O Desafio da Mostarda
"Se tiverdes fé como um grão de mostarda..."
Lucas 17.6
Este negócio do grão de mostarda que Jesus ensinou é uma espada de dois
fios para nós. De um lado, a fé não é uma coisa mística ocultista, mas algo
pequeno que se desenvolve. Por outro lado, a fé é algo tão pequeno que se não a
possuímos no tamanho mínimo, de fato não a temos.
A comparação com o grão de mostarda nos indica que a fé não é algo
inalcançável ou de elevada espiritualidade, mas sim uma semente. A semente da
mostarda, como qualquer outra, é um mecanismo de desenvolvimento e invólucro
orgânico no qual estão contidas todas as características de uma planta ou
árvore na forma embrionária.
A semente nas condições adequadas e no ambiente correto irá romper-se e
uma planta com toda a vitalidade irá se desenvolver, crescer e frutificar.
Assim é com a fé. A fé é uma semente poderosa que foi implantada em nós, pelo
Espírito Santo, quando ouvimos a Palavra de Deus e nos convertemos a Cristo
como Salvador e Senhor de nossas vidas.
Como a semente de qualquer planta, a fé tem nela todas as características
e qualidades necessárias para se desenvolver, crescer e frutificar em nossa
vida as coisas que Deus projetou e intentou que ela fizesse. Em seu DNA, a fé
já vem com todo potencial divino para realizar seus objetivos dentro e fora de
cada cristão.
Por outro lado a fé é pequena como um grão de mostarda e aqui reside o
desafio. Jesus nos conta que se tivermos fé apenas do tamanho desta
pequeníssima semente poderemos fazer com que algo impossível, como por exemplo,
uma árvore sair de seu local e ser plantada no mar com uma palavra nossa.
Não acredito sinceramente que a intenção de Jesus era que fizéssemos algo
desta natureza de fato, mas que a fé tem em si mesma a potencialidade divina de
realizar coisas que jamais poderíamos imaginar. Creio que quando ele usou esta
expressão era isso que queria dizer, a fé pode realizar o impossível, não o
utópico, mas o impossível para as nossas capacidades naturais.
Todavia, se não podemos fazer o mínimo exigido nas características
demonstradas por Jesus com nossa fé, ou seja, se coisas impossíveis ou
milagrosas nunca aconteceram em nossa vida, então devemos questionar a nossa
fé. Isto é um enorme desafio. Reconhecer que talvez não temos a fé que Jesus
descreve. É possível que tenhamos apenas um assentimento mental, quer dizer,
somente uma concordância na mente de que algo possa acontecer, mas sem ter
certeza de fato.
A carta aos Hebreus nos diz que a fé é uma certeza e uma convicção
(Hebreus 11.1). Não é algo místico-espiritualista para iniciados nos mistérios
ocultos, mas certeza e convicção. Isto nos remete às faculdades mentais, ao
raciocínio, ao pensamento e a uma razão. A fé é espiritual, mas também é
racional, ela é divina, mas foi criada para habitar no ser humano.
Portanto, temos duas coisas a considerar neste quesito: saber o que é a
fé (uma semente poderosa que se desenvolve) e saber se temos essa fé (não um
pensamento positivo incerto de possibilidade). Também precisamos saber que toda
semente necessita de condições adequadas para seu desenvolvimento, ou seja,
devemos produzir o ambiente para a fé crescer em nós.
A oração diária, a leitura constante da Bíblia, meditar no que os textos
lidos significam, ouvir a boa pregação e o bom ensino da Palavra em uma igreja
cristã genuína, por em prática os ensinos bíblicos no viver diário (praticar a
Palavra é praticar a fé) e estar em uma comunidade de fé que lhe inspire e
alimente é um excelente ambiente para a semente da fé.
Carlos
Carvalho
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