segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Religião & Ciência


Religião & Ciência



"Nunca poderá haver um real antagonismo entre religião e ciência, porque uma é o complemento da outra.


A religião e a ciência natural estão lutando juntas numa cruzada sem trégua contra o ceticismo e o dogmatismo, contra a descrença e a superstição, e, assim, a favor de Deus!.


Deus é um matemático de altíssima categoria, que usou matemática avançada para construir o universo".



Max Planck

Físico alemão. É considerado o pai da física quântica e um dos físicos mais importantes do século XX. Planck foi laureado com o Nobel de Física de 1918, por suas contribuições na área da física quântica.


quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

OArgumento de Leibniz 3


O Argumento de Leibniz 3



Segunda Premissa

Se o universo tem uma explicação para existir essa explicação é Deus.

Os defensores do ateísmo concordam com a segunda premissa E quanto à segunda premissa, que afirma que se explicação para existir essa explicação é Deus? Em termos plausíveis, ela é mais verdadeira ou falsa?

O que mais causa estranheza para os defensores do ateísmo a essa altura é que a segunda premissa é logicamente equivalente à típica resposta ateísta ao argumento de Leibniz. Dois enunciados são logicamente equivalentes se for impossível um deles ser verdadeiro e o outro falso. Ou ambos se sustentam ou ambos caem por terra. Então, o que um ateísta quase sempre diz em resposta ao argumento de Leibniz? Como acabamos de ver, ele tipicamente afirma o seguinte

  1. Se o ateísmo é verdadeiro, o universo não tem uma explicação para existir.

Essa é precisamente a resposta dos ateístas à primeira premissa. Para eles o universo apenas existe de forma inexplicável. Mas isso equivale logicamente a dizer:



  1. Se o universo tem uma explicação para existir, então o ateísmo não é verdadeiro.

Portanto, não se pode afirmar A e negar B.  Mas B é praticamente um sinônimo da segunda premissa! (Compare os dois enunciados). Assim, ao dizer em resposta à primeira premissa que, dado o ateísmo, o universo não tem explicação, os ateístas estão implicitamente admitindo a segunda premissa, ou seja, se o universo tem uma explicação para existir, então Deus existe.

Outro argumento em favor da segunda premissa: “A causa do universo: um objeto abstrato ou uma mente sem corpo físico?”

Além disso, a segunda premissa é muito plausível em seus próprios termos. Pense no que é o universo: toda realidade tempo-espaço, inclusive toda matéria e energia. Segue-se que se o universo tem uma causa de existência, essa causa deve ser um ser não físico, imaterial.

Ora, existem somente duas coisas que se encaixam nessa descrição: um objeto abstrato, como um número, ou uma mente sem corpo físico. Porém, objetos abstratos não podem ser causa de nada. Isso faz parte do que significa ser abstrato. O número 7, por exemplo, não pode causar nenhum efeito. Logo, a causa da existência do universo deve ser uma mente transcendente, e é isso que os cristãos e n t e n d e m por Deus.

Espero que esteja começando a captar a força do argumento de Leibniz. Se bem-sucedido, este argumento prova a existência de um Criador pessoal do universo, um Criador necessário, não causado acima do tempo e do espaço e imaterial. Não estou me referindo a alguma entidade mal concebida, como um ser extraterrestre, mas de um ser ultramundano e que possui as muitas propriedades tradicionais de Deus. Isso é verdadeiramente fascinante!


Alternativa ateísta: “O universo existe necessariamente!”

(Continua...)

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O Argumento de Leibniz 2

O Argumento de Leibniz 2

Primeira Premissa
Tudo que existe tem uma explicação para existir.

Uma objeção à primeira premissa: “Deus deve ter uma explicação para sua existência”

Em princípio, a primeira premissa pode parecer vulnerável de um modo bem evidente.  E tudo que existe tem uma explicação para existir, e Deus existe, logo Deus deve ter uma explicação para sua existência! Mas isso parece estar fora de questão, pois a explicação para a existência de Deus exigiria a explicação da existência de outro ser maior do que Deus. Uma vez que isso e impossível, a primeira premissa deve ser falsa. 

Algumas coisas devem ser capazes de existir sem que haja qualquer explicação para isso. Um cristão diria que Deus existe de forma inexplicável. O ateu diria: “Por que não para o universo? O universo simplesmente existe, de forma inexplicável”. Com isso, parece que chegamos a um beco sem saída.

Resposta à objeção anterior: “Certas coisas existem necessariamente”

Vamos mais devagar! Essa evidente objeção a primeira premissa se baseia em uma compreensão equivocada do que Leibniz quis dizer por “explicação”. Na visão dele existem duas classes de coisas: (a) as que existem necessariamente e (b) as que são geradas por alguma causa externa. Vou explicá-las.

(a) As coisas que existem necessariamente existem por uma imposição ou necessidade de sua própria natureza. Para elas é impossível não existir. Muitos matemáticos acreditam que os números, os conjuntos e outros entes da matemática pertencem a essa classe de coisas. Eles não são causados por outra coisa; apenas existem pela necessidade de sua própria natureza.

(b) Por contraste, as coisas que têm sua existência causada por outra não existem necessariamente. Elas existem porque algo além delas as gerou. Objetos físicos conhecidos, como as pessoas, os planetas e as galáxias pertencem a essa categoria de coisas.

Portanto, quando Leibniz diz que tudo que existe tem uma explicação para existir, essa explicação pode se encontrar ou em uma necessidade da natureza da própria coisa ou em alguma causa externa. Assim, a primeira premissa poderia ser expressa de forma mais completa da seguinte maneira:

1. Tudo que existe tem uma explicação para existir, seja essa explicação uma necessidade da própria natureza da coisa ou uma causa externa.

Mas com isso a objeção acima cai por terra. A explicação para a existência de Deus se encontra na necessidade da própria natureza de Deus. Como até um ateu reconhece, é impossível que Deus tenha uma causa. Logo, o argumento de Leibniz é na verdade um argumento em favor de Deus como um ser necessário, não causado.

Longe de diminuir o argumento de Leibniz, a objeção ateísta a primeira premissa na verdade ajuda a esclarecer e engrandecer quem Deus é! Se Deus existe, ele é um ser que necessariamente existe, que não é causado.

Defesa da primeira premissa: “Tamanho não importa”

Então, que razão podemos oferecer para alguém pensar que a primeira premissa é verdadeira? Bem, quando você começa a refletir sobre essa premissa, percebe que ela é uma espécie de premissa evidente em si mesma. Suponha que você esteja atravessando uma floresta e se depare com uma bola translúcida bem no meio da floresta.

Sua reação natural seria se perguntar como aquilo foi parar ali. Se alguém que estivesse com você dissesse, “Ora, isso apenas existe, não tem uma explicação. Não se preocupe com isso!”, você pensaria uma dessas duas coisas: que essa pessoa estava maluca ou que só estava querendo seguir em frente. Ninguém levaria a sério a sugestão de que aquela bola existia e estava lá sem nenhuma explicação, literalmente.

Suponha agora que você aumente o tamanho dessa bola e ela passe a ser do tamanho de um carro. Isso não mudaria em nada a exigência de uma explicação para ela. Suponha que ela seja do tamanho de uma casa. Continua havendo a mesma necessidade de explicação. Ou que ela seja do tamanho de um continente ou de um planeta. A mesma coisa. Suponha que ela seja do tamanho do universo inteiro. A necessidade de explicação continua. Meramente aumentar o tamanho da bola não afeta em nada a necessidade de uma explicação.

A falácia do táxi

As vezes os defensores do ateísmo dirão que a primeira premissa é verdadeira para tudo que esteja no universo, mas não acerca do universo em si. Tudo o que existe no universo tem uma explicação, mas o próprio universo não tem.

Contudo, essa explicação comete algo que tem sido chamado de “falácia do táxi”. Como costumava dizer com sarcasmo Arthur Schopenhauer, filosofo ateu do século XIX, a primeira premissa não pode ser dispensada com um aceno de mão, como se dispensa um táxi depois que se chega ao destino desejado! Não se pode dizer que tudo tem uma explicação para existir e, de repente, tirar o universo fora disso. Seria uma atitude arbitraria da parte do ateu se ele alegasse que o universo é uma exceção à regra (lembre-se que o próprio Leibniz não fez de Deus uma exceção à regra da primeira premissa).

A ilustração que demos acima com a bola na floresta mostrou que o simples fato de aumentar o tamanho do objeto a ser explicado, mesmo que ele chegue ao tamanho do universo inteiro, não anula a necessidade de haver alguma explicação para a sua existência.

Observe ainda o quanto essa resposta do ateísmo não é cientifica. Pois a própria cosmologia (estudo do universo) atual se dedica a busca de uma explicação para a existência do universo. A atitude ateísta mutilaria a ciência.

Outra falácia ateísta: “E impossível que o universo tenha uma explicação”

Assim, alguns defensores do ateísmo tentaram arrumar uma justificativa para fazer do universo uma exceção à primeira premissa. Eles disseram que é impossível que o universo tenha uma explicação para sua existência. Por quê? Porque essa explicação teria que ser um estado de coisas anterior no qual o universo ainda não existia. Mas isso seria o nada, e o nada não pode ser a explicação de algo que existe. Assim, o universo deve somente existir, de forma inexplicável.

Essa linha de raciocínio é uma evidente falácia. Pois ela assume que o universo seja tudo o que existe, de modo que se o universo não existisse, haveria o nada. Em outras palavras, a objeção presume que o ateísmo seja verdade! Os ateístas, portanto, estão cometendo uma repetição de principio, argumentando em círculos.

Leibniz concordaria com a colocação de que a explicação do universo deve estar em um estado de coisas anterior à existência do universo. Mas esse estado de coisas anterior é Deus e sua vontade, e não o nada. 

Parece-me, portanto, que a primeira premissa, em termos plausíveis, é mais verdadeira do que falsa, e isso é tudo que precisamos para um bom argumento.

(Continua...)


Willian Lane Craig

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

O Argumento de Leibniz - 1


O argumento de Leibniz

Gottfried Wilheim Leibniz (1646 - 1716) foi um filósofo alemão, que também era matemático e especialista em lógica alemã. Ele inventou o cálculo diferencial e integral mais ou menos na mesma época em que Isaac Newton. Na verdade, ele passou os últimos cinco anos de vida se defendendo da acusação de que ele havia roubado e publicado as ideias de Newton. Hoje é consenso entre a maioria dos historiados que Leibniz de fato inventou o cálculo de forma independente.

Podemos reduzir o pensamento de Leibniz à forma de um simples argumento. Isso traz a vantagem de deixar a sua lógica bem clara e voltar nossa atenção para os passos cruciais de seu raciocínio. Também deixa seu argumento bem fácil de memorizar para que depois possamos compartilhá-lo com outras pessoas. O raciocínio de Leibniz possui três premissas:

1. Tudo que existe tem uma explicação para existir.
2. Se o universo tem uma explicação para existir essa explicação é Deus.
3. O universo existe.

É isso aí! Ora, o que se segue logicamente dessas três premissas? Bem, vejamos a primeira e a terceira premissa. (Peço que as leia em voz alta, se isso de alguma forma ajudar). 5e tudo que existe tem uma explicação para existir e o universo existe, então, logicamente segue-se que:

4. O universo tem uma explicação para existir.

Observe agora que a segunda premissa diz que se o universo tem uma explicação para existir essa explicação é Deus. E a quarta premissa diz que universo de fato tem uma explicação para existir. Então, da segunda e quarta premissas segue-se logicamente que:

5. Portanto, a explicação da existência do universo é Deus.

Ora, esse é um argumento logicamente hermético, incontestável. Equivale a dizer que se as três premissas são verdadeiras, a conclusão é inevitável. Pouco importa se um ateu ou um agnóstico não goste dessa conclusão. Pouco importa se ele tiver outras objeções à existência de Deus. Contanto que ele admita as premissas, ele terá que aceitar a conclusão. Assim, se ele quiser refutar a conclusão, terá que dizer que uma das três premissas é falsa. Mas qual delas ele refutará? A terceira premissa é inegável para qualquer um que esteja sinceramente em busca da verdade. É obvio que o universo existe! Logo, o ateu terá que negar a primeira ou a segunda premissa, se pretende continuar sendo ateu e racional.
Portanto, a questão toda se resume a isso: A primeira e a segunda premissa são verdadeiras ou falsas? Vamos dar uma olhadinha nelas.
(Continua...)

Willian Lane Craig