domingo, 29 de julho de 2012

Transformação


Tenho me detido na palavra transformação nesses últimos meses e cada vez mais percebo o quanto ela estava presente na pregação de Jesus e da igreja primitiva naqueles dias. Seja de forma explícita ou implícita, essa palavra desponta como parte essencial da mensagem cristã nos dois primeiros séculos de nossa era.
Entendemos que transformação no ensino bíblico significa não apenas um conceito que nos leva a pensar ou raciocinar sobre as mudanças necessárias que poderíamos fazer em nosso ambiente ou vida, mas transformação tem muito mais a ver com alterar um estado de coisas. Ou seja, transformar é, por exemplo, tirar um indivíduo de um estado deplorável de pobreza e miséria e elevá-lo a um estado de dignidade pessoal e de auto-sustentabilidade.
Transformar, portanto, é mudar a vida de alguém ou de uma sociedade, no que diz respeito ao seu status. Com isso não me refiro a meras questões de posição social ou familiar, refiro-me ao estado interior (não visível) e exterior (visível) de uma pessoa.
Transformar não é somente mudar um indivíduo de lugar, mas também dar a ele condições para que jamais retorne ao seu estado anterior de destruição, de medo, de profundas necessidades e de falta de oportunidades e esperança. Transformar é alterar a perspectiva de vida e de futuro das pessoas.
Sei que muitos estão envolvidos constantemente em importantes projetos sociais dos mais diversos com o intuito de melhorar a vida das pessoas carentes e sofridas de nosso país. Mas também acredito que a maioria desses projetos não alcança seus objetivos porque sua visão e metodologia estão de certa forma indo em outra direção.
Quando vejo algumas ações como bolsas para isso, bolsas para aquilo, gratuidades para esses ou aqueles, com objetivo de reduzir a pobreza em áreas consideradas críticas no Brasil, percebo que o projeto é muito bom, é benéfico para o povo, mas carece de um método de auto-desenvolvimento. Não sou crítico de governos, oro por eles, porém não posso deixar de notar que certas ações não produzem o efeito esperado.
Ainda não se mediu o efeito e nem o prejuízo social causado por oferecer às pessoas mais necessitadas auxílios dos mais diversos sem, contudo, dar a elas as condições para saírem dessa dependência do Estado. Ao assumirmos uma postura paternalista-socialista, por considerarmos o grande mal que o capitalismo ocidental impõe às pessoas, certamente estamos reduzindo um indivíduo que deveria ter condições de explorar seu potencial pessoal para sua própria prosperidade a um ser dependente de migalhas e de esmolas que caem das mesas dos seus benfeitores.
Posso discorrer sobre diversos assuntos relacionados, mas acredito que os leitores já captaram a idéia. Fazer assistência social é uma coisa, fazer assistencialismo é outra. Há uma grande diferença, tanto no conceito quanto na metodologia empregada.
    Transformação é algo bem diferente!





Por Carlos Carvalho
Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblica Internacional
Presidente da ONG ABAN


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