domingo, 15 de fevereiro de 2015

A COLUNA GEOLÓGICA - SEUS FUNDAMENTOS E CONSTRUTORES – Parte II



Ao final de todos os posts desta série, você poderá verificar o quanto a coluna é fiável ou não em suas teorias apresentadas.


A COLUNA GEOLÓGICA - SEUS FUNDAMENTOS E CONSTRUTORES – Parte II
By Luther D. Sunderland

UNIFORMISMO

A concepção da Geologia de Hutton baseia-se na suposição de que processos contínuos, agindo uniformemente ao longo de períodos de tempo extremamente prolongados, formam as rochas sedimentares. A erosão do solo produz sedimentos que são varridos para os mares e oceanos. O calor do interior da Terra endurece os sedimentos formando camadas rochosas que depois elevam-se acima do nível do mar ao longo de períodos de tempo inimaginavelmente grandes, por “esse agente (que) é matéria sob a ação de extremo calor, expandida com incrível força” - (Hutton, 1788, p. 266).

Hutton publicou sua obra ampliada intitulada “Theory” em dois volumes de 1204 páginas, em 1795. Suas idéias foram abraçadas pelos evolucionistas em meados do século XIX para formar as teorias paralelas da Geologia Uniformista e da Biologia Evolucionistas, inseparavelmente ligadas por mais de um século. (O Uniformismo de fato dominou a Geologia por quase dois séculos até sua morte tardia em 1980, ao ser substituído pelos conceitos de extinção em massa e catastrofismo universal. A roda completou então o ciclo completo).

Na virada do século XVIII o cenário deslocou-se de volta da Escócia para a Inglaterra - onde os canais constituíam a grande novidade para os transportes, entrando em cena o engenheiro William Smith (1769-1839), que não era nem pessoa sem ocupação definida, nem clérigo, nem membro da Royal Society. Exercendo as atividades de levantamento do solo para a construção de canais, muito naturalmente tornou-se interessado nas formações rochosas. Descobriu que diferentes camadas de calcário podiam ser distinguidas pelos tipos de fósseis nelas encontrados, e usou esse princípio para traçar seu primeiro mapa geológico em 1799.

Em 1825 Smith publicou mapas da Inglaterra e de Gales com cores para indicar diferentes estratos. Em 13 de novembro de 1807, foi organizada a “Geological Society” em Londres, na “Freemason’s Tavern” (Tabela da Livre-Maçonaria), tendo como seu primeiro presidente George Greenough (1778-1855). Em Oxford, o professor de Química John Kidd (1775-1851) iniciou sua longa carreira na Mineralogia e na Geologia. Atraiu um grupo de estudantes que se tornaram famosos geólogos, como William Buckland e os irmãos John e William Conybeare. Com o auxílio de Buckland e William Conybeare, Greenough publicou um mapa geológico da Inglaterra em 1820.

Buckland em seguida tornou-se o líder inquestionável desse grupo de geólogos. Era ele criacionista e catastrofista, aceitando que as rochas que continham fósseis haviam sido formadas no dilúvio universal relatado na Bíblia. Escreveu a respeito da descoberta de ossos na gruta de Kirkdale em Yorkshire, e sobre os grandes mamíferos ainda vivendo na Europa Setentrional. Essa descoberta estabeleceu sua amizade com Georges Cuvier (1769-1832).
Cuvier, zoólogo francês, foi outra importante figura na formulação dos conceitos iniciais da Geologia, estabelecendo como ciência a Paleontologia dos Vertebrados. Profundo devoto cristão, opôs-se à tendência de aceitação do evolucionismo. Estava convencido de que as espécies eram independentes e que a única relação entre peixes e mamíferos era sua proveniência comum do mesmo Criador inteligente.
Os evolucionistas tornaram-se seus grandes inimigos. Seu livro “Discourse” (1812) descreveu como os mares haviam invadido a terra seca dando origem às extinções. Escreveu: “Essas repetidas incursões e retiradas dos mares não foram nem lentas nem graduais; a maioria das catástrofes que as provocaram foram repentinas” (Cuvier, 1813). Um dos melhores amigos e fiéis defensores de Cuvier foi outro devoto clérigo cristão, antievolucionista, Jean Louis Agassiz (1807-1873), que exerceu grande influência na formação dos conceitos iniciais da Geologia tanto na Europa quanto na América. Seu nome está particularmente ligado com a Geologia glacial.

Em Cambridge, Adam Sedgwick (1785-1873), amigo de William Conybeare, foi eleito Professor de Geologia. Como clérigo, pouco sabia de Geologia, entretanto logo iniciou trabalhos de campo nas rochas fossilíferas mais antigas da Inglaterra e de Gales, formações a que denominou de Cambriano (o nome galês latinizado de Gales é Cambria). Um dos alunos de Buckland era um rapaz estudante de Direito, Charles Lyell, da Escócia (1797-1875). Em maio de 1828 partiu de Paris um grupo para uma grande viagem turística pela Europa. Nele se incluíam Charles Lyell e Roderick Murchison que, após breve carreira militar, tinha se interessado pela Geologia por intermédio de Buckland. Murchison tinha despendido dois verões no estudo da geologia da Inglaterra e da Escócia.

Lyell havia desistido da advocacia depois de dois anos de atividade, decidido a resolver os mistérios da Geologia. Após algumas semanas na França, o grupo dirigiu-se à Itália. Em 1830 Lyell publicou “Principles of Geology”, que se tornou uma das pedras fundamentais da Geologia. Neste livro Lyell não questionava o relato bíblico da criação, embora seu tema principal fosse a destruição da idéia de um dilúvio universal responsável pela formação de fósseis nas rochas sedimentares. Seu dogma era o uniformismo na Geologia.

O segundo volume de sua obra foi dedicado integralmente à discussão da criação, que, a seu ver, havia se estendido por um longo período de tempo. Cada espécie imutável provavelmente derivava de um par original, cada par “tendo sido criado sucessivamente em épocas e locais tais que os possibilitassem multiplicar-se e sobreviver por determinado período...” (5). Ele admitia que tivessem existido extinções e novas criações de tempos em tempos. Na época, a criação não violava seu conceito de uniformidade na natureza, embora mais tarde viesse a abandoná-la pela aceitação de uma filosofia de evolução puramente mecanicista.

O livro de Lyell foi impresso na época certa para que Charles Darwin pudesse levá-lo consigo para a viagem de circunavegação que empreenderia durante cinco anos. Embora Lyell então alegasse ser criacionista, seu livro influenciou grandemente Darwin e outros que procuravam varrer de uma vez por todas a idéia de que o dilúvio universal descrito na Bíblia poderia ter sido um evento histórico real.


(Continua...)

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