segunda-feira, 9 de junho de 2014


Michel Foucault (1926-1984) – os dois lados da moeda ateísta

O lado conhecido

Filho de médicos, não seguiu a carreira do pai, intessou-se por história e filosofia. Apoiado pela mãe, Anna Malapert, mudou-se para Paris em 1945 foi aluno do filósofo Jean Hyppolite, que lhe apresentou à obra de Hegel.
Em 1946 conseguiu entrar na École Normale. Seu temperamento fechado o fez uma pessoa solitária, agressiva e irônica. Em 1948, após uma tentativa de suicídio, iniciou um tratamento psiquiátrico. Em contato com a psicologia, a psiquiatria e a psicanálise, leu Platão, Hegel, Marx, Nietzsche, Husserl, Heidegger, Freud, Bachelard, Lacan e outros, aprofundando-se em Kant, embora criticasse a noção do sujeito enquanto mediador e referência de todas as coisas, já que, para ele, o homem é produto das práticas discursivas.
Dois anos depois, Foucault se licenciou em Filosofia na Sorbone e no ano seguinte formou-se em psicologia. Em 1950 entrou para o Partido Comunista Francês, mas afastou-se devido a divergências doutrinárias.
No ano de 1952 cursou o Instituto de Psychologie e obteve diploma de Psicologia Patológica. No mesmo ano tornou-se assistente na Universidade de Lille. Foucault lecionou psicologia e filosofia em diversas universidades, na Alemanha, na Suécia, na Tunísia, nos Estados Unidos e em outras. Escreveu para diversos jornais e trabalhou durante muito tempo como psicólogo em hospitais psiquiátricos e prisões.
Viajou o mundo fazendo conferências Várias vezes esteve no Brasil, onde realizou conferências e firmou amizades. Foi no Brasil que pronunciou as importantes conferências sobre "A Verdade e as Formas Jurídicas", na PUC do Rio de Janeiro.
Os Estados Unidos atraíram Foucault em função do apoio à liberdade intelectual e em função de São Francisco, cidade onde Foucault pode vivenciar algumas experiências marcantes em sua vida pessoal no que diz respeito à sua homossexualidade. Berkeley tornou-se um pólo de contato entre Foucault e os Estados Unidos.

O outro lado da moeda

Foucault, em 1975 sentou-se à beira de um precipício. Com dois jovens americanos ao seu lado e com a música Kontakte, de Karlheinz Stockhausen, ao fundo, ele deliberadamente decidiu perder contato com a realidade e entregar-se a sua imaginação, induzida pelo LSD.

Deitado de costas para o chão jogou as mãos para o ar e gritou: “As estrelas estão chovendo sobre mim. O céu explodiu. Eu sei que não é de verdade. Mas é a Verdade”. Foucault cunhou o credo – “É proibido proibir” – na mente de seus alunos.

Rolando abaixo pela ladeira escorregadia do prazer, sem cercas que o protegessem nem o ônus da convicção moral que lhe desacelerasse a queda, ele aos poucos associava até mesmo morte com prazer. “Eu gostaria de morrer, e espero que isso ocorra, de overdose de qualquer tipo de prazer”, dizia.

Ele apostou a vida no jogo da luxúria que jogava: “Morrer pelo amor de garotos [...] o que pode ser mais belo”. Seu estilo de vida de inconsequente despreocupação terminou de modo lamentável, com a degeneração de todas as células de seu ser. Devastado pela AIDS ele se autodestruiu.


C. K. Carvalho
Pesquisador autônomo


Referências

Paul-Michel Foucault. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/biografias/paul-michel-foucault.jhtm

ZACHARIAS, Ravi. A morte da razão: uma resposta aos neoateus / Ravi Zacharias; tradução Lenita Ananias do Nascimento. – Editora Vida, 2011. p. 37-38.


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