segunda-feira, 21 de abril de 2014


VIDA ALÉM DA TERRA

Histórico da busca

A busca de vida inteligente em qualquer lugar do universo começou em 1959. Giuseppi Cocconi e Phillip Morrison, da Universidade de Cornel, propuseram em um artigo publicado que a região microondas do espectro eletromagnético era a melhor forma de comunicação interestelar, pois os sinais nesse espectro podem viajar longas distâncias. Eles presumiram que, provavelmente, os alienígenas usariam a freqüência “universal” para suas transmissões – sua freqüência sugerida de 1420 MHz é ainda hoje a freqüência mais popularmente usada nos projetos do programa SETI. Nessa mesma época, o jovem astrônomo Frank Drake usou a antena West Virginia de 25,90m para a primeira busca de sinais extraterrestres em um projeto chamado “Projeto Ozma”.

1420 MHz é a frequência que corresponde ao comprimento de onda de 21 cm, que é semelhante ao comprimento de onda usada pelos átomos de hidrogênio na emissão periódica de um fóton – Drake argumentou que qualquer extraterrestre que quisesse chamar a atenção se associaria ao átomo mais abundante no universo. O “Projeto Ozma” começou em 8 de abril de 1960. Ele buscou sinais durante um mês nas duas estrelas mais próximas parecidas com o Sol, a Epsilon Eridane e a Tau Ceti.

Mesmo sem resultados, o “Projeto Ozma” se transformou em um modelo para a maioria dos projetos do SETI. Drake posteriormente desenvolveria sua famosa Equação Drake, que tenta fazer um estimado do número de civilizações extraterrestres em nossa galáxia com as que poderíamos entrar em contato. Ele também permitiu aos cientistas quantificar a existência de fatores que determinassem o número de civilizações extraterrestres.

Em 1970, a NASA ficou interessada no SETI. Bernard Oliver, um especialista em eletrônica da empresa Hewlett Packard e líder defensor do SETI, que posteriormente se tornaria o chefe do programa da NASA na década de 80, co-desenvolveu o ambicioso “Projeto Cyclops”. O plano precisava de uma floresta de aproximadamente mil antenas de 100 metros, ocupando uma área aproximada de 10 quilômetros de diâmetro, para varrer os céus em busca de sinais extraterrestres. Mas o projeto nunca foi aprovado.

Nos anos posteriores, Oliver também agregou outra frequência de busca – 1.662 kHz, que é a frequência de emissão de outra molécula muito comum, OH ou hidroxilo. O hidrogênio e o hidroxilo se juntam para formar H2O – ou água – o componente básico da vida. Oliver acreditou que a faixa entre 1.662 kHz e 1,420 kHz é capaz de poder detectar sinais extraterrestres. Ele designou essa faixa ao redor da frequência de emissão de hidrogênio como “buraco d’água” (Water Hole) e daí em diante as buscas do SETI se concentraram nesse pequeno grupo de frequências.

Os russos também desenvolveram seu próprio programa SETI, que foi inicialmente moldado do trabalho de Cocconi, Morison e Drake. Contudo, Nicolai Kardashev, do Instituto Sternberg de Moscou, criou uma estrutura para o SETI demonstrando ter mais imaginação que os americanos. Ele propôs a classificação das civilizações em três categorias. As civilizações do tipo I – da qual a Terra faz parte – têm níveis de tecnologia que dominaram a energia vinda da estrela incidente no seu planeta. As do tipo II são capazes de usar toda a energia da sua estrela, e as do tipo III utilizam toda a energia dentro de suas próprias galáxias. Kardashev argumentou que era muito mais prático identificar as civilizações do tipo II e III, ao contrário da proposta dos americanos de buscar somente as do tipo I.

Enquanto as pesquisas do SETI têm sido apenas modestos incidentes, em 1992 a NASA iniciou o maior projeto SETI já realizado. A NASA abraçou um novo caminho: seu Centro de Pesquisa Ames observaria 1.000 estrelas como o Sol, enquanto o Laboratório de Propulsão a Jato conduziria uma busca no céu completo.  O congresso dos Estados Unidos acabou com os fundos destinados para o projeto em pouco mais de um ano, após não ter resultados concretos.

Nova “Descoberta”

Nestes últimos dias mais uma “descoberta” tem alvoroçado o mundo da astronomia, a NASA descobre o primeiro exoplaneta do tamanho da Terra. O Kepler-186f tem o tamanho da Terra e está em órbita ao redor de uma estrela classificada como anã, menor e menos quente do que o sol. É o primeiro planeta fora do Sistema Solar e onde pode existir água em estado líquido, o que o torna habitável. Essa descoberta reforça a possibilidade de encontrar planetas similares à Terra na nossa galáxia, a Via Láctea, segundo uma equipe internacional de astrônomos liderada por um profissional da Nasa.

O exoplaneta, denominado Kepler-186f, foi identificado por pesquisadores da Nasa usando o telescópio Kepler, segundo estudo publicado nesta quinta-feira (17) na revista científica "Science". "A intensidade e o espectro da radiação do Kepler-186f o colocam na zona estelar habitável, implicando que, se ele tiver uma atmosfera como a da Terra, então uma parte de sua água provavelmente está em forma líquida", diz o estudo. O telescópio Kepler permite identificar planetas em sistemas distantes medindo a quantidade de luz que eles bloqueiam quando passam na frente das estrelas que orbitam, ou seja, o equipamento não "enxerga" o planeta diretamente.

O Kepler-186f, que orbita a estrela anã Kepler-186, fica na constelação do Cisne, a cerca de 500 anos-luz da Terra. Ele é o quinto e mais afastado de um sistema de cinco planetas, todos com tamanho parecido com o da Terra. "É extremamente difícil detectar e confirmar planetas do tamanho da Terra, e agora que encontramos um, queremos encontrar mais", disse em uma teleconferência Elisa Quintana, pesquisadora do Instituto para a Busca de Inteligência Extraterrestre (SETI).

Excitações e imaginações à parte, mais uma vez estamos na mesma posição de sempre. Usando a mágica das “possibilidades” e das “probabilidades matemáticas”, nossos pesquisadores sonham com suas utopias enquanto descartam a fé e as declarações de verdade das Escrituras bíblicas. Alguns questionam vorazmente nossas crenças como contos de fadas, enquanto usam a ciência como disfarce para seus próprios contos infantis. Uma realidade esmagadora se apresenta até aqui com todos os bilhões de dólares gastos há décadas: não foi encontrada vida como a conhecemos fora da Terra. Isso reforça a verdade bíblica que o planeta e a vida têm propósitos determinados pela criação especial.


Carlos Carvalho


Referências:

A NASA e o programa SETI. Discovery Brasil. Disponível em: http://discoverybrasil.uol.com.br/alienplanet/alternate/alternate_2/index.shtml

Descoberto o 1º exoplaneta do tamanho da Terra em zona habitável.  G1. Em: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/04/cientistas-descobrem-1-exoplaneta-habitavel-do-tamanho-da-terra.html
           
"Faremos contato". Folha de São Paulo. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs2803201008.htm

Imagem. Ilustração mostra como seria o planeta Kepler-186f (Foto: NASA Ames/SETI Institute/JPL-Caltech).