europa. Ambos criam que fósseis eram os resultados do dilúvio bíblico. A coleção de fósseis de Woodward passou para o acervo de um museu em Cambridge que recebeu o nome de um de seus mais famosos sucessores - Adam Sedgwick - que lançou algumas das primeiras pedras da coluna geológica. Embora a Geologia atingisse sua maioridade na Grã-Bretanha, os franceses também lhe fizeram contribuições.

O calvinista Bernard Palissy (1510-1590) colecionou fósseis e escreveu livros sobre Geologia que se tornaram amplamente divulgados no século XVII. René Descartes (1596-1650) deixou sua marca na Geologia com a idéia de que a Terra era uma estrela que se havia resfriado (2). Alguns dos pensamentos mais antigos fortemente antidiluvialistas tiveram origem em Paris com Réaumur (1683-1757) e seu assistente Guettard (1715-1786) que elaboraram alguns dos primeiros mapas geológicos. O Conde de Buffon (1707-1788), diretor do “Jardin du Roi” em Paris, escreveu a monumental obra “Histoire Naturelle” em 36 volumes, na qual apresentava um sistema puramente natural, que não requeria nenhum fator sobrenatural. Iniciava com a Terra sendo formada pela passagem de um cometa nas imediações do Sol. Com base em taxas de resfriamento, calculava que a Terra tivesse se consolidado em 2936 anos, há cerca de 132.000 anos. Pensava que a Europa e a América tivessem se separado quando o reino da Atlântida havia afundado sob as águas do oceano. Seus escritos, que continham conceitos evolucionistas, ocasionaram diversos conflitos com a Igreja Católica. A “Encyclopédie” francesa, iniciando em 1747, publicou numerosos artigos de autoria de militantes irreligiosos como d’Holbach, que escreveu mais de mil artigos sobre vários tópicos, inclusive Geologia.

Em 1766 o Ministro de Minas da França patrocinou um projeto para o levantamento geológico de todo o território francês, o primeiro desse tipo. Guettard e seu amigo Antoine-Laurent Lavoisier realizaram a tarefa no decurso de onze anos. Em 1780 foram publicados 31 mapas. A origem do agrupamento das rochas em três categorias é atribuída a um italiano, Giovanni Arduino, em 1760. Ele chamou as rochas cristalinas que contêm minérios, de Primário; as rochas estratificadas mais duras contendo fósseis, de Secundário; e as rochas estratificadas mais moles, usualmente contendo conchas marinhas, de Terciário.

Mais ou menos na mesma época (1756) Johann Lehmann agrupou as rochas em cristalinas, estratificadas e aluviais na crença de que as rochas sedimentares eram resultado de dilúvio universal. Esse conceito foi formalizado por Abraham Werner, na Alemanha, que pensava que todas haviam sido depositadas em um oceano primordial que cobria toda a Terra. As idéias de Werner dominaram a Geologia até James Hutton (1726-1797) ter introduzido a crença no uniformismo. Hoje o tipo de rocha nem mesmo é considerado ao se classificarem as rochas de acordo com a coluna geológica, pois todos os tipos de rochas são encontrados em todas as assim chamadas eras geológicas. Um livro publicado em 1893, intitulado “Text-book of Geology” declarava que os nomes das três divisões haviam sido alterados para Paleozóico, Mesozóico e Cenozóico, e explicava a razão:

“Este arranjo tríplice permanece, entretanto, não porque cada um desses grandes períodos do tempo geológico seja considerado como tendo-se separado do antecedente ou do conseqüente por qualquer episódio geológico ou geográfico marcante, mas porque, sendo necessárias classificação e subdivisão na aquisição de conhecimento, é conveniente esse agrupamento das formações estratificadas da Terra em três grandes séries ... nas rochas não encontramos indicação de qualquer quebra geral na continuidade dos processos de sedimentação e da vida que temos visto como devendo ser registrados nas rochas paleozóicas. Pelo contrário, as formações paleozóicas em muitos lugares misturam-se com as mesozóicas de forma tão imperceptível que não se pode traçar uma linha nítida de separação entre elas e tem até sido proposto juntar os estratos da parte superior de uma série com a base da outra, como formando partes de um único sistema contínuo de sedimentação” (3).

O livro falava de diferenças nos fósseis: “porém, talvez o mais chocante ... contraste entre as rochas das séries mais antigas (Paleozóico) e mais novas (Mesozóico) seja fornecido pelos seus respectivos restos orgânicos”. Dizia que tanto as plantas como os animais eram diferentes: “Porém talvez a característica mais distintiva da fauna fosse a variedade e abundância da vida réptil. ... Foi também no Mesozóico que os primeiros mamíferos fizeram sua aparição” (4). O “Principia” de Newton publicado em 1687 continha muitos conceitos importantes de Geofísica. Newton, devoto cristão e criacionista, exerceu profunda influência em todas as áreas da Ciência.

Após a união da Inglaterra com a Escócia em 1707, a Universidade de Edimburgo começou a expandir-se. Porque Oxford e Cambridge conferiam graus somente para os membros da Igreja Anglicana, houve uma migração de não-membros para a Escócia calvinista. Em breve a Universidade de Edimburgo passou a ter mais alunos do que Oxford e Cambridge combinadas. Joseph Black (1728-1799), professor de Química, seu amigo Hutton, e o economista Adam Smith (1723-1790), fundaram o “Oyster Club” em Edimburgo, com o propósito de encontros semanais para a discussão de idéias avançadas. O Clube tornou-se importante centro de debates e comunicação científica. John Playfair (1748-1819), professor de Matemática, e Sir James Hall (1761-1832), assistiram as conferências de Black em 1781. As idéias de Hutton sobre Geologia, posteriormente elucidadas nos escritos de Playfair (1802) e Hall (1800), impulsionaram a Geologia na direção que seguiu até o seu estágio atual.


Continua...

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