A COLUNA GEOLÓGICA - SEUS FUNDAMENTOS
E CONSTRUTORES – Parte IV
By Luther D. Sunderland
CONSTRUINDO A COLUNA
DATANDO A COLUNA
Como foi elaborada a escala de
tempo para a coluna geológica em uso em 1985? Foi ela baseada em puras
hipóteses, ou em um sistema científico bem fundamentado de medida do tempo?
Inicialmente, os primeiros geólogos tinham muito pouco com que prosseguir, além
de pura conjectura e supostos “períodos muito extensos” que se pensavam
necessários para a evolução. O primeiro método de estimar o tempo para eventos
anteriores ao registro histórico foi chamado de método da ampulheta. Um artigo
publicado no “Scientific Monthly” de novembro de 1957 explicava a
técnica da ampulheta: “O mais antigo método de medida do tempo geológico é a
determinação da espessura das camadas depositadas ao longo do tempo, e a
multiplicação de sua espessura pela taxa de deposição suposta para essas
camadas” (10). Infelizmente há dois grandes problemas nesse método. Primeiro,
não há meio de se medir a espessura das rochas para qualquer período geológico.
Por exemplo, foi suposto que as rochas do Jurássico teriam cerca de 13.200
metros de espessura, entretanto em lugar algum do mundo jamais alguém observou
rochas do Jurássico superpostas do mesmo local com tal espessura – quase cinco
quilômetros a mais do que o Everest!
O segundo problema com a datação
pelo método da ampulheta é que não há nenhum meio possível para a determinação
da taxa com que foram depositados os sedimentos constituintes das rochas. O
livro “The Phanerozoic Time-Scale” (1964) relata um simpósio realizado
em Glasgow, em 14 de fevereiro de 1896, para discutir a situação da datação das
rochas fossilíferas. Hudson assim se manifestou: “Um primeiro passo essencial é
computar as atuais taxas de sedimentação” (11). Porém, explica ele, essas taxas
não se coadunam com a resposta que os uniformistas esperam: “... constitui uma
hipótese sem fundamento aplicarem-se as atuais taxas ao passado. ... Os
resultados destes e de outros cálculos variaram tão amplamente que podem ser somente
como grosseiras estimativas; e os intervalos de tempo atribuídos aos hiatos no
registro geológico também teriam de ser estimados” (Holmes 1913, p. 86).(12) Devido
ao caráter não científico desse método de estimativa para a datação da coluna
geológica, Hudson explicou que ele poderia ser manipulado para adaptar-se a
qualquer escala de tempo desejada: “Assim, os resultados poderiam facilmente
ser ajustados para adequarem-se às estimativas da extensão do tempo geológico
derivadas de outras evidências, como o cálculo feito por Kelvin com base
termodinâmica, ou o método de Joly usando a concentração do sal na água do mar”
(13). Hudson concluiu que: “... escalas de tempo construídas com base na
análise de processos de sedimentação são insatisfatórias ...” (14) Adolph Knopf
explicou por que a técnica da ampulheta para datação não era válida: “As
grandes diferenças nas estimativas da espessura máxima de muitos dos sistemas
indicam manifestamente que as espessuras não são método confiável para a medida
do tempo geológico.
Já em 1936 essa conclusão tinha
sido tirada por Twenhofel quanto às estimativas de tempo baseadas na espessura
de estratos que “dificilmente são dignas do papel no qual se escrevem”. ... A
limitação de espaço impede a consideração de outras evidências aqui” (15).
Knopf afirmou que o obstáculo quase insuperável para o uso da espessura das
rochas na medida de tempo geológico é “o fato de que as rochas geralmente não
apresentam evidências internas da taxa com a qual foram formadas” (16). Na
discussão da formação mais exaustivamente estudada quanto às taxas de
sedimentação, os folhelhos de Green River, no Wyoming e no Colorado, observou
ele: “Ninguém ainda mediu o início ou o fim do tempo relativo à formação Green
River mediante evidências radioativas, idem do Eoceno ou de qualquer outra
subdivisão do tempo geológico” (17). O que Knopf deseja dizer? Acabamos de
aprender que a coluna geológica foi originariamente datada por pessoas que
fizeram estimativas sobre espessuras e hipóteses sobre taxas de sedimentação.
Os limites entre as várias divisões são determinados por hipóteses
evolucionistas, e não podem ser datados pelos cálculos relativos à
sedimentação. Para ilustrar o fato de que nenhum limite entre períodos
geológicos é claramente definido, considere-se o que “The Phanerozoic
Time-Scale” tem a dizer sobre eles:
Limite Pré-cambriano / Cambriano
A datação do início do período Cambriano apresenta um
problema especial na construção da escala de tempo geológico. Próximo à base do
sistema Cambriano a maioria dos fósseis que são usados na bio-estratigrafia
está ausente, mas de fato são os eventos biológicos refletidos nas gamas de
fósseis e sua distribuição zonal que constituem a base das correlações
estratigráficas, e na prática definem os limites estratigráficos. Assim, embora
sejamos capazes de determinar as idades das rochas e minerais por métodos
físico-químicos, a posição estratigráfica da rocha datada deve ainda ser
definida.... Não existe qualquer evidência positiva confiável relativa ao
Cambriano Inferior (18).
Limite Ordoviciano / Siluriano
As únicas datações diretas confiáveis do Ordoviciano
estão nos minerais provenientes de faixas de cinza vulcânica (19). Não existem
determinações de idade que definam adequadamente o limite entre o Ordoviciano e
o Siluriano (20). Devoniano Em contraste com as incertezas nos limites
dos períodos anteriores, o limite entre o Devoniano e o Carbonífero parece ser
relativamente bem definido. Entretanto, existem algumas ambigüidades na
Groenlândia que precisam ser claramente resolvidas (21).
Limite Carbonífero / Permiano
Todas as escalas de tempo recentes baseiam-se no granito
de Dartmoor, porém infelizmente a posição estratigráfica desse granito não está
tão claramente definida como seria desejável. As datas aceitas o suficiente
para serem mencionadas variam em torno de 32 milhões de anos (22).
Limite Triássico / Jurássico
Pouca informação precisa é disponível para a datação
desses dois períodos(23).
Limite Cretáceo / Terciário
Sem mencionar o número de datas discordantes, Snelling
menciona diversos pares de datas concordantes foram obtidos para o limite
Cretáceo/Terciário (24).
Limite Terciário / Quaternário
... O limite Terciário/Quaternário é provavelmente o mais
escassamente conhecido na coluna geológica (25).
Finalmente, o livro declara que
nenhum limite entre divisões foi datado nem mesmo com técnicas radiométricas.
Buffon (1778) foi um dos primeiros a envolver-se com uma determinação algo
científica da idade da Terra. Baseado em dados derivados de experiências com a
taxa de resfriamento de esferas, calculou que a Terra como uma massa em fusão
levaria 2936 anos após a sua formação para consolidar-se, o que teria
acontecido há cerca de 132.000 anos. A água ter-se-ia condensado em cerca de
25.000 anos. Em 1785 Hutton falava de generalidades com respeito a eventos
geológicos que levavam “uma infinidade de tempo”. Lyell supunha que a Terra
tivesse milhões de anos de idade, embora muitos dos demais que construíram a
coluna geológica pensassem que a Terra fosse relativamente jovem – na casa dos
milhares de anos. Lord Kelvin (1824-1907), pioneiro no campo da Termodinâmica,
foi o primeiro a estabelecer um limite superior para a idade da Terra, baseado
em princípios científicos da Física que ainda reconhecemos como válidos.
Usando dados de temperatura
obtidos em várias profundidades da crosta, calculou que a Terra (e o sol)
tinham um máximo de 20 a 400 milhões de anos. Para se livrar de seus cálculos,
os cientistas evolucionistas hoje têm sido compelidos a escrever sobre
presumíveis reações nucleares que deveriam estar tendo lugar nas profundezas da
Terra. Em 1880 o “United States Geological Survey” implantou um
laboratório para medir as propriedades físicas das rochas, inclusive sua
capacidade e condutividade térmica. Tais medidas diminuíram o grau de incerteza
nos cálculos de Kelvin, estabelecendo para a crosta da Terra uma idade de 24
milhões de anos (King, 1983). Então, em 1970 continuando o trabalho com o
decaimento radiativo do Urânio, Bertran Boltwood (1870-1927) da Universidade de
Yale, começou a falar em cerca de dois bilhões de anos para a idade da Terra.
Arthur Holmes (1890-1965) começou
a trabalhar com datação Urânio-Chumbo, em 1910, em Londres. Propôs ele a
primeira de suas bem conhecidas escalas de tempo em um livro de divulgação em
1927, e não em uma revista científica, porque a sua elaboração estava mais
baseada em “intuição geológica” do que em dados físicos ponderáveis. Datas
básicas em milhões de anos atribuídas ao início de cada período geológico foram
publicadas em sua primeira escala de tempo e são mostradas na Tabela I (26).
Datas da Coluna Geológica de 1927 e 1983 (milhões de anos)
Holmes (1927) 1983
|
||
Terciário (Cenozóico)
|
60
|
66
|
Cretáceo
|
120
|
144
|
Jurássico
|
150
|
208
|
Triássico
|
180
|
245
|
Permiano
|
240
|
286
|
Carbonífero
|
350
|
360
|
Devoniano
|
420
|
408
|
Siluriano
|
450
|
438
|
Ordoviciano
|
540
|
505
|
Cambriano
|
600
|
570
|
É interessante a ligeira
alteração sofrida pela escala de tempo intuitiva de Holmes em 1927 para chegar
à escala publicada em 1983 pela “Geological Society of América”. Se a
escala de tempo de 1927 havia sido baseada em nada mais além da intuição, é-se
levado a cogitar qual teria sido a base para a escala de tempo de l983! O autor
enviou uma carta a Allison Palmer, que a elaborou para a “Geological Society”,
pedindo-lhe que indicasse, para cada limite entre períodos, se sua determinação
havia sido feita por:
1) datação radiométrica
2) taxa de sedimentação
3) fósseis e um presumível esquema de tempo evolutivo
Sua resposta mais que evasiva foi
a de que uma comissão havia concordado com a escala de tempo e uma longa lista
de referências poderia ser consultada para maiores informações (27).
No que baseou Holmes sua intuição
para estabelecer as idades? Certamente não foi a aparência física das rochas
distintas, pois todos os tipos de rochas são achados ao longo da coluna
geológica. O professor Derek Ager, ex-Diretor da “British Geological Society”,
escreveu que os fósseis nunca são datados pelas rochas em que são encontrados.
Um livro didático de Geologia, de 1864, explica como as datas eram realmente
estabelecidas: alguém dividia uma espessura presumida de sedimentos para cada
período por uma suposta taxa de deposição (método da ampulheta). Quando o autor
entrevistou em 1979 o paleontologista Dr. Donald Fisher, encarregado do serviço
oficial do Estado de New York, foram descobertas algumas importantes
informações sobre a datação dos fósseis. Como datava ele as rochas do
Cambriano? Respondeu ele que era pelos fósseis que elas continham, como por
exemplo, os trilobitas. Como datava ele os fósseis? Resposta: pelas rochas em
que eles eram encontrados! Ao ser indagado se isso não constituía um círculo
vicioso respondeu “Certamente; como proceder porém?” E com relação à datação
pelo método do Urânio-Chumbo? Explicou ele: “Não tem sido utilizado esse método
há cerca de vinte anos, por conduzir a um número muito grande de leituras
anômalas”. Não obstante, era usado somente para datar as rochas do embasamento,
não sedimentares. E com relação à datação pelo método de Potássio-Argônio?
Destacou ele que essa técnica não se aplica às rochas sedimentares nas quais
normalmente são encontrados fósseis, e que dificilmente encontramos lava
sobrepondo-se aos fósseis que desejamos datar.
Continua.....
Próxima e última postagem:
Datação radiométrica e bibliografia.
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