quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O TIPO DE IGREJA QUE DEVEMOS SER


I Tessalonicenses 1

1 Paulo, e Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses em Deus, o Pai, e no Senhor Jesus Cristo: Graça e paz tenhais de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.
2 Sempre damos graças a Deus por vós todos, fazendo menção de vós em nossas orações,
3 Lembrando-nos sem cessar da obra da vossa fé, do trabalho do amor, e da paciência da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, diante de nosso Deus e Pai,
4 Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus;
5 Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos entre vós, por amor de vós.
6 E vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo.
7 De maneira que fostes exemplo para todos os fiéis na macedônia e Acaia.
8 Porque por vós soou a palavra do Senhor, não somente na macedônia e Acaia, mas também em todos os lugares a vossa fé para com Deus se espalhou, de tal maneira que já dela não temos necessidade de falar coisa alguma;
9 Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro,
10 E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura.
 

Basicamente, todas as vezes que lemos e ouvimos pastores e líderes de certos ministérios referirem-se ao crescimento e modelo da Igreja, normalmente se utilizam de Atos dos apóstolos no capítulo dois. Gostaria de ir por um caminho diferente e alternativo para abordar esta questão tanto do crescimento como também do modelo de igreja local para os nossos dias baseados no texto de I Tessalonicenses.
Embora tenha lido o Novo Testamento inúmeras vezes nos últimos vinte anos de minha fé cristã, nunca havia percebido esse texto com tanta clareza como nestes dias em que tenho reestudado com outro olhar as páginas das Escrituras neotestamentárias. Ponho diante de mim uma contínua missão de encontrar uma eclesiologia para minha comunidade de fé que funcione adequadamente e satisfaça o mínimo das demandas que possuímos como corpo local.
Por isso, durante anos busquei, li e participei de vários eventos e palestras voltados para o crescimento de igreja e procurei implantar em nossa Comunidade vários modelos eclesiológicos, sem, contudo, alcançar o êxito esperado. Um pouco de frustração vem à tona em nossas vidas como pastores quando não consideramos que no ponto no qual já chegamos, é exatamente o local aonde Deus nos queria trazer até este momento da história.
Isso não significa que nossa comunidade de fé não irá mais crescer, que nossos planos ministeriais foram paralisados por Deus, que tenha de haver um contentamento misturado com inércia ou que fomos fadados e destinados a sermos pastores de rebanhos insignificantes e estéreis. Nada mais demoníaco pensar deste modo. O que digo é que Deus nos trouxe a um momento de nossa vida que talvez Ele mesmo esteja dizendo algo que não ouvimos ou queremos ouvir.
Todavia o caminho que tracei para este escrito não foi o de tentar responder a coisas que não tenho respostas. Cada um de nós deve ser maduro o suficiente para encontrar no Senhor as respostas para aquilo que lhe causa frustração ou anseio. Meu propósito é tentar definir uma eclesiologia que possa nos servir de norte para guiar bem o povo sobre o qual o Espírito Santo nos constituiu ministros.
Não me aterei aos pormenores teológicos. Todos sabem que “igreja” não é um edifício, uma placa, nem um nome institucional legalizado. Igreja é o corpo de Cristo, seus membros, cada um de nós que estamos nele. Igreja é formada por pessoas redimidas e resgatadas do mundo e do pecado (nem todos, mas paciência!). Igreja, portanto, é a reunião dos crentes em Jesus. É a partir deste conhecimento que inicio este ponto.
Qual o modelo de igreja que devemos ser revelado no texto escolhido? Como, a partir desta carta, Paulo vê a igreja? Como deve se mostrar um povo que professa a sua fé em Jesus Cristo? Em minha leitura encontrei oito pontos fundamentais que podem ser vividos como a eclesiologia de uma igreja local e como projeto de vida de cada cristão que participa da Igreja.

Primeiro - Uma igreja de fé, de amor e de esperança (v.3).
Uma igreja que tem fé é um grupo que realiza a obra da fé. Isso significa que as coisas que esta comunidade faz em relação ao próximo e para si mesma é fruto de sua fé. Esta igreja também acrescenta a essas ações o amor que é o motivador de seus atos. Esta igreja possui uma esperança no Senhor que não se abala diante das adversidades. A fé realiza a obra, o amor é o motivo e a esperança é a garantia do futuro.

Segundo - Uma igreja que compreende que foi eleita por Deus (v.4).
Os cristãos atuais em grande número não conhecem a doutrina da eleição. Como disse, não vou entrar pelo caminho da teologia das palavras, mas essa doutrina nos fala basicamente algumas coisas. 1) nós não tínhamos nenhuma condição de nos aproximar de Deus e de receber o seu perdão, 2) tudo o que fizemos foi transgredir vez após outra os mandamentos de Deus, 3) mesmo assim, Deus nos escolheu e nos elegeu em Cristo para vivermos em sua presença e, 4) Ele decidiu nos aceitar e amar sem merecermos. Isso é eleição!

Terceiro - Uma igreja que experimenta o poder do Espírito e tem fortes convicções (v.5).
O que seria de uma igreja sem o real poder de Deus? O poder do Espírito Santo que cura, liberta e transforma o ser humano na imagem do Filho de Deus e que nos conduz continuamente a termos experiência com Ele? Como imaginar uma igreja que é o corpo do próprio Jesus Cristo não ser canal de sue poder na terra? Da mesma forma, não imaginamos uma igreja sem fortes convicções, sem a mente saudável ou cheia de dúvidas alimentadas por aqueles que vivem como “pedras de tropeço” aos outros. Um povo sem convicções definidas é fraco na fé e anda atrás de “coisas novas” todos os dias.

Quarto - Um povo que se parece com Jesus e é alegre (v.6).
O maior de todos os modelos pessoais para qualquer cristão é Jesus. Portanto, o mais excelente alvo de todos é que uma comunidade de crentes se pareça com ele em suas ações e palavras. Não há desejo mais sublime. Conseqüentemente, uma igreja que se parece com Jesus, é uma igreja feliz, alegre no dia a dia. Agir como o Senhor nos dá alegria de viver. O mundo em nossas últimas gerações ainda não viu Jesus através da sua igreja. Está mais do que na hora disso acontecer.

Quinto - Uma igreja que se torna modelo para as outras ao redor (v.7)
Esta também é uma parte difícil do processo, mas não impossível. Paulo viu o nascimento daquela igreja local e com o passar dos anos seu amor e devoção não diminuíram, ao contrário, foi crescendo a ponto de ser ouvido em partes longínquas do império. Esta comunidade local se tornara um modelo de como os cristãos deveriam viver sua fé, como relacionar-se internamente e com os de fora e como ser relevante para o reino de Deus colaborando com a propagação da Palavra da salvação. Ser um modelo não é ser superior às outras, mas suprir as deficiências delas pelo testemunho de si mesma.

Sexto - Uma igreja missionária (v.8)
Quanto a isso não acredito que se tenha muito que dizer. A igreja por natureza é missionária. Em sua região, cidade, estado ou nação, a igreja já faz missões pela própria existência e viver diário. Somente que existe uma imensa parte do povo de Deus que não tem a mínima preocupação com a obra missionária. Penso que uma comunidade missionária é uma igreja que vê as necessidades do campo missionário como sérias e reais, tanto quanto vê a necessidade que sua cidade seja alcançada pela mensagem do Evangelho. Isso pode ser feito de diversas formas.

Sétimo - Um povo que adora e serve ao Deus verdadeiro (v.9)
Somos chamados antes de tudo para ser adoradores. Sabemos disso e muito bem. Muitas igrejas locais se empenham em realizar congressos e seminários, encontros e shows de adoradores e atuam diversificadamente com esse objetivo. A questão aqui não é que a adoração seja uma questão de músicas e palestras. Uma igreja que serve e adora a Deus faz isso com sua vida. Em casa, no ambiente de trabalho, no meio da família e em sociedade, a adoração é um estilo de vida. Em outras palavras. Tudo o que eu faço, toda a minha vida deve servir para que Deus seja visto e reconhecido em cada detalhe. Isso sim é desafio!

Oitavo - Uma igreja que aguarda a volta de Jesus (v.10)
Por fim, uma igreja que não anseia o retorno de Jesus não é igreja, é um clube social. Uma igreja que espera a volta de Cristo não acumula tesouros e bens na terra, não compra um carro novo a cada ano aumentando sua frota particular, não ostenta riqueza e glamour e tampouco faz planos apenas para esta vida, como se não fosse viver em outro mundo. Uma igreja que espera o retorno de Cristo vive como se fosse um forasteiro nesta terra, pronto para partir a qualquer momento.
Penso que estes motivos e argumentos extraídos da carta aos tessalonicenses podem se constituir um excelente fundamento para um sólido modelo de igreja neotestamentária, séria, relevante, adoradora, responsável socialmente, que reconhece sua dívida com Jesus Cristo e lhe tem como Senhor e Cabeça e que anda, não em direção à glória desta terra, mas em direção à glória do mundo vindouro.
Pense nisso!

 Por Carlos Carvalho

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Ateus Infantis II


by Carlos Carvalho
4 de outubro de 2012

O Brasil, se não é plenamente, está caminhando para tornar-se um país de direito, democrático e de plenas liberdades civis. Neste contexto, todos têm liberdade de crenças garantidas pela própria Carta Magna, incluindo a liberdade de não crer em Deus ou em nada. Isso é parte fundamental de um Estado de direito, onde qualquer pessoa tenha suas escolhas pessoais de fé, de consciência e até mesmo de sexualidade.
Não cabe e nem se espera que o Estado interfira em assuntos religiosos e não-religiosos (dos que não possuem alguma religiosidade), nem atue como árbitro em assuntos de moralidade e sexualidade de seus cidadãos (desde que não firam a sociedade). É esperado e salutar que este Estado contribua para a paz social, para o bem-estar de todos, forneça segurança e os benefícios assegurados pelas leis ao seu povo.
O ateísmo que tenho visto e ouvido verborragicamente gritado nas redes sociais e por uns poucos acadêmicos em nosso país chega às raias de um picadeiro de circo, onde todos os membros deste se esforçam para apresentar o seu número, sem, contudo, ter a organização esperada nos atos de uma peça bem realizada. São vozes das mais diversas, fazendo um enorme barulho, mas não encontramos coerência nelas. Estão destoadas e aleatórias.
O que tenho percebido claramente é que há algumas coisas bem pontuais e repetitivas nesse movimento.
Primeiro – a maioria são jovens com problemas sérios de rejeição a qualquer tipo de autoridade e isso demonstra, na grande parte dos casos, problemas familiares não resolvidos. Revoltosos que encontraram no movimento uma oportunidade de derramar suas desafeições pessoais contra “os religiosos”. E sem nenhuma educação social, pois deliberadamente se expressam com palavras fortes e de baixo calão (talvez não entendam o que eu disse, então... palavrões).
Segundo – reitero que minha análise é partir do que leio e escuto nas redes e vídeos postados. Percebo que muitos destes “defensores” do laicismo não são pensadores de fato, incluindo uns poucos que se consideram professores acadêmicos. São verdadeiramente repetidores de teses e conceitos dos quais se apropriaram, sem conhecer os fundamentos, se científicos ou não. Não basta repetir as expressões comuns do meio como: “as últimas pesquisas”, ou “pesquisas apontam”, ou “algumas conclusões sugerem” e etc. Isso não é cientificismo, é falta de raciocínio pessoal.
Terceiro – a própria ciência não subestima suas limitações e não se considera superior a outros conhecimentos, mas o movimento ateísta está repleto de seres elevados com uma sapiência tão alta que só não deuses porque não acreditam em divindades. Quero dizer com isso que um tipo de conhecimento que tem apenas dois séculos e meio se arroga como conhecedor e detentor de toda a “verdade” do universo. Não acho que a sua “bola” está tão alta assim.
Quarto – quando observamos os maiores defensores atuais do ateísmo como Dawkins e Harris, por exemplo, o que vemos? Vendedores de livros, não são considerados rigorosamente cientistas, nem por ateus de verdade, nem por cientistas de verdade. São homens que se utilizam de argumentos tão subjetivos como “sorte” e “azar” para explicar suas teses. Dawkins, para explicar a transformação das espécies em níveis da quantidade de informação genética, se utiliza das expressões “com milhões de anos e um pouco de sorte”, e Harris, usa o termo “azar” para explicar os motivos que podem levar uma pessoa a ser um serial-killer e não ser culpado por suas ações.
Quinto – somente o Cristianismo é a principal fonte de ataques desses pseudo-ateus. A desculpa mais comum é que “não tem graça” atacar outras religiões, também porque o Cristianismo é a base fundamental das sociedades ocidentais. Mas eu gostaria de ver qualquer desses ateus em países islâmicos, budistas e hinduístas viverem e expressar sua “liberdade” nos moldes como o fazem nos países cristãos. Parece que desconhecem totalmente que a liberdade que hoje possuem foi outorgada pelo Cristianismo, mesmo com os erros que este cometeu no passado.
Sexto – não vou me entender mais. Termino com isso: a moral e a ética não são características de quem tem algum valor ou princípio religioso. Ética e moral são valores do indivíduo, independente se este crê em Deus ou não. Todo o cidadão do mundo deve viver eticamente, moralmente e educadamente em relação aos outros e à sociedade onde habita. Sua cultura deve ser ética e moral e isso é possível sem conotações religiosas. Mas ao tratarmos destes aspectos, percebemos nitidamente que as pessoas que possuem religião ou crença religiosa são mais propensas a respeitar a ética e a moralidade. Mesmo quando religiosos são flagrados em atos imorais e desonestos, a sociedade religiosa não os apóia e nem aceita com normalidade o acontecido. Há o perdão, mas antes há a reprovação por parte de todos. Isso não acontece com freqüência em ambientes não religiosos.
Para mim, o universo de talvez, milhões de ateus do ocidente, está baseado nestes termos renitentes que descrevi acima. Acredito que os verdadeiros ateus são aquelas sinceras pessoas que estão em busca de respostas às suas mais profundas dúvidas acerca da fé e de Deus. A esses o meu sincero respeito e minhas desculpas por quaisquer palavras que soarem ofensivas. Aos demais, os vejo como criancinhas dependentes dos pais, mas que foram abandonadas por eles e adotadas como Rômulo e Remo por uma loba, ou como Tarzan, pela gorila Kala.