A COLUNA GEOLÓGICA - SEUS FUNDAMENTOS
E CONSTRUTORES – Final
By Luther D. Sunderland
DATAÇÃO
RADIOMÉTRICA
Desde que a datação radiométrica
foi desenvolvida inicialmente em 1911, dezenas de milhares de amostras têm sido
datadas por numerosos laboratórios. Qual o quadro que essas datas nos mostram?
Ninguém sabe, pois somente algumas datas muito bem selecionadas têm sido
publicadas na literatura. As únicas exceções são as datas Radiocarbono, que têm
sido todas publicadas na revista “Radiocarbon”, desde 1959. Knopf conta como as
coisas aconteciam até meados da década de 1950: “Antes de 1956 somente uma
determinação de idade absoluta havia sido feita com material
paleontologicamente controlado” (28).
Então, de acordo com isso, dentre
milhares de datas radiométricas, somente uma foi encontrada em concordância com
o edifício do tempo geológico construído com base na suposição da evolução e da
ampulheta. A maioria dos estatísticos diria que nesse caso a taxa de correlação
é próxima do zero absoluto. Hudson informa que Holmes (1947) encontrou cinco
pontos de referência para controle, e Kulp (1961) encontrou outros mais.
Entretanto, em 1986 poder-se-ia suspeitar que o quadro tivesse se alterado
drasticamente. Das milhares de datas determinadas por técnicas radiométricas,
talvez um número substancial tivesse sido cuidadosamente selecionado para fazer
com que parecesse validada a escala de tempo tão questionavelmente derivada
para a coluna geológica.
De acordo com o Dr. Donald
Fisher, em 1979 a técnica do Urânio-Chumbo não tinha sido usada há cerca de
vinte anos. O professor Derek Ager, porém, apresenta a mais honesta avaliação
radiométrica em carta datada de 10 de novembro de 1983, na revista “New
Scientist”. Diz ele que uma das primeiras coisas que ensina a seus alunos
de Geologia é a seguinte: “Nenhum paleontologista digno desse nome data seus
fósseis pelos estratos em que eles são achados. ... Quanto a dar todo o crédito
aos físicos e às medidas do decaimento isotópico, é de fazer ferver o sangue!” (29)
Afirma ele que a datação radiométrica apresenta grande margem de erro e “é
um instrumento excessivamente rústico para medir nossos estratos, e não me
lembro de ocasião alguma em que tenha tido um uso prático imediato. À parte
exemplos bastante „modernos‟ que são realmente arqueológicos, não
me lembro de qualquer caso de decaimento radiativo sendo utilizado para datação
de fósseis” (30). Talvez essa referência a exemplos “modernos” signifique
datação em Radiocarbono, que é usada amplamente, dando datas até 60.000 anos
antes do presente.
O professor Ager afirma que
utiliza fósseis somente como um índice para datação, e que eles provêm somente
datas relativas, e não números absolutos, em anos. Escreve ele: “De fato, de
certo modo quase toda datação geológica é relativa, por estarmos sempre fazendo
correlações, direta ou indiretamente, com um padrão. Isso é tão verdade para os
métodos radiométricos quanto para os paleontológicos, na realidade mais ainda
nesse caso ... Talvez um dia sejamos capazes de introduzir cada espécime de
rocha ou de fóssil em uma caixa preta e então ler sua idade em anos em um
mostrador. Porém estamos muito longe desse dia, se isso for realmente
teoricamente possível (31).
Os comentários acima sobre
datação radiométrica não se aplicam à datação com Radiocarbono, que é a única
técnica radiométrica que pode ser razoavelmente conferida. Pelo menos há cinco
ou seis anos pode-se estabelecer correlação com análises dos anéis de
crescimento, ou dendrocronologia. Os geólogos, entretanto, geralmente não estão
interessados em datas inferiores a 50.000 anos antes do presente. Por exemplo,
quando foi encontrada madeira em calcário cretáceo de 100 milhões de anos, e a
datação pela técnica do Radiocarbono levou à idade de 12.800 anos, esse dado
foi desprezado. A Tabela II mostra um histograma de 45.373 datas que foram
obtidas com o método do Radiocarbono e publicadas na revista “Radiocarbon” de
1959 a 1980. O quadro apresentado pelas datas Radiocarbono contrasta
nitidamente com a coluna geológica padrão: virtualmente cada tipo de vida foi
datado como tendo somente alguns poucos milhares de anos.
Número de amostras
datadas, em função da idade C-14
Idade C-14 (anos
antes do presente)
Neste artigo, o autor não tentou
avaliar a validade da coluna geológica ou sua escala de tempo. Pelo contrário,
fez uma tentativa para apresentar resenha histórica envolvendo as pessoas que
colaboraram na sua construção, incluindo seus motivos e suas crenças. Este
artigo resultou de pesquisa visando a determinação da base dos diversos
comentários feitos pelo Dr. David Raup, Curador de Geologia no “Chicago
Field Museun of Natural History” em uma entrevista gravada e em
correspondência pessoal trocada com o autor. Havia ele dito que a coluna
geológica foi formulada por homens fortemente antievolucionistas e que se
sentiam tão bem com ela quanto os evolucionistas. Uma coisa que preocupava o
Dr. Raup era o fato de que, independentemente do que se descobrisse nas rochas,
a teoria da evolução poderia ser levada a explicá-lo.
Por exemplo, se organismos mais
simples fossem encontrados fossilizados nas camadas superiores, a teoria da
evolução poderia ser modificada para explicar o fato; ou se eles fossem
encontrados na base, a teoria poderia explicar. Esses paradoxos exigiriam uma
explicação que demandou extensa pesquisa da literatura sobre Geologia
Histórica. Tem havido muita discussão recentemente, mesmo na literatura
científica secular, com relação aos problemas da coluna geológica e seus sérios
conflitos com numerosas descobertas geológicas. Espera-se que os leitores
possam mais facilmente entender por que razão esses problemas existem, depois
de reconhecerem o processo tumultuoso e não científico pelo qual a coluna tão
grandemente hipotética foi formulada.
Referências
1. Carol
and Henry Faul - “It began with a stone”. New York: John Willey and
Sons, 1983, p. 23.
2. Ibidem,
p. 69.
3. Sir A.
Geikie - “Text-book of Geology”. London: Macmillan and Co., 1983, p.
856.
4. Ibidem,
p. 857.
5. J. F.
White, editor - “Study of Earth, Readings in Geological Science”. “The
Uniformity of Nature” by Charles Coulston Gillispie. Englewood Cliffs, N.
J. Prentice-Hall Inc., 1962, p. 25.
6. Sir A.
Geikie - “The Founders of Geology”. New York: Dover, republication of
1905 2nd edition, 1962, p. 404.
7. James
Dana - “Manual of Geology”. Philadelphia: Theodore Bliss and Co. 1864,
p. 130.
8. Leigh W.
Mintz - “Historical Geology”. Columbus, OH: Charles E. Merrill, 1972, p.
32.
9. Ibidem.
10. Adolf
Knopf – “Measuring Geologic Time”. Scientific Monthly, November 1957,
pp. 225-236.
11. W. B.
Harland, A. Gilbert Smith, B. Wilcox (editors). “The Phanerozoic Time-Scale.
A symposium dedicated to Professor Arthur Holmes”, vol. 120S. London:
Burlington House, 1964, p. 37.
12. Ibidem,
p. 38.
13. Ibidem.
14. Ibidem,
p. 41.
15. J. F.
White - “Study of the Earth”. “Measuring Geologic Time”, p. 46.
16. Ibidem.
17. Ibidem.
18.
Harland, Smith Wilcox - “The Phanerozoic Time Scale”, p. 31.
19. Ibidem, p. 32.
20. Ibidem, p. 33.
21. Ibidem.
22. Ibidem, p. 34.
23. Ibidem.
24. Ibidem,
p. 35.
25. Ibidem.
26. Carol
and Henry Faul - “It began with a stone”, p. 222.
27.
Allisson R. Palmer - “The Decade of North American Geology”, 183, “Geologic
Time Scale”. Geology, vol. 11, no. 9, September 1983, pp. 503-504.
28. J. F.
White - “Study of the Earth”, p. 57.
29. Derek
Ager - “Fossil Frustrations”, New Scientist vol. 100, no. 1383, November
10, 1983, p. 425.
30. Ibidem.
31. Correspondência pessoal, 10 de Janeiro de 1984, Derek
Ager e Norman Macbeth.