15 de julho de 2010 - Guarulhos/SP - tarde chuvosa e nublada
Carlos Carvalho - para o grupo Kosmos
Sabem quando o dia se torna estranho, meio sem nexo, escurecido (não apenas pelas nuvens carregadas) e aparentemente disfuncional? Já se sentiram assim? Pois é, algumas raras vezes me pego com este sentimento, se é que se pode dizer: sentimento. Em épocas deste tipo (uso a referência temporal época para que saibam que é algo raro mesmo!), me surpreendo com a quantidade de questionamentos sobre vários âmbitos da vida, do tempo e do mundo que me sobrevêm. O tempo está passando e para alguns ele parece fazer questão de se impor, com a flacidez da pele, a descoloração natural de seus cabelos, rugas, falta de resistências, diminuição das energias e etc. A vida não se faz justa para muitos que, sem perspectivas, ficam à mercê de algum “milagre”, à semelhança daquele filme com Tom Hanks: “A Espera de Um Milagre”, milagre este que chegam à vida das pessoas necessitadas do filme, mas não para o grandalhão que “faz” os milagres e, no final, morre, sem, contudo, experimentar qualquer milagre, a não ser uma vida “satisfeita” por ter “cumprido” a sua “missão pessoal na terra”. Para outros, a vida lhes reserva problemas insolúveis, questões “irresolvíveis”, seja no sentido emocional (a outra cara-metade que nunca aparece), como psicológicas (as tentativas de responder aos porquês – e são tantos!), pessoais (como, por exemplo: porque não tomo logo esta decisão ou por quanto tempo ainda vou agüentar isso?) e as de ordem existenciais de onde vim, para onde vou, quem sou eu, porque nasci assim e etc.). Um permanente e incessante turbilhão de pensamentos inquietantes e que continuarão pela vida toda sem as devidas respostas. Oh vida! O que dizer deste mundo. Um lugar ao mesmo tempo maravilhoso, cheio de vida e oportunidades, de beleza e encantos, com mistérios e grandeza, de alto a subsolo, de visível a invisível, de orgânico a subatômico, de terráqueo e cósmico-espacial: esplêndido. Mas também um lugar de sujeira, de corrupção, de morte, de assassinatos, de guerras, de destruição, de ganância, de abusos, de libertinagens, de falsas liberdades, de mentiras e enganos, e os adjetivos podem se multiplicar indefinidamente. Será que foi em alguma obra de Shakespeare que alguém disse: “Adeus mundo cruel?”. Mundo cruel, mundo amado, mundo rude, mundo receptivo. O mundo.
Pensamentos estranhos esses, não? Mas acredito que eles não são unicamente meus! Penso com sobriedade sobre essas coisas, todavia não perco minhas esperanças que coisas boas podem a cada instante acontecer, como às vezes vemos, no meio de uma tempestade ou de uma chuva torrencial, um raio de sol por entre as nuvens. Isso indica que o sol está lá, além de tudo isso e que tudo passa e, por fim, o tempo muda e melhora. Sempre haverá uma manhã de sol a nascer, mesmo que demore um pouco. Sempre haverá um dia novo a cada manhã, com vida renovada. Digo isto porque li por cima uma reportagem na net hoje sobre um paciente que movia apenas os olhos e mesmo que seus parentes ou médicos pensassem que seria melhor ele não viver mais, esse cara acenou com os olhos (não sei como é esse tipo de comunicação naquela situação, quais aparelhos utilizados, não importa) e disse que desejava continuar a viver. Muitos, mas muitos precisam “ouvir” essa pessoa, não acham?
Paz
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