Ao final de todos os posts desta série, você poderá verificar o quanto a coluna é fiável ou não em suas teorias apresentadas.
A COLUNA GEOLÓGICA - SEUS FUNDAMENTOS
E CONSTRUTORES – Parte II
By Luther D. Sunderland
UNIFORMISMO
A concepção da Geologia de Hutton
baseia-se na suposição de que processos contínuos, agindo uniformemente ao
longo de períodos de tempo extremamente prolongados, formam as rochas
sedimentares. A erosão do solo produz sedimentos que são varridos para os mares
e oceanos. O calor do interior da Terra endurece os sedimentos formando camadas
rochosas que depois elevam-se acima do nível do mar ao longo de períodos de
tempo inimaginavelmente grandes, por “esse agente (que) é matéria sob a ação de
extremo calor, expandida com incrível força” - (Hutton, 1788, p. 266).
Hutton publicou sua obra ampliada
intitulada “Theory” em dois volumes de 1204 páginas, em 1795. Suas idéias foram
abraçadas pelos evolucionistas em meados do século XIX para formar as teorias
paralelas da Geologia Uniformista e da Biologia Evolucionistas,
inseparavelmente ligadas por mais de um século. (O Uniformismo de fato dominou
a Geologia por quase dois séculos até sua morte tardia em 1980, ao ser
substituído pelos conceitos de extinção em massa e catastrofismo universal. A roda
completou então o ciclo completo).
Na virada do século XVIII o
cenário deslocou-se de volta da Escócia para a Inglaterra - onde os canais
constituíam a grande novidade para os transportes, entrando em cena o
engenheiro William Smith (1769-1839), que não era nem pessoa sem ocupação
definida, nem clérigo, nem membro da Royal Society. Exercendo as atividades de
levantamento do solo para a construção de canais, muito naturalmente tornou-se
interessado nas formações rochosas. Descobriu que diferentes camadas de
calcário podiam ser distinguidas pelos tipos de fósseis nelas encontrados, e
usou esse princípio para traçar seu primeiro mapa geológico em 1799.
Em 1825 Smith publicou mapas da
Inglaterra e de Gales com cores para indicar diferentes estratos. Em 13 de novembro
de 1807, foi organizada a “Geological Society” em Londres, na “Freemason’s
Tavern” (Tabela da Livre-Maçonaria), tendo como seu primeiro presidente George
Greenough (1778-1855). Em Oxford, o professor de Química John Kidd (1775-1851)
iniciou sua longa carreira na Mineralogia e na Geologia. Atraiu um grupo de
estudantes que se tornaram famosos geólogos, como William Buckland e os irmãos
John e William Conybeare. Com o auxílio de Buckland e William Conybeare,
Greenough publicou um mapa geológico da Inglaterra em 1820.
Buckland em seguida tornou-se o
líder inquestionável desse grupo de geólogos. Era ele criacionista e
catastrofista, aceitando que as rochas que continham fósseis haviam sido
formadas no dilúvio universal relatado na Bíblia. Escreveu a respeito da
descoberta de ossos na gruta de Kirkdale em Yorkshire, e sobre os grandes
mamíferos ainda vivendo na Europa Setentrional. Essa descoberta estabeleceu sua
amizade com Georges Cuvier (1769-1832).
Cuvier, zoólogo francês, foi outra importante figura na
formulação dos conceitos iniciais da Geologia, estabelecendo como ciência a
Paleontologia dos Vertebrados. Profundo devoto cristão, opôs-se à tendência de
aceitação do evolucionismo. Estava convencido de que as espécies eram
independentes e que a única relação entre peixes e mamíferos era sua
proveniência comum do mesmo Criador inteligente.
Os evolucionistas tornaram-se
seus grandes inimigos. Seu livro “Discourse” (1812) descreveu como os mares
haviam invadido a terra seca dando origem às extinções. Escreveu: “Essas
repetidas incursões e retiradas dos mares não foram nem lentas nem graduais; a
maioria das catástrofes que as provocaram foram repentinas” (Cuvier, 1813). Um
dos melhores amigos e fiéis defensores de Cuvier foi outro devoto clérigo
cristão, antievolucionista, Jean Louis Agassiz (1807-1873), que exerceu grande
influência na formação dos conceitos iniciais da Geologia tanto na Europa
quanto na América. Seu nome está particularmente ligado com a Geologia glacial.
Em Cambridge, Adam Sedgwick
(1785-1873), amigo de William Conybeare, foi eleito Professor de Geologia. Como
clérigo, pouco sabia de Geologia, entretanto logo iniciou trabalhos de campo
nas rochas fossilíferas mais antigas da Inglaterra e de Gales, formações a que
denominou de Cambriano (o nome galês latinizado de Gales é Cambria). Um dos
alunos de Buckland era um rapaz estudante de Direito, Charles Lyell, da Escócia
(1797-1875). Em maio de 1828 partiu de Paris um grupo para uma grande viagem
turística pela Europa. Nele se incluíam Charles Lyell e Roderick Murchison que,
após breve carreira militar, tinha se interessado pela Geologia por intermédio
de Buckland. Murchison tinha despendido dois verões no estudo da geologia da
Inglaterra e da Escócia.
Lyell havia desistido da
advocacia depois de dois anos de atividade, decidido a resolver os mistérios da
Geologia. Após algumas semanas na França, o grupo dirigiu-se à Itália. Em 1830
Lyell publicou “Principles of Geology”, que se tornou uma das pedras
fundamentais da Geologia. Neste livro Lyell não questionava o relato bíblico da
criação, embora seu tema principal fosse a destruição da idéia de um dilúvio
universal responsável pela formação de fósseis nas rochas sedimentares. Seu
dogma era o uniformismo na Geologia.
O segundo volume de sua obra foi
dedicado integralmente à discussão da criação, que, a seu ver, havia se
estendido por um longo período de tempo. Cada espécie imutável provavelmente
derivava de um par original, cada par “tendo sido criado sucessivamente em
épocas e locais tais que os possibilitassem multiplicar-se e sobreviver por
determinado período...” (5). Ele admitia que tivessem existido extinções e
novas criações de tempos em tempos. Na época, a criação não violava seu
conceito de uniformidade na natureza, embora mais tarde viesse a abandoná-la
pela aceitação de uma filosofia de evolução puramente mecanicista.
O livro de Lyell foi impresso na
época certa para que Charles Darwin pudesse levá-lo consigo para a viagem de
circunavegação que empreenderia durante cinco anos. Embora Lyell então alegasse
ser criacionista, seu livro influenciou grandemente Darwin e outros que
procuravam varrer de uma vez por todas a idéia de que o dilúvio universal
descrito na Bíblia poderia ter sido um evento histórico real.
(Continua...)
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