sexta-feira, 6 de março de 2015

A COLUNA GEOLÓGICA - SEUS FUNDAMENTOS E CONSTRUTORES – Parte III


A COLUNA GEOLÓGICA - SEUS FUNDAMENTOS E CONSTRUTORES – Parte III
By Luther D. Sunderland

CONSTRUINDO A COLUNA

Deve-se recordar que Arduino classificava todas as rochas cristalinas como Primário. William Smith foi o primeiro a tentar distinguir subdivisões nas rochas do Secundário. Em 1799 elaborou ele uma tabulação de formações desde o carvão (Carbonífero) até o calcário (Cretáceo). Werner começou a referir-se às rochas entre o Primário e Secundário como sendo rochas grauvacas ou de transição. Esses termos sobreviveram até meados de 1800 e tornaram-se o repositório de tudo que proviesse desde o Cambriano até o Carbonífero Inferior.

Charles Lyell foi a primeira pessoa a deixar sua marca permanentemente na nomenclatura e classificação do registro geológico. Sua contribuição para a construção do hipotético arranjo das camadas de rochas e fósseis conhecido como “Colina Geológica”, envolveu as últimas três eras da coluna (6). Ele denominou os períodos da era Terciária, de Plioceno, Mioceno e Eoceno, baseando essas subdivisões na proporção em que continham fósseis de espécies “ainda vivas”.

As rochas que contêm uma proporção bastante pequena de espécies ainda vivas, denominou ele de Eoceno. As que contêm considerável percentagem de espécies recentes, denominou de Mioceno, e as que contêm a maioria de espécies vivas, de Plioceno. Embora lhe seja creditado esse sistema de taxonomia paleontológica, recebeu ele muita colaboração de Gerard Deshayes, do “Jardin des Plantes” da França (1797-1875). Sedgwick e Murchison talvez tenham dado a maior contribuição para a estruturação da parte inferior da coluna. Seu primeiro objetivo era encontrar o “vestígio de um início” considerado por Hutton, e por isso partiram para a procura do fóssil mais antigo.

Primeiramente, Murchison encontrou fósseis distintamente diferentes em uma camada contínua situada abaixo do Antigo Arenito Vermelho (Old Red Sandstone) no País de Gales. Chamou de Siluriano essa camada (1835), em lembrança de uma tribo galesa que havia habitado a área. Como não encontrou virtualmente fóssil algum de plantas terrestres nessa camada, julgou que as rochas do Siluriano fossem de um período de tempo distinto daquele no qual foram depositados os extensos leitos carboníferos britânicos, chamado de período Carbonífero por Conybeare e Philips em 1822. Mais no oeste do País de Gales, Sedgwick descobriu fósseis distintos, que supunha serem mais antigos do que o Siluriano de Murchison, e chamou-os de Cambriano (1835).

Ambos estudaram juntos os depósitos carboníferos de Devonshire, onde De la Beche (1839) havia relatado plantas do Carbonífero em rochas grauvacas supostamente muito mais antigas do que os estratos do Carbonífero. Decidiram, finalmente, denominar essas rochas de Carbonífero, ao mesmo tempo em que denominaram de Devoniano outra camada que continha sedimentos marinhos metamórficos, com tipos ainda diferentes de fósseis. Após examinar rochas na Alemanha e na Rússia, Murchison mais tarde inferiu que essas rochas do Devoniano eram uma versão marinha do Antigo Arenito Vermelho.

Sedgwick concordou inicialmente com a divisão feita entre o Siluriano e o Cambriano, porém quando Murchison divisou uma sobreposição entre ambos, mudou de idéia e passou a insistir que as rochas cambrianas constituíam parte de seu sistema Siluriano. Finalmente, após acre disputa entre eles, em 1879 o escocês Charles Lapworth (1842-1920) propôs uma solução com a introdução de um novo período para separar o Cambriano do Siluriano. Denominou-o de Ordoviciano, em lembrança a outra tribo galesa (os Ordovicos) que viveu antigamente no norte do País de Gales.

Mais tarde Murchison completou a construção da era Paleozóica, a seqüência de rochas contendo fósseis mais na base da coluna geológica. Em uma viagem à Rússia (1841) esteve ele nos Montes Urais em busca de seqüências rochosas que pudessem comparar-se às da Grã-Bretanha. Nas proximidades da cidade de Perm, na Rússia, encontrou rochas contendo fósseis acima dos leitos carboníferos, e denominou-as de Permiano. No outro lado do Atlântico, mais ou menos na mesma época (1837), James Hall Jr., de Albany, New York, iniciou o estudo das rochas do Paleozóico naquela região.

Porém, ao invés de utilizar a nomenclatura européia, juntamente com outros atribuiu às rochas um conjunto inteiramente distinto de nomes. Ainda em 1985 os geólogos às vezes continuam tendo dificuldade para correlacionar as várias formações americanas com as européias. Um livro publicado em 1864 – “Manual of Geology” – apresenta a subdivisão do tempo geológico da seguinte forma:

I- Tempo ou era azóica
II- Tempo paleozóico
     1. A idade dos moluscos, ou Siluriano
     2. A idade dos peixes, ou Devoniano
     3. A idade das plantas carboníferas, ou Carbonífero
III- Tempo mesozóico
     4. A Idade dos répteis
IV- Tempo cenozóico
     5. A idade dos mamíferos
V- Era da mente
     6. A idade do Homem (7)

Observe-se que o Cambriano e o Permiano de Murchison, bem como o Ordoviciano de Lapworth não haviam ainda sido acrescentados à coluna em 1864. O livro explicava a nomenclatura das eras. Azóico deriva do grego significando “ausência de vida”, pois essas rochas na maior parte são cristalinas. Paleozóico também deriva do grego, significando “vida antiga”. Mesozóico significa “vida média”, já que essas rochas eram consideradas como intermediárias. Cenozóico significa “vida recente”.

Como podemos ver, a coluna geológica não foi construída por evolucionistas, mas precipuamente por cristãos, crentes em um Deus criador de tipos deferentes de organismos ao longo de vastos períodos de tempo, e em uma seqüência, que se iniciava com as formas mais simples e progredia até chegar ao homem. Esse conceito, porém, foi logo adotado pelos evolucionistas, que confiantemente asseveraram prover ele a melhor das evidências de que toda a vida evoluiu gradualmente a partir de um ancestral comum. Essa assertiva é ainda feita hoje, não obstante o fato de jamais ter sido descoberta uma única série de transição inquestionável de fósseis alterando-se gradativamente de um tipo de organismo até outro tipo basicamente diferente.

Desde meados de 1800, à medida em que o resto do mundo foi sendo explorado, têm sido encontradas rochas contendo fósseis de todos os chamados períodos geológicos, sobrepostas às rochas do embasamento pré-cambriano. Em muitos locais as rochas de períodos mais antigos são encontradas sobrepostas normalmente a rochas de períodos mais recentes, sem qualquer evidência de movimentos orogênicos, como por exemplo, no Glacier National Park (Parque Nacional das Geleiras, nos Estados Unidos da América do Norte) onde 1500 metros de Pré-cambriano se sobrepõem ao Cretáceo ao longo de milhares de quilômetros quadrados.

Não obstante suas numerosas inconsistências, a coluna geológica permanece inabalável, por constituir um verdadeiro pilar sagrado. De fato, tem sido aceita como pedra fundamental de um sistema de crenças religiosas específicas. Como a História tem mostrado, ao entrar em cena religião, os pontos de vista se cristalizam, e não precisa ser a religião baseada na Bíblia, a inspirada e infalível palavra de Deus. Essa espécie de fé pode ser exatamente o contrário.

Mintz apresentou em sua obra “Historical Geology” um quadro esclarecedor da escala de tempo geológico. Observou ele que em meados de 1800, “a escala padrão de tempo geológico atingiu a forma hoje aceita na maior parte do mundo” (8). Essa moldura, entretanto, baseava-se em observações conduzidas em uma limitada área da Europa. Fundava-se na hipótese de que os períodos constituíam subdivisões naturais marcadas por movimentos orogênicos ascensionais que produziram rupturas e discordâncias no processo de sedimentação.

Quando os geólogos partiram para a exploração de outros continentes além da Europa, descobriram discordâncias maiores e começaram a introduzir novos períodos. Deles, somente dois lograram aceitação universal: o Pennylvaniano e o Mississippiano, como divisões dos leitos carboníferos do Cambriano. E mesmo essas denominações freqüentemente não são reconhecidas na Europa. Mintz destaca que os geólogos hoje entendem “que os períodos não constituem unidades naturais baseadas na ocorrência de eventos físicos, sendo, pelo contrário, unidades arbitrárias cujos limites são fixados por certos eventos na evolução da vida, tendo cessado a tendência de produzir novos períodos” (9).

Surge, assim, o fato de que os limites da coluna geológica são baseados na hipótese da evolução a partir de ancestrais comuns, embora ao ter sido originariamente elaborada a coluna geológica se baseasse na suposição dos criacionistas de que Deus criara os organismos vivos em certa ordem ao longo de extenso período de tempo. Depois que a maioria dos geólogos voltou-se para a crença na evolução, passaram a alegar que, durante os “hiatos” do registro, quando não foram depositados quaisquer fósseis, tiveram lugar tremendas alterações nos organismos vivos. Todos os novos órgãos e estruturas supostamente teriam vindo à existência somente durante esses períodos em que o fundo do mar foi trazido acima das águas. Foi assim postulado que o fundo do mar deveria ter-se deslocado para cima e para baixo numerosas vezes, como um elevador, com os milagres da criação evolutiva acontecendo somente quando o elevador se mantinha nos andares superiores.

Fica-se a pensar por que não se discute jamais na literatura científica o fato de que hoje virtualmente não existem fósseis sendo formados no fundo dos lagos, mares e oceanos. Exceto em casos extremamente raros ou especiais, como o crescimento de corais, nunca encontramos quantidades significativas de fósseis sendo formados no limo do fundo dos oceanos. Não obstante, as rochas sedimentares contêm espessos depósitos de fósseis praticamente solidificados - incontáveis bilhões perfeitamente preservados.

Há outra flagrante falácia nesse pretenso “elevador”, pois por que razão não há registro de uma única série de fósseis intermediários formando a ligação de transição entre quaisquer dois grupos basicamente distintos? A explicação usualmente oferecida é que o “elevador” estava sempre “em cima” quando estava tendo lugar a alteração de uma espécie em outra. Porém é inteiramente razoável supor que, quando o “elevador” estivesse “em cima”, as águas do oceano tivessem se deslocado para qualquer outro local, e portanto por que razão os organismos supostamente em evolução no sentido de algo basicamente distinto não deixaram quaisquer evidências fósseis em qualquer outro local sobre a superfície da Terra? Especialmente com relação à vida aquática, confinada às águas, deveria ter existido algures um “elevador” “em baixo”.


Continua...

(Obs: Como já explicado, as referências irão na última postagem do tema)

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