Pedras do sapato da Cosmologia
Em artigo
publicado na revista Ciência e Cultura, o professor associado do Instituto de
Física da USP, Raul Abramo, disserta sobre o “estranho universo em que vivemos”
e nos mostra o que hoje ainda se constitui alguns dos mistérios de nosso
universo, como o seu “lado escuro” (a matéria escura), a sua recente aceleração
e a energia escura.
O professor
nos revela que em resumo, a matéria e energia do universo, se compõem
basicamente por:
4% de matéria normal (átomos,
estrelas, planetas e, principalmente gás).
26% de matéria escura (que deve
ser algum tipo de partícula elementar ainda desconhecida).
70% de energia escura (componente
sobre a qual nada se sabe, a não ser que esta deve ser a causa da recente
aceleração da expansão do universo).
Segundo o
professor Raul, “ninguém pode estar satisfeito com a situação onde, para
explicar os fenômenos do cosmos, precisamos apelar para dois tipos distintos de
substâncias invisíveis”. A matéria escura poderá vir a ser detectada em
experimentos futuros na física de partículas, pois ela já foi prevista nos
modelos em que a matéria escura interage, em pequena medida, com as partículas
que se conhece em aceleradores como o Cern (sigla da organização da Europa para
as pesquisas nucleares).
Porém, segundo
o professor, a energia escura, não desfruta da mesma possibilidade. Para ele,
não parece haver a “menor perspectiva de jamais ser detectada diretamente em
laboratório, ou mesmo por algum telescópio terrestre” e pode alterar as noções
básicas do Modelo Cosmológico Padrão (MCP) que se tem hoje. Se essa é a real situação,
como ainda podem alguns nos considerar ignorantes quando falamos de Design e
Teísmo?
É certo que o
artigo do professor Raul não se destina à defesa do teísmo, do ateísmo ou de
qualquer outro ponto de vista fora de seu âmbito científico, nem estou dizendo
que ele tem esta ou aquela posição em relação aos assuntos da fé ou da não-fé,
apenas considerei interessante suas questões sinceras e moderadas sobre o
conhecimento ou a falta dele acerca de nosso universo. Sobre isso dá para se
pensar bastante, não?
© Carlos Carvalho
Fonte:
O Estranho Universo em que Vivemos. Raul Abramo. Revista Ciência e
Cultura, vol.61, n.4. on line version ISSN 2317-6660. São Paulo, 2009.
Disponível em:
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-7252009000400010&script=sci_arttext
Imagem: Aglomerado de galáxias de Coma.