Água da Terra é mais antiga que o Sol
A água foi crucial para o
surgimento da vida na Terra e também é importante para avaliar a possibilidade
de vida em outros planetas. Identificar a fonte original da água da Terra é a
chave para a compreensão de como os ambientes que permitiram a vida surgiram, e
qual a probabilidade de serem encontrados em outros lugares.
Um novo trabalho de uma equipe,
incluindo Conel Alexander, da Universidade de Carnegie (Reino Unido), descobriu
que grande parte da água do nosso sistema solar provavelmente originou-se de
gelos que se formaram no espaço interestelar. O estudo foi publicado na revista
“Science”.
A água é encontrada em todo o
sistema solar, não só na Terra, mas em cometas gelados e luas e nas bacias
sombreadas de Mercúrio. Ela também foi encontrada em amostras minerais de
meteoritos na lua e em Marte. Cometas e asteroides em particular são objetos
primitivos, e por isso fornecem uma “cápsula do tempo” natural que nos mostra
como eram as condições durante os primeiros dias do nosso sistema solar. Analisando
esses objetos, os cientistas estudaram como era o gelo que circundava o sol
após o seu nascimento.
Na sua juventude, o sol foi
cercado por um disco protoplanetário, a chamada nebulosa solar, a partir da
qual os planetas nasceram. Contudo, não era claro para os pesquisadores se o
gelo neste disco originou-se da própria nuvem molecular parental interestelar
do sol (ou seja, o que criou o sol criou nossa água), ou se veio de outro lugar.
“Por que isso é importante? Se a
água no início do sistema solar foi herdada principalmente do gelo do espaço
interestelar, então é provável que gelos semelhantes, juntamente com a matéria
orgânica prebiótica que eles contêm, sejam abundantes na maioria ou em todos os
discos protoplanetários ao redor de estrelas em formação”, explicou Alexander.
“Porém, se a água do início do sistema solar foi em grande parte o resultado de
processamento químico local durante o nascimento do sol, então é possível que a
abundância de água varie consideravelmente na formação de sistemas planetários,
o que, obviamente, tem implicações no potencial para o surgimento da vida em
outros lugares”.
Ao estudar a história dos gelos
do nosso sistema solar, a equipe focou no hidrogênio e no seu mais pesado
isótopo, o deutério. Isótopos são átomos do mesmo elemento que têm o mesmo
número de prótons, mas um número diferente de nêutrons. A diferença de massas
entre isótopos resulta em diferenças sutis em seu comportamento durante as
reações químicas. Como um resultado, a razão do hidrogênio para o deutério em
moléculas de água pode dar informações aos cientistas sobre as condições sob as
quais as moléculas foram formadas.
Por exemplo, a água interestelar
congelada tem uma alta proporção de deutério e hidrogênio por causa das
temperaturas muito baixas na qual se forma. Até agora, não se sabia quanto
desse enriquecimento de deutério foi removido por transformação química durante
o nascimento do sol, ou quanto deutério a água gelada do sistema solar
recém-nascido foi capaz de produzir por conta própria.
Assim, a equipe criou modelos que
simularam um disco protoplanetário em que todo o deutério do gelo espacial já
foi eliminado por transformação química e o sistema tem que começar de novo,
“do zero”, uma produção de gelo com deutério durante um período de milhões de
anos.
Eles fizeram isso para ver se o
sistema pode atingir as proporções de deutério e hidrogênio que são encontradas
hoje em amostras de meteoritos, na água do oceano da Terra ou em cometas
“cápsulas do tempo”. Como não conseguiram, descobriram que pelo menos uma parte
da água em nosso próprio sistema solar teve sua origem no espaço interestelar e
pré-data o nascimento do sol.
[Science Daily]
Uma observação: No relato do
Gênesis a informação que consta lá nos diz que as águas do planeta que
habitamos são sim mais antigas que o Sol. Se todas essas pesquisas confirmarem
plenamente isso, estamos mais próximos de compreender as origens e perceber o
quanto a narrativa do livro é precisa e não mitológica como alguns se esforçam
em tentar asseverar. A cada pesquisa série e não tendenciosa vemos como a
criação deixa de ser vista como visão religiosa e aos poucos se torna fatos
comprovados pelas observações.
C. K. Carvalho
Pesquisador autônomo
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