terça-feira, 31 de janeiro de 2012

REMINDO O TEMPO

Efésios 5:16
“Remindo o tempo; porquanto os dias são maus.” 

 



Falar e escrever sobre o tempo ou sobre tempos oportunos nunca é exaustivo. Tempo é algo sério, tão sério, que alguns de nós nem sequer desejamos pensar nele. Tempo nos falta, tempo é caro, tempo é só o que temos na vida. Nosso tempo, por mais que possamos viver com longevidade, é breve.


Por isso existem muitos escritores e preletores que se tornaram especialistas, ou ao menos pretendem ser, em tempo e em como nos dizer o que fazer com ele. São mestres em nos mostrar como organizá-lo e orientá-lo para extrairmos o máximo dele no dia-a-dia.


Para nós, cristãos, o tempo se reveste de grande importância, seja por crermos que o tempo que possuimos é pouco para o que temos de realizar, seja por sabermos que Deus em breve tomará a História e porá término ao chamado “tempo dos gentios”. Portanto, tempo para nós é algo precioso e cheio de profundo significado (para os que pensam nele segundo as Escrituras!).


Movido pelo Espíriro Santo, o apóstolo Paulo descreve em uma pequena linha a importância do tempo para nós e nossa atitude em relação ao mesmo. Nossa compreensão e ação à cerca do tempo mostra a verdadeira significância que ele possui  ou não.


Tentemos entender, de acordo com a Teologia, os significados mais comuns para a expressão “remindo o tempo”. Ao compreendê-los, podemos agir um tanto mais precisamente em relação a ele. Antecipo aos teólogos de plantão que a palavra para “tempo” no texto escolhido é “kairon” (da palavra kairós) e não “chronos”, portanto, tempo neste texto se refere a um tempo oportuno e específico e não a um período de tempo contínuo no qual vivemos.


Significados da expressão:


1         Aproveitar bem as oportunidades enquanto elas durarem – nesta vida as coisas se alteram, incluindo as oportunidades. Elas se iniciam e também terminam. A vida é cíclica e as oportunidades também. Convém sabermos aproveitar oportunidades com inteligência pois elas têm prazo de validade, só não babemos qual é esse prazo. Quero lhes lembrar que “aproveitar as oportunidades” não é transformar-se num oportunista, porque esse texto fala com pessoas de integridade moral.


2         Todos os momentos são preciosos – vivemos num ambiente que dificulta o nosso sucesso espiritual, por isso o tempo é precioso para nós. No que se refere ao sistema de mundo no qual existimos, quase tudo está posto para frear ou obstruir o crescimento espiritual sadio das pessoas. O tempo, neste caso, é extremamente valioso para não nos deixar desviar da rota que traçamos ou que Deus traçou para nós.


3         Remir é “pechinchar” – a figura por trás da palavra é a do comerciante de jóias ou comprador que espera o momento certo no mercado para dar o seu lance. Ele espera o momento que lhe é favorável para não ter prejuízo e conseguir posteriormente lucro em seus negócios. Da mesma forma, é necessário saber ou tentar descobrir os momentos certos para tomar atitudes e agir de maneira hábil a fim de obtermos “lucros espirituais” para nós.


4         Aproveitar os momentos que outros parecem desperdiçar – é cada vez mais claro que muitas pessoas apenas “vivem”, elas não possuem projetos de vida, sonhos, desejos superiores, nada disso ou semelhante. Há aqueles que somente estão passando o tempo pela vida sem se importar com o futuro ou mesmo com o seu presente. Parecem desperdiçar uma das bênçãos mais preciosas que nos foi dada:  o tempo.


5         Melhorar constantemente cada momento presente – isso é remir o tempo: melhorar. Melhorar constantemente, não estagnar na caminhada ou no crescimento do conhecimento. Melhorar o presente tempo de vida que temos significa não parar de tentar ser melhor e de aprender mais. Há sempre uma pergunta a ser feita: Quantos já pararam na jornada da vida? Muitos já pararam bem cedo!


6         Recuperar de alguma forma o tempo perdido – isso não são palavras de autoajuda ou frases de efeito bem construidas para lhe animar. Há realmente possibilidade de recuperar o tempo que foi perdido. Não podemos voltar no tempo (quem não gostaria?), mas devemos levar à sério a questão de recuperá-lo. Isso pode ser feito apenas tomando pequenas atitudes. Voltando a estudar onde parou, começando um curso que sempre desejou fazer, empreendendo o tão sonhado negócio próprio, mesmo agora que se está mais velho(a). Existem tantas maneiras, é só começar! Acho que é um ditado chinês ou oriental que diz  que para se iniciar uma longa caminhada é necessário dar o primeiro passo (se o ditado não for assim, os direitos de criação são meus!).


7         O tempo é a nossa mais preciosa mercadoria – por isso não devemos desperdiçá-lo. Nas relações de trabalho, a pessoa não ganha o salário por somente “trabalhar”. É preciso entender que você vende parte de seu tempo ao seu empregador. Você recebe salário pela produtividade ou não que realiza no tempo que vendeu para seu contratador. Tempo de fato é dinheiro. Tempo é só o que temos para vender. Tudo está relacionado com o tempo, todo o comércio que maneira direta ou indereta está conectado a isso. Não podemos disperdiçá-lo como se pudéssemos reavê-lo quando quisermos, pois cada tempo perdido, não se ganha novamente. Isso é sério!


8         Ser cuidadoso com o uso do tempo pois os dias são poucos – essa é uma possível definição da expressão do texto. Os dias são maus porque são poucos. De fato não temos muito tempo na terra, mesmo que possamos viver até mais de cem anos, ainda assim, são poucos anos. Se fizermos uma conta por alto, menos de oito anos após a carta aos efésios ser escrita e enviada, todo o alicerce da vida humana que o mundo daquela época conhecia foi abalado. Roma foi incendiada, o crime, por capricho de Nero, foi lavado com o sangue dos cristãos. Pedro e Paulo foram martirizados, Nero foi assassinado, o império romano se viu à beira da ruína em meio à guerra civil, foi levada a efeito a guerra contra os judeus, a captura de Jerusalém, a destruição do Templo e a expulsão dos judeus de sua terra. Isso em poucos anos apenas. É preciso ser cuidadoso com o tempo pois tudo pode mudar em um mês ou em um ano, sem estarmos prontos para isso.

Reproduzo aqui um poema de Horácio Bonar:

"Preenche cada hora com o que perdurará
Aproveita os momentos que surgirem
A vida do alto, quando está vida passar
Será fruto maduro da vida cá de baixo"


Graça e paz a todos!



Por Carlos Carvalho
Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblica



segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

2012, Ano da Colheita!




Todas as vezes que terminamos um ano e iniciamos outro fazemos como de costume as nossas reflexões e promessas pessoais que imaginamos e pensamos como deveria ser o próximo período de nossas vidas. Isso é normal de todos nós e não é de se estranhar que também os cristãos façam o mesmo.
Para nós da CBB esse é um ano especial, repleto de promessas antigas, que já a doze anos esperamos seu cumprimento. Passamos coincidentemente por um período de sete anos de “vacas magras”, onde os recursos foram poucos, os ministérios com dificuldade e esmero se empenharam para cumprir seu papel, a música, a dança e os jovens precisaram fazer malabarismos para agradar a Deus e realizar com muito esforço seu propósito.
As finanças foram milimetricamente pensadas e empregadas para não ultrapassar os limites máximos, mesmo com contínuos “altos e baixos”, a intercessão foi aumentada para mais dias nesses anos e o cansaço espiritual quase chegou a nos abater. Lutas contra os inimigos espirituais se intensificaram e o combate foi renhido, mas com vitórias que só podem ser descritas como milagres.
Ao final, enterramos literalmente o ano de 2011 como símbolo de término desse período de provações divinas e com a esperança renovada para um tempo novo prometido por Deus, mediante o Espírito Santo, o inspirador dos profetas. Passamos a crer que uma nova estação estava realmente em curso e que o que foi traçado por Deus se cumprirá a partir desse novo período de sete anos.
O número 12 na Bíblia (afirmamos que absolutamente não cremos em numerologia!) está associado com algumas coisas interessantes e denotam e significam algo para nós neste tempo. Nosso intuito não é fazer um estudo das vezes em que esse número aparece e como extensamente está relacionado, mas um panorama mais geral dele é importante.

Governo – o número doze está associado à formas de governo, tanto físicas como espirituais. Por exemplo: as doze tribos de Israel e todo o seu desenvolvimento até se tornarem um Estado sob Davi e Salomão indicam isso e a promessa de Jesus aos apóstolos que eles governariam as doze tribos de Israel no tempo da restauração também tem esse indiciativo (conf. Mateus 19:28).
Autoridade – quando o Senhor Jesus separou e comissionou os doze, temos nisso o indicativo de autoridade (conf. Mateus 10:1)
Futuro – a Nova Jerusalém é um indicativo de futuro. Deus encerrará a História, julgará a todos, estabelecerá novos céus e nova terra e a cidade santa terá doze fundamentos, neles estãos os nomes dos doze apóstolos, doze portas feitas de material especial e sua largura, cumprimento e altura são múltiplos de doze. Isso é um futuro certo da parte de Deus (conf. Apocalipse 21:9-27).
COLHEITA – esse é um significado que nós temos dado a esse ano baseado na vida de José. Colheita pode significar qualquer coisa pela qual se tem lutado por muitos anos e esperado sem se colocar na frente de Deus, tentando fazer as coisas do seu jeito. É uma “colheita” espiritual que vem de Deus para todos os que foram fiéis em aguardar o tempo determinado.
Percebemos que houve doze acontecimentos históricos na vida de José que o levaram até o momento decisivo em sua trajetória para se tornar o grande homem que foi e o líder mundial que trouxe solução para um problema que se agravava a cada ano que passava: a fome na terra.
José foi o homem usado por Deus para alcançar a sabedoria necessária para manter uma parcela da população mundial viva naquela época, mas isso não aconteceu da noite para  o dia. Ele foi provado por longos treze anos de escravidão forçada e provocada pela inveja de seus próprios irmãos. Veja a trajetória dos doze “ciclos históricos” na vida de José.
1.      Tudo começou com os sonhos que ele teve. Esses sonhos eram de Deus e revelavam seu futuro (Gên.37:5-11)
2.      Tornu-se alvo contínuo da inveja e do ódio de seus irmãos por causa dos sonhos e do amor de seu pai (Gên.37:18-36)
3.      Foi vendido como escravo para a casa de Potifar (Gên.39:7-23)
4.      Vai para a prisão por se recusar a pecar contra Deus e contra seu amo (Gên.39:7-23)
5.      Na prisão interpreta dois sonhos (Gên.40)
6.      Interpreta os sonhos do Faraó (Gên.41:1-37)
7.      É estabelecido como governador de todo o Egito (Gên.41:38-57)
8.      Encontra-se com seus irmãos (Gên.42 ao 45)
9.      Reencontra o pai (Gên.46)
10.  Dá o melhor da terra egipcia para sua família (Gên.47:1-12)
11.  Recebe as bênçãos de seu pai (Gên.49:22-26)
12.  Seus últimos anos e último pedido (Gên.50:14-26)

Sem toda essa trajetória, não conheceríamos o José do Egito, o José da Bìblia, e ele nem estaria na memória de todos os judeus, árabes e cristãos de todas as épocas, e, nem ao menos seria tão mencionado nas Escrituras, tendo tantos capítulos sobre sua vida.
Para nós José está relacionado com a colheita (as interpretações têm a ver com os frutos da terra) e com todos os outros significados que vemos do numeral doze: autoridade, governo e futuro também.
Então, para não me delongar nesse tema e não ficar cansativa a exposição, desejamos a todos um abençoado ano de 2012, com tudo o que ele reserva de possibilidades e de bênçãos da parte de Deus.
Para a Comunidade Batista Bíblica, que esse seja o primeiro dos próximos sete anos de colheita daquilo que o nosso grande Deus em Cristo Jesus nos prometeu.

Graça e paz a todos!






Carlos Carvalho
Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblica