sexta-feira, 7 de setembro de 2012

ATÉ ONDE ESTAMOS DISPOSTOS A IR?


Texto: Marcos 6.14-29

Hoje precisamos responder a nós mesmos a essa pergunta: até onde estamos dispostos a ir em nossa caminhada de fé cristã? Quais são os nossos limites? Onde é nossa linha divisora de águas por causa do Evangelho de Cristo Jesus? É preciso tanto quanto na época dos primeiros irmãos no Império Romano, conhecer e defender nossa crença com disposição e coragem.
Ao dar uma rápida e superficial olhada na vida final do profeta João, o batista, vemos claramente os fatores que o levaram à prisão e, mesmo preso, ainda provocava incômodos no governo de Herodes. Por um lado, não deixando de repreender ao governante, e, por outro, causando o ódio da esposa do mesmo por causa de seu casamento ser contestado por João.
O batista estava aprisionado por falar a verdade acerca dos mandamentos de YaHWeH, onde constavam as leis da proibição de adultério e de contrair matrimônio com a esposa de um irmão se este ainda estivesse vivo. Historicamente, esta narrativa evangélica tem algumas confusões de nomes em Josefo e nos eruditos bíblicos, mas os fatos foram verdadeiros[1]: O profeta estava preso por ter denunciado os erros de Herodes e de sua agora esposa.
Outra coisa que chama a atenção na narração é o fato do poder dominante representado por Herodes, ter uma boa relação com o representante de Deus, ouvindo-o, dando atenção com respeito e servindo-lhe mesmo sendo um prisioneiro. Isto nos faz ver que o poder político é-nos favorável quando lhe convém e pode ser um grande ajudador do reino de Deus quando este não lhe interpõe os interesses.
Mas o resultado não foi o que esperaríamos de um poder governante. Quando este poder foi encurralado por uma minúscula circunstância que poderia fazer com que ele não fosse bem conceituado ou mal visto pelos seus iguais, logo demonstrou que seu compromisso não estava com Deus nem com seu reino, mas sim com seu status e com seu próprio bem-estar.
João, o batista, foi decapitado e sua cabeça entregue diante de todos os convidados de Herodes à filha de sua esposa, concluindo assim, sua vingança sobre o profeta. Brinquei no culto de domingo à noite que todos conhecemos e muitos se referem a um espírito de Jezabel (incluindo o Apocalipse[2]), mas ninguém nunca “repreendeu” um “espírito de Herodias”.
Um fato permanece antes de entrarmos de fato no tema deste escrito. O poder político não tem real compromisso com Deus e com seu reino. Tem sim, com seus acordos e seus planos de governo já previamente traçados antes de assumir o poder. Se este poder se mostra favorável ao reino, é apenas pelo fato de que a Igreja pode lhe ajudar de alguma forma em seus objetivos de dominação sobre o povo. Se esta Igreja se opõe ele, logo este mesmo poder mostra a força que tem.
Aqui chegamos ao ponto culminante de nossa mensagem: até onde vamos na defesa de nossa fé e crença em Deus e no seu Cristo? Para termos uma maneira de fazer alguma referência, fiz cinco perguntas que acredito sinceramente que cada cristão precisa responder a si mesmo em sua vida. Dar respostas a elas é não apenas examinar a nossa fé, mas acima disso, examinar o nosso coração. Eis as perguntas.

ATÉ ONDE ESTAMOS DISPOSTOS A IR PARA OBEDECER A DEUS?
            Mantendo em mente o texto, vimos o que João teve de sofrer para manter-se obediente a Deus. E nós? Em um mundo cada dia mais egoísta, narcisista e individualista, é importante discernir a si mesmo quanto a esse ponto. Fazer a si próprio a pergunta se está disposto a sofrer retaliações e perseguições até mesmo políticas por causa de sua obediência a Deus é extremamente sério.
           
ATÉ ONDE ESTAMOS DISPOSTOS A IR PARA NOS MANTER FIÉIS AOS PRINCÍPIOS DA PALAVRA?
O quanto não ouvimos na TV e lemos na internet e nos muitos textos produzidos pela Academia acerca do descrédito à Palavra de Deus, a Bíblia
. Ela é apenas mais um livro entre tantos outros para certos eruditos e estudiosos. Para esses ela é repleta de erros e contradições. Para os que se consideram mais “elevados”, não aceitam que um livro tão “antigo e arcaico” seja colocado como fonte de regra, vida e moral para o mundo. Qual a importância da Bíblia para nós e até onde iremos por ela?

ATÉ ONDE ESTAMOS DISPOSTOS A IR POR CAUSA DA VERDADE NA QUAL CREMOS?
A verdade tem sido algo que perdemos como seres humanos há muito tempo. Filosoficamente, literariamente e cientificamente não buscamos mais relações com a verdade. Esta se tornou algo inacessível aos homens e para uma grande parcela apenas um ítem desnecessário. A verdade foi departamentalizada em poucas áreas do saber e diluída em uma solução chamada “relativismo”[3]. Porém a nós não nos é permitido agir assim em relação à verdade. Temos um compromisso com ela. Ou não?

ATÉ ONDE ESTAMOS DISPOSTOS A IR AFIM DE NÃO SABOTAR OS PROPÓSITOS DE DEUS EM NOSSA VIDA?
Saber que Deus tem seus planos e propósitos gerais ou específicos para nós não é algo estranho, todos têm ciência do fato. Todavia, se aprofundarmos um pouco mais a questão e refletir sobre alguns desses propósitos como em semelhança à vida de João, a coisa fica mais difícil. Os planos do Senhor podem soar estranhos se não forem agradáveis ao nosso gosto pessoal, e, talvez seja este o motivo de muitos cristãos não desejarem conhecê-los: por saber que Deus pode não aprovar os nossos próprios planos. Até onde vamos?

ATÉ ONDE ESTAMOS DISPOSTOS A IR PARA NÃO VACIALAR NA NOSSA FÉ?
A fé é uma coisa maravilhosa. Conhecemos somente a parte que gostamos dela, a área do poder, do milagre, das respostas sobrenaturais e das grandes vitórias no Senhor. Mas não aceitamos bem o fato que a fé também é para os momentos como os quais passaram grandes servos de Deus e o próprio João, o batista. A fé é para ser mantida na cova dos leões, na fornalha de fogo, mas da mesma forma, precisa ser mantida quando uma espada está a ponto de cortar nossa cabeça. E aí?
Estamos mais perto do retorno de Cristo. Todos nós esperamos o arrebatamento para nos tornar livres deste mundo opressor. Mas a própria Escritura diz que isto não se dará antes que venha a manifestação do anticristo[4]. Necessitamos rever nossa doutrina das últimas coisas, pois parece que alguns ainda estão sem o entendimento mais básico dela. Antes do retorno de Cristo nos ares a igreja verá o nascimento da nova era anticristã e já temos percebido suas preparações hoje.
É mister e extremamente urgente que o povo de Deus, a igreja de Jesus Cristo, os santos e salvos no Senhor ponham o reino de Deus e sua justiça em primeiro lugar, que não se calem diante do mundo mesmo sob ameaças, que vivam a vida cristã com amor e fé firmes como quem vê o invisível[5]. Estava indo em direção a São Paulo para o Seminário e orando acerca da fraqueza da fé de alguns crentes. Em certo momento disse ao Senhor e minha filha e esposa ouviram que eu não poderia deixar de honrar os cristãos que morreram no Coliseu e nas perseguições romanas. Não poderia deixar de honrar aos cristãos que morrem todas as semanas no mundo de hoje por causa de sua fé.
Também disse que não teria nenhuma desculpa para dar diante de homens como o pastor Nadarkhani, preso no Irá desde outubro de 2009, separado de sua família e de sua igreja, porque é cristão e foi sentenciado à pena de morte por não se retratar segundo as leis islâmicas daquele país, e retornar ao Islã. Como podemos ser tão fracos e pobres espiritualmente em nossos países ocidentais e não manter a fé firme por coisas tão pequenas quando estas nos sobrevêm. O que vamos dizer diante de Deus e desses amados de Cristo que morreram violentamente por sua fé naquele dia. Será que achamos que chegaremos ao céu?
 Chegou mais uma vez o tempo de fazer concertos com Deus igreja, o senhor está às portas. Até onde estamos dispostos a ir?
Pense nisso!



Por Carlos Carvalho
Pr. Sênior da Comunidade Batista Bíblica Internacional



Notas de referência



[1] R.N.Champlin, Ph.D – O Novo Testamento Interpretado – versículo por versículo. São Paulo: Hagnos, 2002. p.707
[2] Apocalipse 2.20
[3] Basicamente o relativismo é uma doutrina filosófica. É contrária a uma ideia absoluta. Ele afirma que as verdades (morais, religiosas principalmente) variam conforme a época, o lugar, o grupo social e os indivíduos de cada lugar.

[4] II Tessalonicenses 2.1-5
[5] Hebreus 11.27


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