A COLUNA GEOLÓGICA - SEUS FUNDAMENTOS
E CONSTRUTORES – Parte III
By Luther D. Sunderland
CONSTRUINDO
A COLUNA
Deve-se recordar que Arduino
classificava todas as rochas cristalinas como Primário. William Smith foi o
primeiro a tentar distinguir subdivisões nas rochas do Secundário. Em 1799
elaborou ele uma tabulação de formações desde o carvão (Carbonífero) até o
calcário (Cretáceo). Werner começou a referir-se às rochas entre o Primário e
Secundário como sendo rochas grauvacas ou de transição. Esses termos
sobreviveram até meados de 1800 e tornaram-se o repositório de tudo que
proviesse desde o Cambriano até o Carbonífero Inferior.
Charles Lyell foi a primeira
pessoa a deixar sua marca permanentemente na nomenclatura e classificação do
registro geológico. Sua contribuição para a construção do hipotético arranjo
das camadas de rochas e fósseis conhecido como “Colina Geológica”, envolveu as
últimas três eras da coluna (6). Ele denominou os períodos da era Terciária, de
Plioceno, Mioceno e Eoceno, baseando essas subdivisões na proporção em que
continham fósseis de espécies “ainda vivas”.
As rochas que contêm uma
proporção bastante pequena de espécies ainda vivas, denominou ele de Eoceno. As
que contêm considerável percentagem de espécies recentes, denominou de Mioceno,
e as que contêm a maioria de espécies vivas, de Plioceno. Embora lhe seja
creditado esse sistema de taxonomia paleontológica, recebeu ele muita
colaboração de Gerard Deshayes, do “Jardin des Plantes” da França (1797-1875).
Sedgwick e Murchison talvez tenham dado a maior contribuição para a
estruturação da parte inferior da coluna. Seu primeiro objetivo era encontrar o
“vestígio de um início” considerado por Hutton, e por isso partiram para a
procura do fóssil mais antigo.
Primeiramente, Murchison
encontrou fósseis distintamente diferentes em uma camada contínua situada
abaixo do Antigo Arenito Vermelho (Old Red Sandstone) no País de Gales. Chamou
de Siluriano essa camada (1835), em lembrança de uma tribo galesa que havia
habitado a área. Como não encontrou virtualmente fóssil algum de plantas
terrestres nessa camada, julgou que as rochas do Siluriano fossem de um período
de tempo distinto daquele no qual foram depositados os extensos leitos
carboníferos britânicos, chamado de período Carbonífero por Conybeare e Philips
em 1822. Mais no oeste do País de Gales, Sedgwick descobriu fósseis distintos,
que supunha serem mais antigos do que o Siluriano de Murchison, e chamou-os de
Cambriano (1835).
Ambos estudaram juntos os
depósitos carboníferos de Devonshire, onde De la Beche (1839) havia relatado
plantas do Carbonífero em rochas grauvacas supostamente muito mais antigas do
que os estratos do Carbonífero. Decidiram, finalmente, denominar essas rochas
de Carbonífero, ao mesmo tempo em que denominaram de Devoniano outra camada que
continha sedimentos marinhos metamórficos, com tipos ainda diferentes de
fósseis. Após examinar rochas na Alemanha e na Rússia, Murchison mais tarde
inferiu que essas rochas do Devoniano eram uma versão marinha do Antigo Arenito
Vermelho.
Sedgwick concordou inicialmente
com a divisão feita entre o Siluriano e o Cambriano, porém quando Murchison
divisou uma sobreposição entre ambos, mudou de idéia e passou a insistir que as
rochas cambrianas constituíam parte de seu sistema Siluriano. Finalmente, após
acre disputa entre eles, em 1879 o escocês Charles Lapworth (1842-1920) propôs
uma solução com a introdução de um novo período para separar o Cambriano do
Siluriano. Denominou-o de Ordoviciano, em lembrança a outra tribo galesa (os
Ordovicos) que viveu antigamente no norte do País de Gales.
Mais tarde Murchison completou a
construção da era Paleozóica, a seqüência de rochas contendo fósseis mais na
base da coluna geológica. Em uma viagem à Rússia (1841) esteve ele nos Montes
Urais em busca de seqüências rochosas que pudessem comparar-se às da
Grã-Bretanha. Nas proximidades da cidade de Perm, na Rússia, encontrou rochas
contendo fósseis acima dos leitos carboníferos, e denominou-as de Permiano. No
outro lado do Atlântico, mais ou menos na mesma época (1837), James Hall Jr.,
de Albany, New York, iniciou o estudo das rochas do Paleozóico naquela região.
Porém, ao invés de utilizar a
nomenclatura européia, juntamente com outros atribuiu às rochas um conjunto
inteiramente distinto de nomes. Ainda em 1985 os geólogos às vezes continuam
tendo dificuldade para correlacionar as várias formações americanas com as
européias. Um livro publicado em 1864 – “Manual of Geology” – apresenta a
subdivisão do tempo geológico da seguinte forma:
I- Tempo ou era azóica
II- Tempo paleozóico
1. A idade dos moluscos, ou Siluriano
2. A idade dos peixes, ou Devoniano
3. A idade das plantas carboníferas, ou
Carbonífero
III- Tempo mesozóico
4. A Idade dos répteis
IV- Tempo cenozóico
5. A idade dos mamíferos
V- Era da mente
6. A idade do Homem (7)
Observe-se que o Cambriano e o
Permiano de Murchison, bem como o Ordoviciano de Lapworth não haviam ainda sido
acrescentados à coluna em 1864. O livro explicava a nomenclatura das eras.
Azóico deriva do grego significando “ausência de vida”, pois essas rochas na
maior parte são cristalinas. Paleozóico também deriva do grego, significando
“vida antiga”. Mesozóico significa “vida média”, já que essas rochas eram
consideradas como intermediárias. Cenozóico significa “vida recente”.
Como podemos ver, a coluna
geológica não foi construída por evolucionistas, mas precipuamente por cristãos,
crentes em um Deus criador de tipos deferentes de organismos ao longo de vastos
períodos de tempo, e em uma seqüência, que se iniciava com as formas mais
simples e progredia até chegar ao homem. Esse conceito, porém, foi logo adotado
pelos evolucionistas, que confiantemente asseveraram prover ele a melhor das
evidências de que toda a vida evoluiu gradualmente a partir de um ancestral
comum. Essa assertiva é ainda feita hoje, não obstante o fato de jamais ter
sido descoberta uma única série de transição inquestionável de fósseis
alterando-se gradativamente de um tipo de organismo até outro tipo basicamente
diferente.
Desde meados de 1800, à medida em
que o resto do mundo foi sendo explorado, têm sido encontradas rochas contendo
fósseis de todos os chamados períodos geológicos, sobrepostas às rochas do
embasamento pré-cambriano. Em muitos locais as rochas de períodos mais antigos
são encontradas sobrepostas normalmente a rochas de períodos mais recentes, sem
qualquer evidência de movimentos orogênicos, como por exemplo, no Glacier
National Park (Parque Nacional das Geleiras, nos Estados Unidos da América do
Norte) onde 1500 metros de Pré-cambriano se sobrepõem ao Cretáceo ao longo de
milhares de quilômetros quadrados.
Não obstante suas numerosas
inconsistências, a coluna geológica permanece inabalável, por constituir um
verdadeiro pilar sagrado. De fato, tem sido aceita como pedra fundamental de um
sistema de crenças religiosas específicas. Como a História tem mostrado, ao
entrar em cena religião, os pontos de vista se cristalizam, e não precisa ser a
religião baseada na Bíblia, a inspirada e infalível palavra de Deus. Essa
espécie de fé pode ser exatamente o contrário.
Mintz apresentou em sua obra
“Historical Geology” um quadro esclarecedor da escala de tempo geológico. Observou
ele que em meados de 1800, “a escala padrão de tempo geológico atingiu a forma
hoje aceita na maior parte do mundo” (8). Essa moldura, entretanto, baseava-se
em observações conduzidas em uma limitada área da Europa. Fundava-se na
hipótese de que os períodos constituíam subdivisões naturais marcadas por
movimentos orogênicos ascensionais que produziram rupturas e discordâncias no
processo de sedimentação.
Quando os geólogos partiram para
a exploração de outros continentes além da Europa, descobriram discordâncias
maiores e começaram a introduzir novos períodos. Deles, somente dois lograram
aceitação universal: o Pennylvaniano e o Mississippiano, como divisões dos
leitos carboníferos do Cambriano. E mesmo essas denominações freqüentemente não
são reconhecidas na Europa. Mintz destaca que os geólogos hoje entendem “que os
períodos não constituem unidades naturais baseadas na ocorrência de eventos
físicos, sendo, pelo contrário, unidades arbitrárias cujos limites são fixados
por certos eventos na evolução da vida, tendo cessado a tendência de produzir
novos períodos” (9).
Surge, assim, o fato de que os
limites da coluna geológica são baseados na hipótese da evolução a partir de
ancestrais comuns, embora ao ter sido originariamente elaborada a coluna
geológica se baseasse na suposição dos criacionistas de que Deus criara os
organismos vivos em certa ordem ao longo de extenso período de tempo. Depois
que a maioria dos geólogos voltou-se para a crença na evolução, passaram a
alegar que, durante os “hiatos” do registro, quando não foram depositados
quaisquer fósseis, tiveram lugar tremendas alterações nos organismos vivos.
Todos os novos órgãos e estruturas supostamente teriam vindo à existência
somente durante esses períodos em que o fundo do mar foi trazido acima das
águas. Foi assim postulado que o fundo do mar deveria ter-se deslocado para
cima e para baixo numerosas vezes, como um elevador, com os milagres da criação
evolutiva acontecendo somente quando o elevador se mantinha nos andares
superiores.
Fica-se a pensar por que não se
discute jamais na literatura científica o fato de que hoje virtualmente não
existem fósseis sendo formados no fundo dos lagos, mares e oceanos. Exceto em
casos extremamente raros ou especiais, como o crescimento de corais, nunca
encontramos quantidades significativas de fósseis sendo formados no limo do
fundo dos oceanos. Não obstante, as rochas sedimentares contêm espessos
depósitos de fósseis praticamente solidificados - incontáveis bilhões
perfeitamente preservados.
Há outra flagrante falácia nesse
pretenso “elevador”, pois por que razão não há registro de uma única série de
fósseis intermediários formando a ligação de transição entre quaisquer dois
grupos basicamente distintos? A explicação usualmente oferecida é que o
“elevador” estava sempre “em cima” quando estava tendo lugar a alteração de uma
espécie em outra. Porém é inteiramente razoável supor que, quando o “elevador”
estivesse “em cima”, as águas do oceano tivessem se deslocado para qualquer
outro local, e portanto por que razão os organismos supostamente em evolução no
sentido de algo basicamente distinto não deixaram quaisquer evidências fósseis
em qualquer outro local sobre a superfície da Terra? Especialmente com relação
à vida aquática, confinada às águas, deveria ter existido algures um “elevador”
“em baixo”.
Continua...
(Obs: Como já explicado, as referências irão na última postagem do tema)
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