sexta-feira, 20 de março de 2015

A COLUNA GEOLÓGICA - SEUS FUNDAMENTOS E CONSTRUTORES – Parte IV


A COLUNA GEOLÓGICA - SEUS FUNDAMENTOS E CONSTRUTORES – Parte IV
By Luther D. Sunderland

CONSTRUINDO A COLUNA

DATANDO A COLUNA

Como foi elaborada a escala de tempo para a coluna geológica em uso em 1985? Foi ela baseada em puras hipóteses, ou em um sistema científico bem fundamentado de medida do tempo? Inicialmente, os primeiros geólogos tinham muito pouco com que prosseguir, além de pura conjectura e supostos “períodos muito extensos” que se pensavam necessários para a evolução. O primeiro método de estimar o tempo para eventos anteriores ao registro histórico foi chamado de método da ampulheta. Um artigo publicado no “Scientific Monthly” de novembro de 1957 explicava a técnica da ampulheta: “O mais antigo método de medida do tempo geológico é a determinação da espessura das camadas depositadas ao longo do tempo, e a multiplicação de sua espessura pela taxa de deposição suposta para essas camadas” (10). Infelizmente há dois grandes problemas nesse método. Primeiro, não há meio de se medir a espessura das rochas para qualquer período geológico. Por exemplo, foi suposto que as rochas do Jurássico teriam cerca de 13.200 metros de espessura, entretanto em lugar algum do mundo jamais alguém observou rochas do Jurássico superpostas do mesmo local com tal espessura – quase cinco quilômetros a mais do que o Everest!

O segundo problema com a datação pelo método da ampulheta é que não há nenhum meio possível para a determinação da taxa com que foram depositados os sedimentos constituintes das rochas. O livro “The Phanerozoic Time-Scale” (1964) relata um simpósio realizado em Glasgow, em 14 de fevereiro de 1896, para discutir a situação da datação das rochas fossilíferas. Hudson assim se manifestou: “Um primeiro passo essencial é computar as atuais taxas de sedimentação” (11). Porém, explica ele, essas taxas não se coadunam com a resposta que os uniformistas esperam: “... constitui uma hipótese sem fundamento aplicarem-se as atuais taxas ao passado. ... Os resultados destes e de outros cálculos variaram tão amplamente que podem ser somente como grosseiras estimativas; e os intervalos de tempo atribuídos aos hiatos no registro geológico também teriam de ser estimados” (Holmes 1913, p. 86).(12) Devido ao caráter não científico desse método de estimativa para a datação da coluna geológica, Hudson explicou que ele poderia ser manipulado para adaptar-se a qualquer escala de tempo desejada: “Assim, os resultados poderiam facilmente ser ajustados para adequarem-se às estimativas da extensão do tempo geológico derivadas de outras evidências, como o cálculo feito por Kelvin com base termodinâmica, ou o método de Joly usando a concentração do sal na água do mar” (13). Hudson concluiu que: “... escalas de tempo construídas com base na análise de processos de sedimentação são insatisfatórias ...” (14) Adolph Knopf explicou por que a técnica da ampulheta para datação não era válida: “As grandes diferenças nas estimativas da espessura máxima de muitos dos sistemas indicam manifestamente que as espessuras não são método confiável para a medida do tempo geológico.

Já em 1936 essa conclusão tinha sido tirada por Twenhofel quanto às estimativas de tempo baseadas na espessura de estratos que “dificilmente são dignas do papel no qual se escrevem”. ... A limitação de espaço impede a consideração de outras evidências aqui” (15). Knopf afirmou que o obstáculo quase insuperável para o uso da espessura das rochas na medida de tempo geológico é “o fato de que as rochas geralmente não apresentam evidências internas da taxa com a qual foram formadas” (16). Na discussão da formação mais exaustivamente estudada quanto às taxas de sedimentação, os folhelhos de Green River, no Wyoming e no Colorado, observou ele: “Ninguém ainda mediu o início ou o fim do tempo relativo à formação Green River mediante evidências radioativas, idem do Eoceno ou de qualquer outra subdivisão do tempo geológico” (17). O que Knopf deseja dizer? Acabamos de aprender que a coluna geológica foi originariamente datada por pessoas que fizeram estimativas sobre espessuras e hipóteses sobre taxas de sedimentação. Os limites entre as várias divisões são determinados por hipóteses evolucionistas, e não podem ser datados pelos cálculos relativos à sedimentação. Para ilustrar o fato de que nenhum limite entre períodos geológicos é claramente definido, considere-se o que “The Phanerozoic Time-Scale” tem a dizer sobre eles:

Limite Pré-cambriano / Cambriano
A datação do início do período Cambriano apresenta um problema especial na construção da escala de tempo geológico. Próximo à base do sistema Cambriano a maioria dos fósseis que são usados na bio-estratigrafia está ausente, mas de fato são os eventos biológicos refletidos nas gamas de fósseis e sua distribuição zonal que constituem a base das correlações estratigráficas, e na prática definem os limites estratigráficos. Assim, embora sejamos capazes de determinar as idades das rochas e minerais por métodos físico-químicos, a posição estratigráfica da rocha datada deve ainda ser definida.... Não existe qualquer evidência positiva confiável relativa ao Cambriano Inferior (18).

Limite Ordoviciano / Siluriano
As únicas datações diretas confiáveis do Ordoviciano estão nos minerais provenientes de faixas de cinza vulcânica (19). Não existem determinações de idade que definam adequadamente o limite entre o Ordoviciano e o Siluriano (20). Devoniano Em contraste com as incertezas nos limites dos períodos anteriores, o limite entre o Devoniano e o Carbonífero parece ser relativamente bem definido. Entretanto, existem algumas ambigüidades na Groenlândia que precisam ser claramente resolvidas (21).

Limite Carbonífero / Permiano
Todas as escalas de tempo recentes baseiam-se no granito de Dartmoor, porém infelizmente a posição estratigráfica desse granito não está tão claramente definida como seria desejável. As datas aceitas o suficiente para serem mencionadas variam em torno de 32 milhões de anos (22).

Limite Triássico / Jurássico
Pouca informação precisa é disponível para a datação desses dois períodos(23).

Limite Cretáceo / Terciário
Sem mencionar o número de datas discordantes, Snelling menciona diversos pares de datas concordantes foram obtidos para o limite Cretáceo/Terciário (24).

Limite Terciário / Quaternário
... O limite Terciário/Quaternário é provavelmente o mais escassamente conhecido na coluna geológica (25).

Finalmente, o livro declara que nenhum limite entre divisões foi datado nem mesmo com técnicas radiométricas. Buffon (1778) foi um dos primeiros a envolver-se com uma determinação algo científica da idade da Terra. Baseado em dados derivados de experiências com a taxa de resfriamento de esferas, calculou que a Terra como uma massa em fusão levaria 2936 anos após a sua formação para consolidar-se, o que teria acontecido há cerca de 132.000 anos. A água ter-se-ia condensado em cerca de 25.000 anos. Em 1785 Hutton falava de generalidades com respeito a eventos geológicos que levavam “uma infinidade de tempo”. Lyell supunha que a Terra tivesse milhões de anos de idade, embora muitos dos demais que construíram a coluna geológica pensassem que a Terra fosse relativamente jovem – na casa dos milhares de anos. Lord Kelvin (1824-1907), pioneiro no campo da Termodinâmica, foi o primeiro a estabelecer um limite superior para a idade da Terra, baseado em princípios científicos da Física que ainda reconhecemos como válidos.

Usando dados de temperatura obtidos em várias profundidades da crosta, calculou que a Terra (e o sol) tinham um máximo de 20 a 400 milhões de anos. Para se livrar de seus cálculos, os cientistas evolucionistas hoje têm sido compelidos a escrever sobre presumíveis reações nucleares que deveriam estar tendo lugar nas profundezas da Terra. Em 1880 o “United States Geological Survey” implantou um laboratório para medir as propriedades físicas das rochas, inclusive sua capacidade e condutividade térmica. Tais medidas diminuíram o grau de incerteza nos cálculos de Kelvin, estabelecendo para a crosta da Terra uma idade de 24 milhões de anos (King, 1983). Então, em 1970 continuando o trabalho com o decaimento radiativo do Urânio, Bertran Boltwood (1870-1927) da Universidade de Yale, começou a falar em cerca de dois bilhões de anos para a idade da Terra.

Arthur Holmes (1890-1965) começou a trabalhar com datação Urânio-Chumbo, em 1910, em Londres. Propôs ele a primeira de suas bem conhecidas escalas de tempo em um livro de divulgação em 1927, e não em uma revista científica, porque a sua elaboração estava mais baseada em “intuição geológica” do que em dados físicos ponderáveis. Datas básicas em milhões de anos atribuídas ao início de cada período geológico foram publicadas em sua primeira escala de tempo e são mostradas na Tabela I (26).

Datas da Coluna Geológica de 1927 e 1983 (milhões de anos)

                                        Holmes (1927)                     1983  
Terciário (Cenozóico)
60
66
Cretáceo
120
144
Jurássico
150
208
Triássico
180
245
Permiano
240
286
Carbonífero
350
360
Devoniano
420
408
Siluriano
450
438
Ordoviciano
540
505
Cambriano
600
570

É interessante a ligeira alteração sofrida pela escala de tempo intuitiva de Holmes em 1927 para chegar à escala publicada em 1983 pela “Geological Society of América”. Se a escala de tempo de 1927 havia sido baseada em nada mais além da intuição, é-se levado a cogitar qual teria sido a base para a escala de tempo de l983! O autor enviou uma carta a Allison Palmer, que a elaborou para a “Geological Society”, pedindo-lhe que indicasse, para cada limite entre períodos, se sua determinação havia sido feita por:
1) datação radiométrica
2) taxa de sedimentação
3) fósseis e um presumível esquema de tempo evolutivo

Sua resposta mais que evasiva foi a de que uma comissão havia concordado com a escala de tempo e uma longa lista de referências poderia ser consultada para maiores informações (27).

No que baseou Holmes sua intuição para estabelecer as idades? Certamente não foi a aparência física das rochas distintas, pois todos os tipos de rochas são achados ao longo da coluna geológica. O professor Derek Ager, ex-Diretor da “British Geological Society”, escreveu que os fósseis nunca são datados pelas rochas em que são encontrados. Um livro didático de Geologia, de 1864, explica como as datas eram realmente estabelecidas: alguém dividia uma espessura presumida de sedimentos para cada período por uma suposta taxa de deposição (método da ampulheta). Quando o autor entrevistou em 1979 o paleontologista Dr. Donald Fisher, encarregado do serviço oficial do Estado de New York, foram descobertas algumas importantes informações sobre a datação dos fósseis. Como datava ele as rochas do Cambriano? Respondeu ele que era pelos fósseis que elas continham, como por exemplo, os trilobitas. Como datava ele os fósseis? Resposta: pelas rochas em que eles eram encontrados! Ao ser indagado se isso não constituía um círculo vicioso respondeu “Certamente; como proceder porém?” E com relação à datação pelo método do Urânio-Chumbo? Explicou ele: “Não tem sido utilizado esse método há cerca de vinte anos, por conduzir a um número muito grande de leituras anômalas”. Não obstante, era usado somente para datar as rochas do embasamento, não sedimentares. E com relação à datação pelo método de Potássio-Argônio? Destacou ele que essa técnica não se aplica às rochas sedimentares nas quais normalmente são encontrados fósseis, e que dificilmente encontramos lava sobrepondo-se aos fósseis que desejamos datar.

Continua.....

Próxima e última postagem: Datação radiométrica e bibliografia.

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